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Guerra na Ucrânia traz ganhos para tradings de commodities

28 abr 2022, 21:03 - atualizado em 28 abr 2022, 21:03
Trigo Commodities Agronegócio
Os mercadores de commodities, que transportam os recursos naturais do mundo (Imagem: Unsplash/Warren Wong)

É um fato constrangedor, mas inevitável: a guerra na Ucrânia se mostra boa para os negócios das principais tradings de commodities do mundo.

A Glencore espera que seus lucros com a comercialização de commodities este ano excedam novamente sua meta após excelente desempenho no primeiro trimestre, enquanto a gigante agrícola Bunge aumentou suas estimativas de lucros para o ano em mais de 20%, depois de também divulgar resultados fortes.

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro, os mercados de commodities estão tumultuados. Isso elevou preços, diminui a oferta e criou um ambiente difícil para consumidores de matérias-primas mas perfeito para as tradings.

Os mercadores de commodities, que transportam os recursos naturais do mundo, conseguiram lucrar com a volatilidade, fazendo arbitragem com carregamentos através do emaranhado de sanções e interrupções no fornecimento para manter os fluxos comerciais.

“O que sempre constatamos é que em tempos de alta volatilidade, preços altos e alto volume é quando temos a oportunidade de ganhar mais dinheiro”, disse o diretor financeiro da Bunge, John Neppl, em teleconferência após divulgação do balanço do primeiro trimestre.

Grãos Commodities Caminhões Logística Agronegócio
Rússia e Ucrânia estão entre os maiores exportadores mundiais de trigo, milho e óleo de girassol (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

Mas essa atividade não vem sem riscos.

O aumento da volatilidade colocou os balanços das tradings de commodities sob enorme tensão, com grandes movimentos diários de preços gerando bilhões de dólares em chamadas de margem em todo o setor.

Escassez de Grãos

Rússia e Ucrânia estão entre os maiores exportadores mundiais de trigo, milho e óleo de girassol. Interrupções do plantio na Ucrânia e a dificuldade de pagar por grãos russos ajudaram a elevar os preços a máximas de vários anos.

Antes da guerra, os portos ucranianos ao longo do Mar Negro eram portas de saída para grande parte dos grãos da região com destino à Ásia, Norte da África e Oriente Médio. Agora eles se tornaram parte da guerra, bloqueados e bombardeados.

À medida que países importadores como Egito, Argélia e China disputam por suprimentos, operadores com posições fora do Mar Negro, como Viterra e o chamado grupo ABCD de grandes tradings agrícolas – ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus – puderam oferecer a esses compradores grãos de outros países como França, EUA e Brasil.

Como os preços do petróleo permanecem elevados, os óleos de cozinha, como o de palma e o de soja, também ficaram mais caros, o que aumentou as margens de esmagamento das tradings.

A ADM ainda não elevou sua estimativa de ganhos para o ano, embora alguns analistas já o fizeram. A empresa disse nesta semana que antecipa que os resultados de 2022 excederão os do ano passado, sem entrar em detalhes.

Soja
No mundo da energia, tradings como Vitol, Trafigura, Gunvor e Mercuria são todas de capital fechado e não divulgam resultados trimestrais (Imagem: Reuters/Nacho Doce)

Junto com perdas nas safras da América do Sul, as interrupções na região devastada pela guerra “impulsionarão o aperto contínuo nos mercados globais de grãos nos próximos anos”, disse o CEO da ADM, Juan Luciano, em teleconferência na terça-feira.

No mundo da energia, tradings como Vitol, Trafigura, Gunvor e Mercuria são todas de capital fechado e não divulgam resultados trimestrais. Mas os sinais também são de um forte desempenho.

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