Internacional

EUA-China: Tensões em Taiwan ampliam riscos econômicos e nos mercados globais

08 ago 2022, 17:31 - atualizado em 08 ago 2022, 17:31
Taiwan; EUA; China
Retaliações da China após visita de Nancy Pelosi a Taiwan têm potencial impacto na economia e nos mercados globais (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

A visita de Nancy Pelosi a Taiwan completa uma semana nesta terça-feira (9). Desde então, crescem os riscos de longo prazo à estabilidade geopolítica global.

Mas quais são os impactos econômicos e nos mercados globais? Afinal, ainda que a atenção de muitos sobre a questão de Taiwan não dure, qualquer potencial crise amplia a competição estratégica entre Estados Unidos e China.

E a lista de focos de tensão se avoluma. Os itens mais recentes são exercícios militares chineses, restrições ao comércio através do Estreito, suspensão de cooperação entre sino-americana em várias áreas, além de sanções contra a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA e familiares.

“A resposta da China sinaliza descontentamento com a visita de Pelosi, mas parece ter pouco apetite para uma disputa econômica”, avalia a Capital Economics. Em relatório, os economistas Julian Evans-Pritchard e Mark Williams, veem as retaliações chinesas como de “pequeno alcance”.

“Em vez de esforços sérios para forçar Taiwan a mudar de rumo, a China está limitada pela pressão econômica que pode exercer, a menos que esteja disposta a sofrer algum custo econômico. Até agora não parece”, afirmam.

Decoupling

Ainda que Pequim esteja ciente de eventuais danos à economia local, os impactos globais podem ser grandes. E os setores mais afetados são aqueles relacionados a semicondutores e eletroeletrônicos.

Computadores de alto desempenho, internet das coisas (IoT), data centers e veículos elétricos (EVs) estão entre as atividades mais vulneráveis. Porém, uma eventual queda na demanda e o aumento dos estoques tendem a amortecer o impacto.

Mas as implicações econômicas tendem a ser maiores. “O mundo é mais globalizado, o tamanho da economia da China é maior e Taiwan tornou-se um produtor crítico em tecnologia”, enumera a economista-chefe da Ásia-Pacífico do Natixis, Alicia Garcia Herrero.

Segundo ela, a tendência é de que as economias e empresas diversifiquem suas cadeias de suprimentos, devido à forte dependência da Ásia. “Ou seja, mais nearshoring e onshoring”, diz Alicia, referindo-se à contratação de serviços e trabalhadores no exterior.

E os mercados?

Já as implicações para os mercados globais dependem da gravidade de quaisquer sanções e dos abalos no comércio internacional. Até agora, a questão de Taiwan não parece ter provocado muita reação dos ativos.

No entanto, é possível observar a direção em que os ativos podem se movimentar. “Em primeiro lugar, em caso de interrupção dos fluxos comerciais, os rendimentos dos títulos soberanos devem subir”, prevê o economista sênior de mercados da Capital Economics, Thomas Mathews, em relatório separado.

Em segundo lugar, os índices de ações, inclusive nos EUA, provavelmente cairiam. “Por fim, mais tensões provavelmente estenderiam o rali do dólar”, enumera a CapEcon, em relatório.

Por ora, os investidores parecem estar mais focado na condução da política monetária do banco central, principalmente do Federal Reserve. Portanto, é a perspectiva sobre mais aumentos agressivos na taxa de juros pelo Fed que tende a ditar o rumo dos mercados globais.

“Existem claramente saídas de capital, mas não tão ruim quanto em abril, depois que o Fed elevou a taxa de juros pela primeira vez”, observa a economista do Natixis. Para Alicia, também há certa pressão no mercado de ações e de câmbio.  “Mas não tão fraca”, emenda.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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