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Governo tem dificuldade para vender e liquidar estatais

02 abr 2022, 9:58 - atualizado em 02 abr 2022, 10:08
Congresso
Integrantes do Poder Executivo já admitem que a estatal não deve ser liquidada, como queria a equipe econômica (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Com dificuldades de emplacar todas as privatizações prometidas, o governo Bolsonaro também não atravessa um mar calmo para concluir os planos de liquidação e incorporação de estatais.

Enquanto na venda de grandes empresas, como os Correios, o percalço é a resistência do Congresso, na tarefa de dar fim às estatais o entrave está nas disputas internas e na influência dos militares no governo.

O Estadão/Broadcast apurou que o destino de ao menos duas empresas públicas vive esse impasse: a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep) e a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF).

A equipe comandada pelo ministro Paulo Guedes queria fechar as portas das duas empresas, mas enfrenta a resistência do Ministério da Defesa, no caso da ABGF, e o interesse da Marinha em manter as atividades da Nuclep, criada em 1975 para produzir equipamentos de projetos nucleares.

Integrantes do Poder Executivo já admitem que a estatal não deve ser liquidada, como queria a equipe econômica.

Marinha e Defesa ‘protegem’ de Guedes a Nuclep e a ABGF

Localizada no Rio, a Nuclep é vinculada ao Ministério de Minas e Energia, mas tem uma ligação estreita com a Marinha, principalmente pela construção do primeiro submarino de propulsão nuclear do País.

Esse braço das Forças Armadas tem, inclusive, um de seus quadros da reserva no comando da Nuclep, que é presidida pelo contra-almirante Carlos Henrique Silva Seixas.

Esse e outros negócios, no entanto, não dão conta de tornar a empresa financeiramente sustentável. Segundo o Ministério da Economia, a Nuclep precisou receber R$ 223,4 milhões do Tesouro em 2020.

Mesmo assim, encerrou o ano com resultado negativo. Na mira da desestatização, a empresa decidiu se aventurar em mais um setor e agora investe na produção de torres de transmissão de energia.

Para a equipe de Guedes, o novo negócio foi uma forma de tentar reverter o fechamento de suas portas.

Diante desse cenário, o time de Guedes vê a desestatização da Nuclep cada vez mais distante.

Comércio Exterior

No caso da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), o Ministério da Economia ainda tem esperança de conseguir uma vitória.

O futuro da estatal está diretamente ligado à solução que o governo quer dar aos entraves na concessão de seguro de crédito à exportação.

Quase três anos após a entrada da ABGF no Programa Nacional de Desestatização (PND), dois cenários se desenham, segundo apurou o Estadão/Broadcast: em um, a ABGF seria incorporada pela Caixa e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ideia que tem mais simpatia de integrantes da equipe econômica.

Em outro, se criaria um fundo financeiro sob a estrutura da ABGF, opção que salvaria a estatal e é apoiada pelo Ministério da Defesa.

A pasta comandada pelo general Walter Braga Netto, especulado como candidato a vice de Bolsonaro, quer preservar a empresa em razão da importância do seguro de crédito à exportação em equipamentos de defesa.

Sem Respostas

A reportagem procurou os ministérios da Economia, da Defesa, a Caixa, o BNDES e a Marinha, mas não houve resposta até a publicação deste texto.
A Nuclep respondeu que não se manifestará por se tratar de tema discutido em âmbito ministerial.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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