Internacional

Fim do jogo para estratégia de ‘Zero Covid’ da China?

08 set 2022, 16:33 - atualizado em 08 set 2022, 16:45
Profissionais de saúde em tenda para realização de exames de detecção de Covid-19 em Xangai, na China
China mantém a linha dura com a estratégia de Zero Covid e novos bloqueios para impedir a disseminação do coronavírus se espalham pelo país (Imagem: REUTERS/Aly Song)

Novos bloqueios contra a covid-19 voltam a se espalhar por toda a China, confinando mais de 300 milhões de pessoas. Ainda que os surtos sejam pequenos quando comparado com o restante do mundo, os lockdowns atingem grandes cidades, como Chengdu e Shenzhen, turvando ainda mais o cenário econômico à frente para o país. 

“A recuperação econômica chinesa deve permanecer frágil. Dados os mais recentes surtos de covid-19 e bloqueios locais, há maiores riscos negativos para as perspectivas econômicas”, resume a economista do Julius Baer, Sophie Altermatt. Entre outros fatores, ela cita a crise imobiliária, os cortes de energia e a demanda doméstica fraca. 

Diante disso, a pergunta que fica é: a estratégia de ‘Zero Covid’ está perto do fim? A resposta é simples: não.

“As condições não parecem estar reunidas para uma mudança drástica na estratégia de Zero Covid da China”, afirma a equipe de estratégia de Investimentos na China do BCA Research, em relatório. Para a consultoria canadense, a transição da China de tolerância zero para uma abordagem ordenada de “conviver com o coronavírus” será longa e difícil. 

Não neste ano, nem em 2023

Assim, uma mudança repentina no curto prazo parece improvável. “As chances de as lideranças políticas suspenderem a política de Zero Covid neste ano permanecem pequenas”, resume James Palmer, do Foreign Policy’s China Brief. Ele lembra que a diretiva teria de vir diretamente do presidente chinês Xi Jinping.

A China pode até adotar medidas híbridas para combater a doença, como acontece no Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Austrália. “No entanto, a China vê os números extremamente baixos de casos e óbitos como prova de que a política de Zero Covid é bem-sucedida”, avalia o BCA. 

Segundo dados oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS), a China Continental (excluindo Hong Kong e Taiwan) soma menos de 1 milhão de casos de covid-19 e pouco mais de 5 mil mortes. Os números do segundo país mais populoso do mundo, quando comparados ao total global, representam menos de 1%, cada.

Com isso, o objetivo de zerar as infecções de covid-19 deve permanecer intacto. Não há garantia de que Pequim esteja disposta a ceder nem mesmo no caso do surgimento de variantes mais leves.

Assim, as incertezas em relação aos impactos econômicos tendem a permanecer. Mas os estragos podem ser maiores para o mundo, e nem tanto para a China.

“A maior incerteza para 2023 é a suspensão da política de Zero Covid, sem as quais a China ainda assim pode crescer lentamente”, afirma a economista-chefe para Ásia do Natixis, Alicia Garcia Herrero.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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