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Empolgou: O que leva o dólar a ter céu de brigadeiro e despencar abaixo de R$ 5,00?

11 abr 2023, 11:57 - atualizado em 11 abr 2023, 11:57
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Dólar rompe os R$ 5,00 pela segunda vez em 2023 agora com expectativas de queda antecipada da taxa Selic (Imagem: Pixabay/Engin_Akyurt)

O dólar à vista, que opera em queda desde a abertura dos negócios nesta terça-feira (11), acelerou as perdas para mais de 1% na última hora e atingiu seu menor patamar desde 2 de fevereiro deste ano, rompendo o nível de R$ 5,00.

Um dia de céu de brigadeiro prevalece no mercado doméstico com a moeda norte-americana renovando mínimas a R$ 4,98 e o índice Ibovespa com salto de 3%, retornando aos 105 mil pontos.

Com isso, por volta das 11h50 (de Brasília), o dólar recuava 1,1% frente ao real, a R$ 5,00 para venda. O contrato futuro com vencimento em maio tinha queda de 1,2%, a R$ 5,01. Lá fora, o Dollar Index (DXY) caía 0,5%, aos 102 pontos.

Dólar na esteira da empolgação com IPCA

O fato que deixou o mercado doméstico empolgado a ponto do Ibovespa disparar e o dólar derreter foi o índice oficial de inflação do país (IPCA) de março. O indicador subiu 0,71% no mês passado, desacelerando-se em relação à alta de 0,84% em fevereiro. Entretanto, o resultado veio abaixo da mediana projetada pelo mercado, de 0,77% e é o menor para o mês desde 2020.

Os dados divulgados pelo IBGE apontaram que o IPCA fechou o primeiro trimestre do ano com alta de 2,09% e de 4,65% em 12 meses até março, ante sinal positivo de 5,60% no mês anterior.

Com isso, o sócio e gestor da Galapagos Capital, Fabio Guarda, avalia que “o dólar está assim” pelas condições gerais de Brasil.

“O IPCA veio abaixo do esperado, com uma abertura bastante construtiva e núcleos comportados. Isso está trazendo um fluxo bastante positivo para juros, tanto local quanto estrangeiro”, avalia.

O analista de inteligência de mercado da StoneX, Leonel Mattos, chama a atenção para a inflação no acumulado em 12 meses, uma vez que passa a entrar no centro da meta estabelecida pelo Banco Central (BC), com limite de 4,75%.

“É uma boa notícia que sustenta a queda do dólar”, diz Mattos. O diretor de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, destaca que o IPCA agora “conduz o BC a cortar juros em breve, antes do previsto”.

Em meio à retórica de que o Banco Central pode ser mais “dovish” em breve e iniciar o ciclo de corte de juros ainda no primeiro semestre, investidores se empolgam e a equipe econômica do banco Itaú vê sinais de “desinflação global”.

Apetite em alta no exterior

Rugik reforça que o dólar recua no exterior ante as principais moedas pares e de países emergentes, enquanto Mattos, da StoneX, acrescenta que “é um dia também de maior apetite por ativos de risco” lá fora.

“A fragilidade do dólar lá fora, estando mais fraco, contribui para a queda local. Mesmo com esse IPCA, o Brasil está como maior juro real entre 40 economias fortes, o que segue atraindo investidor para a B3“, ressalta o diretor da Correparti.

O gerente da mesa de derivativos da financeiros da Commcor Corretora, Cleber Alessie, destaca que vários membros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) discursam ao longo do dia

“O contexto americano atual é delicado. Enquanto o mercado de trabalho segue aquecido, uma série de dados indica um esfriamento da atividade econômica. Além disso, há incerteza gerada pela turbulência bancária de março”, diz Alessie.

Ajuste de posições no dólar

Guarda observa que há também um movimento técnico com ajuste de posições no dólar, no qual investidores estão reduzindo a “posição comprada” – ou seja, de apostando menor na alta da moeda estrangeira.

A Commcor divulgou ontem que, entre 27 de março e 3 de abril, investidores estrangeiros reduziram a posição comprada em US$ 7,1 bilhões, passando de US$ 45,5 bilhões para US$ 38,4 bilhões.

“Desde a virada do mês, tivemos bastante desmonte de posições compradas na Bolsa. Esse pessoal que desmontou talvez tenha uma leitura de dólar mais fraco por aqui”, comentou o gerente de mesa da Commcor.

 

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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