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Exclusão de telcos chinesas de MSCI dispara venda de ações

08 jan 2021, 8:13 - atualizado em 08 jan 2021, 8:14
MSCI
A pressa para reequilibrar as carteiras elevou o volume em todas as três ações para pelo menos 18 vezes a média diária nos últimos três meses (Imagem: REUTERS/Thomas White/Ilustração)

A MSCI excluirá as três maiores empresas de telecomunicações da China de seus índices na sexta-feira, o que dá aos fundos globais apenas um dia para ajustar bilhões de dólares em investimentos passivos.

A decisão da provedora de índices de excluir a China Mobile, a China Telecom e a China Unicom Hong Kong no fechamento da sessão se aplica às ações em Hong Kong, que possuem maior volume de negociação do que os papéis que serão deslistados na Bolsa de Valores de Nova York .

A pressa para reequilibrar as carteiras elevou o volume em todas as três ações para pelo menos 18 vezes a média diária nos últimos três meses.

As ações já haviam oscilado muito nesta semana em meio à confusão se deveriam ser incluídas na proibição dos EUA de investimentos em empresas chinesas com vínculos militares.

Investidores passivos, formadores de mercado e operadores de portfólio geralmente contam com semanas para se prepararem para mudanças significativas no índice, que podem ser os dias mais movimentados do trimestre.

Um trader em Hong Kong de um banco com sede em Nova York disse que a demanda dos clientes foi tão grande na sexta-feira que funcionários de outras equipes tiveram que ajudar.

As ações da China Unicom chegaram a cair 11% em Hong Kong na sexta-feira, antes de reduzir a queda no fechamento, enquanto a China Mobile e a China Telecom perderam cerca de 10%.

A China Mobile foi a ação mais ativa em Hong Kong, com cerca de US$ 5,7 bilhões negociados – o segundo maior volume já registrado – enquanto investidores realizavam uma série dos chamados block trades, ou negociação em bloco.

Mercados Ásia
Um trader em Hong Kong de um banco com sede em Nova York disse que a demanda dos clientes foi tão grande na sexta-feira que funcionários de outras equipes tiveram que ajudar (Imagem: Reuters/Aly Song)

“Obviamente, é negativo – os investidores receberam o aviso muito em cima da hora para se prepararem para as exclusões”, disse Kenny Wen, estrategista de gestão de patrimônio da Everbright Sun Hung Kai Co. “A reversão dessas decisões criou muita dor de cabeça e confusão.”

Em novembro, mais de US$ 1 trilhão estavam investidos em fundos de índice que rastreiam os indicadores da MSCI, de acordo com a companhia.

Gestores ativos globais também usam índices MSCI como referência para suas posições, com cerca de US$ 12 trilhões atrelados aos indicadores. Cerca de 40% dos assinantes do índice estavam nas Américas, disse a MSCI em apresentação recente.

O S&P Dow Jones Indices também disse que excluirá as três empresas de telecomunicações depois do fechamento de segunda-feira, após cancelar planos anteriores da medida em um vaivém semelhante ao da NYSE. Já o FTSE Russell vai retirar a China Mobile e a China Telecom de seu índice FTSE China 50.

O drama confunde investidores desde que o presidente Donald Trump emitiu uma ordem executiva em novembro proibindo investimentos em empresas de propriedade ou controladas pelo Exército da China, segundo avaliação dos EUA.

A ordem formulada de forma ambígua faz parte da iniciativa de Trump para punir a China nos últimos dias de sua presidência. Seu governo buscou romper laços econômicos e bloquear o acesso às empresas chinesas ao capital americano, especialmente àquelas consideradas uma ameaça à segurança nacional dos EUA.

A China reiterou sua oposição à deslistagem das ações nos EUA na sexta-feira, enquanto defende a conformidade regulatória das empresas. “Acredito que elas possam lidar adequadamente com os impactos negativos causados pelas medidas”, disse a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Hua Chunying, durante conferência de imprensa em Pequim.

As três empresas de telecomunicações disseram na quinta-feira que cumpriram todas as regras desde sua listagem nos EUA e que buscarão aconselhamento profissional para proteger seus “direitos legais” ou “interesses legítimos”. Todos recomendaram cautela aos investidores na negociação de suas ações.

Bandeira da China
A China reiterou sua oposição à deslistagem das ações nos EUA na sexta-feira (Imagem: Pixabay)

A China Mobile está entre as maiores ações do índice MSCI China, com peso de cerca de 1,1%, mostram dados compilados pela Bloomberg.

A Hang Seng Indexes, compiladora de índices de Hong Kong, disse na sexta-feira que não tem planos de mudar seus indicadores de referência por enquanto, embora vá monitorar “desenvolvimentos do mercado” de perto.

Uma questão que ainda paira sobre o mercado é se a China aproveitará as medidas da MSCI, NYSE e outros para retaliar. Alguns analistas especulam que o governo de Pequim pode querer esperar até que as autoridades consigam avaliar a evolução das políticas dos EUA para a China após Joe Biden assumir a Casa Branca no final deste mês.

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