Internacional

Gestor do Goldman que viu alta em 2019 agora aposta na Europa

16 dez 2019, 17:50 - atualizado em 16 dez 2019, 17:50
Europa Pais França
No início de novembro, os fundos globais multimercados da GSAM passaram a dar peso superior a empresas cíclicas da zona do euro (Imagem: Reuters/Philippe Wojazer)

O gestor de ativos da Goldman Sachs que previu a disparada das bolsas este ano está entrando em 2020 com foco em ações da zona do euro com maior probabilidade de se beneficiarem da recuperação econômica da região.

Shoqat Bunglawala, responsável pela equipe de soluções globais de carteiras para Europa, Oriente Médio, África e Ásia-Pacífico na Goldman Sachs Asset Management (GSAM), com US$ 1 trilhão em ativos, acha que os investidores estão pessimistas demais em relação às perspectivas de crescimento na Europa.

No início de novembro, os fundos globais multimercados da GSAM passaram a dar peso superior a empresas cíclicas da zona do euro.

“Acreditamos que a Europa vai evitar uma recessão e isso vai ajudar as ações cíclicas”, disse Bunglawala por telefone. “O mercado parece precificar uma perspectiva de crescimento pior do que esperamos.”

O gestor junta-se ao coro de investidores e estrategistas que estão ficando mais otimistas em relação às ações europeias após problemas políticos e econômicos terem deixado muitos de fora do movimento de alta deste ano.

Esse mercado, que registrou saídas de US$ 100 bilhões apenas em 2019, agora pode estar em um ponto de virada, dado que a vitória de Boris Johnson nas eleições do Reino Unido e a fase 1 do acordo comercial entre EUA e China aliviaram algumas das grandes preocupações dos investidores.

O índice Stoxx Europe 600 bateu recorde durante o pregão na segunda-feira.

Mas ações cíclicas da Europa estão atrás da categoria nos EUA este ano: o MSCI EMU Cyclical Sector Index subiu 21%, enquanto o índice correspondente nos EUA avançou 31%.

BlackRock
A opinião do gestor está em linha com a de outras grandes instituições, como a BlackRock, no sentido de que vale a pena manter ativos arriscados na carteira em 2020 (Imagem: Gustavo Kahil/Money Times)

Bunglawala prefere particularmente os bancos da zona do euro, que, na visão dele, não estão sendo devidamente reconhecidos pela melhora nos níveis de capital e empréstimos de recebimento duvidoso.

O Euro Stoxx Banks Index subiu 11% este ano, cerca de metade do ganho do Stoxx 600 em 2019, considerando que o setor sofre com taxas de juros negativas.

A opinião do gestor está em linha com a de outras grandes instituições, como a BlackRock, no sentido de que vale a pena manter ativos arriscados na carteira em 2020, mas que os ganhos serão bem menores que em 2019.

Em entrevista realizada há um ano, Bunglawala recomendou a compra de ações dos EUA e de mercados emergentes, mesmo enquanto as bolsas globais se afundavam no temor de aperto da política monetária e desaceleração do crescimento econômico.

A aposta dele foi profética: o S&P 500 teve alta de 26% este ano, enquanto o MSCI Emerging Markets Index subiu 13%.

“Esperamos que a expansão continue, mas, considerando o que já está precificado no mercado de ações, com crescimento econômico dentro da tendência, o mais provável é que os retornos sejam mais moderados”, disse Bunglawala.

Johnson & Johnson
Até o final de outubro, Royal Dutch Shell e Johnson & Johnson estavam entre os papéis com maior peso na carteira (Imagem: Reuters/Brendan McDermid/File Photo)

Melhores apostas

Um dos fundos que ele ajuda a supervisionar, o Goldman Sachs GlobalMulti-Asset Income Portfolio, superou 88% de seus pares em 2019.

Até o final de outubro, Royal Dutch Shell e Johnson & Johnson estavam entre os papéis com maior peso na carteira.

Para 2020, a GSAM segue otimista em relação às ações dos EUA, está comprada em ações da África do Sul em relação a mercados emergentes e prefere ações da Coreia do Sul às de Taiwan.

O crescimento econômico continua sendo uma das maiores dúvidas na Europa em 2020. Um novo recuo da indústria de transformação ou recessão na Alemanha podem se sobrepor à melhora no risco político.

A perspectiva desafiadora foi destacada na semana passada pelo Banco Central Europeu, que revisou para baixo a projeção de expansão no próximo ano.

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