Comprar ou vender?

Enquanto Shein já sente ‘mão’ do Governo, uma ação está ‘no ponto’ para disparar

07 abr 2023, 15:36 - atualizado em 07 abr 2023, 15:53
Shein, Haddad
Shein entrou no alvo do governo e pode ser taxada; uma ação se beneficiar (Imagem: REUTERS/Chen Lin)

Determinado em aumentar as receitas para cumprir o arcabouço fiscal, a chance do Governo elevar os tributos das varejistas estrangeiras é grande, especialmente as asiáticas, como a Shein.

Na última segunda-feira (3), questionado por jornalistas se o projeto de combate ao contrabando mira lojas online chinesas, como Shein e Aliexpress, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não mencionou as empresas que serão afetadas, mas afirmou que quem não está pagando imposto, terá que pagar.

Além disso, de acordo com reportagem publicada em 25 de março pelo O Estado de S.Paulo, Lula pretende incluir a taxação dos sites chineses na reforma tributária em discussão no Congresso

E, para o Itaú BBA, não precisou nem o governo colocar em prática as medidas para que houvesse uma queda do volume de produtos importados.

Os analistas Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e Clara Lustosa destacam que a série histórica do Banco Central mostra que as importações de pequenos valores provenientes de encomendas internacionais caíram acentuadamente de forma sequencial nos últimos dois meses (apesar da sazonalidade), além de mostrar uma desaceleração significativa do crescimento ante o mesmo período do ano passado.

Em janeiro, as importações de pequeno valor diminuíram 50% (alta de 14% no ano, mas bem abaixo do crescimento de janeiro de 2022 de 91% no ano), e em fevereiro caíram 13%, com elevação de 11% no ano, porém também abaixo do crescimento de fevereiro de 2022, que teve disparada de 130%.

“Isso pode significar, possivelmente, que os reguladores adotaram uma fiscalização mais rigorosa da atividade transfronteiriça no Brasil. Não descartamos a possibilidade de implementação de medidas mais rígidas de arrecadação de impostos no curto prazo, o que poderia afetar as operações dos players cross-border”, diz.

Brasileiras vs chinesas

A pressão para taxar as empresas estrangeiras é uma pauta antiga, que vem desde o Governo Bolsonaro. Nomes como Luciano Hang, da Havan, e Luiza Trajano, do Magazine Luiza (MGLU3), manifestaram suas insatisfações.

“Nós não queremos pagar imposto porque eles não pagam. Queremos ter a mesma vantagem que o outro tem”, afirmou Trajano em evento no começo da semana passada.

O CEO da Havan apontou que plataformas internacionais estão dizimando pequenas, médias e grandes varejistas brasileiras sem pagar impostos, e pediu ajuda para combater este cenário.

Os brasileiros pedem inspeção mais rigorosas dessas plataformas, uma vez que as compras cross-border  (comércio transfronteiriço entre dois países) abaixo de US$ 50 feitas entre dois indivíduos sem fins comerciais estão isentas de impostos.

Atualmente, parte significativa do GMV (valor bruto de mercadoria) gerado pelas plataformas estrangeiras se enquadra no limite de US$ 50, que é isento.

Uma ação ganha com a falta da Shein

De acordo com os analistas do Itaú, apesar do novo projeto da Shein para desenvolver seu canal de vendas 3P (marketplace) no Brasil, cobranças mais altas da atividade internacional podem prejudicar sua vantagem competitiva na precificação de 1P (vendas diretas da Shein).

“Portanto, acreditamos que as marcas de vestuário domésticas poderiam se beneficiar de um ambiente competitivo mais brando se impostos internacionais adicionais forem anunciados”, dizem.

E, uma ação, em especial, está com um risco-recompensa atraente. Trata-se da Lojas Renner (LREN3). A ação acumula queda de 18% no ano e está na mínima de seis anos, a R$ 15,71.

“A LREN, que está sendo negociada a 11,5x o preço sobre o lucro para 2023 no atual ponto mais baixo do ciclo de ganhos”, calculam.

O Itaú vem recomendação ‘outperform’, acima da média do mercado, com preço-alvo de R$ 25, potencial de alta de 66% ante o último fechamento.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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