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Ethereum (ETH) vai explodir ou atualização já está precificada? Confira expectativas de especialistas

11 abr 2023, 19:15 - atualizado em 11 abr 2023, 19:15
Ethereum Shanghai
O token da Ethereum é negociado acima de US$ 1.900 e, conforme analistas, é um dos fatores que está puxando o Bitcoin (BTC) para acima de US$ 30 mil (Imagem: Unsplash/Yiğit Ali Atasoy)

A rede Ethereum (ETH) vai passar por uma grande atualização prevista para acontecer nesta quarta-feira (12), o Shanghai Fork. O Ether, token nativo da rede, já acumula ganhos de 30% no mês e de 58% desde o início do ano.

O token é negociado acima de US$ 1.900 e, conforme analistas, é um dos fatores que está puxando o Bitcoin (BTC) para acima de US$ 30 mil.

Ao longo do ano, as redes de testes Goerli e Sepolia foram devidamente atualizadas. Ambas as redes são ramificações paralelas da rede principal, utilizadas majoritariamente como ambiente de testes em casos como estes.

A atualização está programada para ocorrer no bloco 620.9536 da rede principal, previsto para 19h27 no horário de Brasília do dia 12 de abril.

Na realidade, serão duas atualizações simultâneas: o Shanghai Fork, que é o “astro principal”, e a Capella. O evento foi apelidado de Shapella, uma mistura de ambos os nomes.

O que vai mudar com Shanghai Fork?

A atualização Shanghai Fork pretende permitir a retirada de tokens Ether do staking. Mas o que isso significa?

O “staking” é o ato do usuário travar tokens na rede, participando da validação de transações nos blocos, e ganhar renda passiva por sua colaboração.

A atividade foi implementada na rede após o The Merge, atualização do ano passado que substituiu a forma de assegurar a rede de Proof of Work, ou mineração, a mesma utilizada pelo Bitcoin, por Proof of Stake.

A atualização vai permitir dois tipos de retiradas: parciais e totais. As retiradas parciais permitirão que os validadores acessem seu saldo sobre os 32 ETH necessários para estabelecer um nó validador, ou seja, um validador completo da rede.

Em cada bloco Ethereum, 16 validadores podem fazer retiradas parciais e os usuários coletam suas recompensas no fim de cada semana. Essa retirada é para quem não quer deixar de ser um validador, apenas realizar lucros parciais.

As retiradas completas serão um evento mais significativo a ser rastreado, pois permitem que os validadores retirem completamente seus Ethers e não sejam mais validadores. Essa retirada inclui os 32 Ethers, bem como quaisquer recompensas ou penalidades acumuladas.

Despejo de Ether no mercado? O que será do preço do token?

Samir Kerbage, CIO da Hashdex, ressalta que a quantidade de ethers depositada em staking no Ethereum, que já era significativa antes do The Merge, continuou a aumentar após a mudança para o Proof-of-Stake, ultrapassando 18 milhões de tokens no fim de março, somando cerca de US$ 34 bilhões a preços atuais.

“Embora os saques de Ethers pós-Shanghai estejam liberados, filas de depósito estão presentes tanto para a entrada quanto para a saída de validadores, introduzindo limites superiores no número de validadores que podem entrar ou sair do conjunto de validação em um dado intervalo de tempo e reduzindo a pressão de venda teórica que estaria presente se muitos Ethers fossem repentinamente retirados”, avalia.

Conforme explica o CIO, mesmo em um cenário onde todos os validadores ativos no Ethereum hoje, cerca de 562.000, pedissem para realizar um saque completo assim que a atualização for ativada, somente 1.800 conseguiriam sair por dia.

O número representaria uma chegada de novos Ethers no mercado que comporiam uma pressão vendedora pequena comparado aos volumes negociados de Ethers diariamente nos últimos meses.

“Na minha opinião, o cenário mais provável hoje é que não haja um movimento significativo de pedidos de saque após o Shangai. Pelo contrário: o que devemos ver nos próximos meses é uma quantidade bem maior de Ether sendo depositado em staking saindo de cerca de 15% da supply para a média de outras redes Proof-of-Stake, de 40% a 70%”, diz.

O sentimento da Hashdex é de otimismo com relação à movimentação do preço do Ether após a atualização.

Talvez a maior preocupação durante os primeiros dias e semanas após a atualização, para Kerbage, seja a liberação praticamente imediata de cerca de 1,1 milhão de Ethers, ou aproximadamente US$ 1.9 bilhão a preços atuais, vindos de recompensas de staking.

“Essa possível pressão vendedora, que não necessariamente se concretizará, pode ser facilmente absorvida pelo volume médio negociado no Ethereum, que é cerca de US$ 5-10 bilhões diários”, comenta. 

Mesmo assim, Kerbage diz que ainda é razoável esperar que um número grande de novos investidores passem a participar do staking de Ethers pós-Shanghai, uma vez que ele trará muito mais certeza sobre a liquidez da prática.

“Um exemplo é a própria Hashdex, que já anunciou na semana passada o inicio do programa de staking, passando a depositar Ethers em staking após a implementação do Shanghai. Esperamos que outros players institucionais façam o mesmo movimento quando a incerteza sobre a possibilidade de resgate seja resolvida”, comenta.

Qual é a expectativa para a atualização da Ethereum?

Bernardo Srur, diretor da ABCripto, comenta que existem sempre grandes expectativas em torno de todas as atualizações da rede, seja Bitcoin ou Ethereum.

Para ele, é difícil falar de subida, descida ou tendências do gênero, dado que hoje as características do mercado não são apenas técnicas ou da própria rede, mas também setorialmente macroeconômicas.

“Por serem ativos globalizados, não necessariamente inclui apenas uma localidade. […] Neste momento, é difícil definir se existe uma tendência de alta ou de queda. É claro que existe uma tendência, é natural de especulação do momento”, avalia.

Srur diz que é difícil dizer se a atualização já está precificada no token. “Não depende meramente da tecnologia, mas também de fatores externos”, complementa. 

“Nós entendemos que o mercado naturalmente já reage de forma antecipada à atualização”, diz. No que tange ao processo da atualização em si, ele ainda comenta que é difícil que a atualização saia pela culatra.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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