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EUA: Bancos dão pontapé em temporada de balanços pressionada por acúmulo de alta dos juros pelo Fed

13 jan 2023, 16:28 - atualizado em 13 jan 2023, 16:40
Temporada de balanços
JP Morgan e demais instituições financeiras dão pontapé inicial à temporada de balanço do quarto trimestre (Imagem: REUTERS/Andrew Kelly)

A temporada de balanços do quarto trimestres de 2022 nos Estados Unidos teve início nesta sexta-feira, 13. O pontapé inicial foi dado por grandes bancos norte-americanos.

Nas próximas semanas, mais de 2.400 companhias, incluindo as maiores e mais valiosas do mundo, reportarão seus resultados corporativos.

Os investidores vão olhar os balanços com lupa. A questão, agora, é saber se o lucro corporativo das empresas resistirá ao acúmulo de aumentos da taxa de juros promovido pelo Federal Reserve.

Afinal, o ciclo agressivo (“hawkish”) de aperto monetário feito pelo Fed tem efeitos que vão desde a diminuição do consumo ao aumento do custo de empréstimo.

A boa notícia é que aos menos as últimas cinco leituras do índice de preços ao consumidor (CPIs) apontam para uma desaceleração da pressão inflacionária.

Saem inflação e Fed, entram margens

Com isso, nas palavras do Julius Baer, daqui em diante, o foco mudará da inflação para o crescimento. “Os investidores estão mais atentos à resiliência das empresas e à forma como o ‘guidance’ cuidará de evitar a compressão aguardada das margens”, afirma o banco suíço, em comentário.

A visão do estrategista-chefe de ações Mathieu Racheter, no entanto, não é nada positiva. A previsão do Julius Baer de crescimento dos lucros empresariais caiu de 16% para -4,7%, o que aponta para um encolhimento dar margens.

O diagnóstico está em linha com o traçado pelo BCA Group. O estrategista-chefe de mercados emergentes da consultoria canadense, Arthur Budaghyan, alerta para uma “contração de dois dígitos” no crescimento de empresas globais e dos EUA nos próximos trimestres.

A palavra ‘recessão’ deve ser cada vez mais ouvida nas teleconferências

Eficiência corporativa é o mantra

Com a alta dos juros se impondo à realidade das empresas americanas, a busca dos investidores será por eficiência operacional. ” Redução de custos e aumento de caixa livre são mais importantes do que nunca”, avalia Racheter, do Julius Baer.

Aliás, demissões em massa se transformaram em uma das facetas dessa tendência de enxugamentos. Em 2022, o setor de tecnologia — que engloba ‘jóias’ do Vale do Silício, como Amazon (AMZN), Microsoft (MSFT), Meta (META) —  cortou mais de 15 mil funcionários, de acordo com o levantamento feito pelo monitorador Layoffs.fyi.

Além disso, grandes instituições financeiras dos EUA também deverão enveredar pelo mesmo caminho. É o que se observa pelos rumores de um plano de demissão de 3 mil funcionários do Goldman Sachs (GS), o maior banco de investimento do mundo.

À luz dessas expectativas,  JP Morgan (JPM), Bank of America (BAC), Citi Group (C) e Wells Fargo (WFC) divulgaram hoje seus resultados. De um modo geral, o sentimento é misto.

Enquanto os dois primeiros apresentaram números acima da expectativa do mercado, os dois últimos ficaram aquém do esperado. Na avaliação de Enzo Pacheco, analista da Empiricus Investimentos, se por um lado os bancos se beneficiaram do aumento de juros para produtos de crédito; por outro, houve um aumento de provisões com devedores duvidosos em relação ao trimestre anterior.

Óleo & gás, industriais e defensivas devem ser destaques

Ainda em uma análise mais setorial, analistas esperam que o setor de óleo e gás, industriais e defensivas (representadas por grandes empresas de consumo e saúde) concentrem as ‘boas notícias’ nessa próxima temporada.

O prospecto positivo para as empresas de petróleo devem coroar um ano de ganhos recordes para o setor, à medida que a guerra na Ucrânia e o estabelecimento de uma crise energética na Europa tornaram possível maiores fluxo para a produção e exportação dos EUA.

No caso de empresas industriais, como a General Electrics e a provedora de equipamentos militares Raytheon, o cenário de desaceleração inflacionária do último trimestre pode ter contribuído na moderação do preço de matérias-primas, também sensíveis à reorganização das cadeias de valor.

Por fim, ações defensivas do setor cíclico de consumo — como Johnson & Johnson e Coca-Cola — devem continuar se beneficiando das pequenas variações sobre o volume de caixa.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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