Economia

Euro deve se manter mais barato por um tempo; veja como o Brasil pode aproveitar a desvalorização da moeda

12 jul 2022, 17:27 - atualizado em 12 jul 2022, 17:27
Euro
A desvalorização do euro já chega a 12% no ano. (Imagem: Pixabay/moerschy)

O euro atingiu a paridade com o dólar pela primeira vez em 20 anos. Na segunda-feira (11), o euro chegou a cair 1,42% frente à moeda americana e, no acumulado do ano, a desvalorização já chega a 12%.

Esse é um cenário novo para o mercado. Historicamente, o euro tinha uma diferença entre 10% e 30% a seu favor.

O que aconteceu com o euro foi uma série de fatores: a pandemia foi quem começou a pressionar as economias dos países europeus, que dependem muito do turismo. E esse foi um dos setores mais afetados pelos lockdowns.

Na tentativa de manter a economia aquecida, os países viram a inflação atingir recordes. Em junho, a inflação de 12 meses na Zona do Euro atingiu o nível mais alto da história: de 8,6%. Alguns países chegam a sofrer ainda mais. A inflação na Alemanha, por exemplo, chegou a 7,9% em maio – trata-se da maior em quase 50 anos.

Ao contrário do que das demais autoridades monetárias, o Banco Central Europeu (BCE) ainda não aumentou as suas taxas de juros. No mês passado, o BCE sinalizou que aumentará as suas taxas pela primeira vez em 11 anos, mas isso só vai acontecer em setembro. Ou seja, vai demorar para o euro se recuperar.

“A Europa está pagando o preço por ter ficado para trás em relação à política monetária. A alta constante da inflação deixa o diferencial de juros muito negativo e leva a uma fuga de investidores”, afirma Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed. “Eles vão para onde tem juros mais altos ou um pouco mais de segurança. E esse lugar está sendo os Estados Unidos; por isso, a gente vê o dólar se valorizando perante todas as outras moedas.”

Além disso, a Europa não esperava cair no meio de uma guerra. O conflito entre a Rússia e a Ucrânia fez com que o suprimento de energia para o continente europeu caísse – a Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo e gás; e fornecia 55% da energia consumida pela União Europeia até o bloco aplicar sanções econômicas contra Moscou. Agora, a região está à beira de uma recessão e um desabastecimento de energia.

“A moeda de um país tende a refletir o crescimento econômico e o nível de inflação. Então, tem duas vertentes muito ruins para o euro neste ano. O euro tem sido o patinho feio entre as moedas de países desenvolvidos”, destaca William Castro Alves, estrategista chefe da Avenue Securities.

William afirma que a queda no valor do euro até poderia ser revertida na venda de mais produtos europeus pelo mundo. Afinal de contas, com a moeda mais barata, os produtos ficam mais baratos e a concorrência da região aumenta no comércio mundial. Mas não é esse o cenário. “A questão é eles não estão conseguindo aproveitar essa queda, porque há uma deficiência energética que impede o aumento de produção, impede o crescimento.”

E o Brasil com isso?

Economicamente falando, o Brasil sai praticamente ileso dessa desvalorização do euro. Isso porque a Europa não é o nosso maior parceiro comercial – antes dele, tem a China e os Estados Unidos.

Mas é uma oportunidade de ocupar o espaço da Europa em outras rotas comerciais. “Isso abre espaço para que o Brasil fortaleça cada vez mais outras parcerias comerciais já relevantes, como EUA, China e demais países do pacífico. O enfraquecimento do euro, querendo ou não, representa uma perda de força da Europa”, diz Idean Alves, chefe da mesa de operações e sócio da Ação Brasil Investimentos.

Além disso, é uma oportunidade de atrair investidores. Por mais que os Estados Unidos sejam os queridinhos, o Banco Central brasileiro mostrou que entende de política monetária. No começo do ano, a expectativa era de uma retração de 0,5% da economia brasileira; hoje, as projeções já falam de um PIB crescendo até 2% no ano, mesmo com juros altos. Isso, junto com a bolsa mais barata, faz o investidor estrangeiro olhar para o país com outros olhos.

Por fim, quem sai mesmo em vantagem é o brasileiro comum, já que ficou mais barato viajar para a Europa.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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