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EUA, colheita e clima: Mercado do milho deve enfrentar dificuldades na safra 23/24

23 set 2023, 10:00 - atualizado em 23 set 2023, 17:16
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Para analista, preços do milho na bolsa de Chicago devem recuar com força assim que grande parte da safra norte-americana entrar no mercado (Foto: Pixabay)

Durante a sexta edição do Agri Week, evento da Safras & Mercado com perspectivas para o agronegócio na safra 2023/2024, o consultor de mercado, Paulo Molinari, enfatizou que o mercado internacional de milho deve ter dificuldades para realizar melhores preços.

Para Molinari, os preços que giram em torno de US$ 4,70-4,80 hoje na bolsa de Chicago (CBOT) devem recuar entre US$ 4-4,30 assim que a colheita do grão nos Estados Unidos superar 50%.

“O quadro de oferta e demanda norte-americano é confortável, e a CBOT reflete esse cenário dos EUA. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) cortou a produtividade na estimativa americana e pode haver ajustes até janeiro, mas isso não vai alterar muito o quadro”, disse.

O analista ressaltou que o recorde de produção de milho para o país é de 384,8 milhões de toneladas em 2017 e agora a estimativa é de 384,4 milhões de toneladas, muito próximo desse patamar.

“A dúvida que se tem com a safra americana é com o peso do grão pelas condições climáticas até agora. Isso vai definir o tamanho. Mas ainda é uma safra boa. Não dá pra se imaginar mais um grande corte na safra americana. Não deve provocar uma reversão de preços, é uma hipótese cada dia mais remota”, analisou Molinari.

Molinari acredita que acreditar em um cenário de preços maiores ainda é “ser um sonhador”.

Para a próxima dos EUA, a expectativa é de que ocorra um novo recorde produtivo, caso não ocorra nenhuma redução na área.

Ele indicou ainda que achar que o preço pode subir com esse quadro é “ser um sonhador”. Olhando mais à frente, para a seguinte safra americana, ele disse que, se a safra vier normal e sem redução de área, poderá haver um novo recorde produtivo.

El Niño e seus efeitos

Molinari destaca que, com o fenômeno El Niño, a tendência é de uma safra cheia na América do Sul, outro aspecto baixista para o mercado global, que se reflete nos preços ao produtor brasileiro.

Além disso, há muito milho estocado, com dificuldades de armazenagem e logística/fretes trazendo pressão sobre as cotações.

“No primeiro semestre, o produtor vendeu o milho e segurou a soja. Foi uma pressão em grande parte pela decisão de venda do produtor”, comentou. Agora há a volumosa oferta da safrinha a negociar”, diz.

Para Molinari a questão é se em 2024, com uma safra grande de soja, o produtor vai vender a soja e segurar o milho.

“Isso pode trazer altas para o milho. Mas se de novo o produtor preferir vender o milho para reter a soja, haverá pressão de novo no milho”, afirmou.

O analista salientou que a tendência é de peso sobre as cotações ao fim do ano com o produtor correndo para vender milho para a entrada da safra de verão para liberar armazéns.

Exportações

Nas exportações, Molinari diz que o Brasil está com desempenho magnífico. No entanto, para fechar embarques na temporada em torno de 53 a 55 milhões de sacas, garantindo suporte aos preços, será preciso embarcar em torno de 6 milhões de toneladas mês nos próximos meses, o que é um desafio com a colheita americana no momento e a concorrência natural.

“Se não embarcar esses volumes, sobra mais milho e há mais pressão nos valores do cereal”, ratifica.

Por fim, Molinari observa um quadro mundial complicado. “Não vejo espaço para altas fortes. E podemos ter baixa no Brasil no primeiro semestre de 2024 se o produtor novamente segurar a soja e vender mais o milho”, disse.

Confira a transmissão completa no link.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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