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Ibovespa acumula 3º semana de alta com aposta em rápida reação de economias à Covid-19

05 jun 2020, 17:16 - atualizado em 05 jun 2020, 18:00
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O Ibovespa chegou a superar os 97 mil pontos no melhor momento desta sexta-feira em um ambiente de elevada liquidez (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Apostas otimistas na recuperação das economias no pós-pandemia de Covid-19 garantiram mais uma semana positiva na bolsa paulista, com o Ibovespa (IBOV) chegando a superar os 97 mil pontos no melhor momento desta sexta-feira, em um ambiente de elevada liquidez e taxas de juros em mínimas históricas.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em alta de 0,86%, a 94.637 pontos, tendo alcançado 97.355,75 pontos na máxima da sessão. Na semana, a terceira seguida no azul, subiu 8,3%, reduzindo as perdas acumuladas no ano para cerca de 18%.

O volume financeiro nesta sexta-feira foi novamente acima da média diária de 2020 e totalizou 38,4 bilhões de reais.

O Ibovespa não registrava uma sequência de seis pregões em alta desde outubro de 2019. Mas ainda segue distante da máxima intradia registrada em janeiro, de 119.593,10 pontos.

O analista de investimentos José Falcão, da Easynvest, elenca uma série de razões para a performance das ações, entre eles o sentimento e esperança de que o pior pode estar passando na crise relacionada ao Covid-19, com abertura em vários países, mesmo que os problemas ainda não estejam resolvidos.

Ele também cita a alta liquidez global, após medidas de estímulos para combater a pandemia; juros baixos, que tornam os mercados mais inclinados ao risco; ativos desvalorizados com preços e taxas atrativas em meio a crise; melhora em dados econômicas, mesmo que ainda ruins, e cena política mais calma.

Falcão ainda destaca a entrada líquida de capital externo no mercado secundário de ações no Brasil nos primeiros dias de junho.

“É inegável que a bolsa brasileira está muito barata em dólar e pode ser o início de um novo fluxo de capital estrangeiro, o que é muito bem-vindo.”

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De acordo com o dados mais recentes da B3 sobre a participação dos estrangeiros na bolsa, as compras superaram as vendas em 1,786 bilhão de reais (Imagem: Pixabay/Audy0073)

Em dólar, o Ibovespa acumula em 2020 declínio de mais de 30%.

De acordo com o dados mais recentes da B3 sobre a participação dos estrangeiros na bolsa, as compras superaram as vendas em 1,786 bilhão de reais nos três primeiros pregões do mês.

No ano, porém, o saldo dessas operações no segmento Bovespa permanece bastante negativo, em 75 bilhões de reais.

“O Brasil tem sido um dos grandes beneficiários da melhora do apetite por risco global”, destacou o BTG Pactual em nota enviada mais cedo pela área de gestão de recursos do banco, ponderando, contudo, que segue cauteloso com o recente rali pois o ritmo de recuperação ainda está incerto.

A equipe do BTG observa que o ‘valuation’ (preço) das ações está a níveis muito elevados para o retorno esperado, avaliando que o mercado está comprado em excesso e alavancado. “A percepção é que os investidores estão olhando só além da realidade e não o curto prazo.”

Nos Estados Unidos, números sobre o mercado de trabalho em maio endossaram as expectativas de retomada rápida da atividade econômica ao mostrarem criação de vagas e queda na taxa de desemprego. Em Wall Street, o S&P 500 fechou com elevação de 2,6%.

Destaques

Itaú Unibanco (ITUB4) fechou com elevação de 2,21% e Bradesco (BBDC4) subiu 1,83%, respaldados pelo clima positivo no mercado como um todo, e mais uma vez atuando como principal contribuição para a alta do Ibovespa. Banco do Brasil (BBAS3) avançou 0,74% e Santander (SANB11) valorizou-se 2,27%.

Petrobras (PETR4) valorizou-se 3,13%, na esteira de forte alta do petróleo no exterior antes de uma reunião da Opep e seus aliados liderados pela Rússia no sábado para discutir cortes recordes na produção. A petrolífera também iniciou o processo de venda de suas participações em cinco sociedades de geração de energia elétrica.

Gol GOLL4
Gol disparou 9,74% após acordo com pilotos e comissários para flexibilizar jornada e salários até 2021 (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Vale (VALE3) recuou 1,89%, uma vez que os contratos futuros de minério de ferro negociados na China caíram nesta sexta-feira, embora tenham registrado o quinto ganho semanal consecutivo, diante de perspectivas de demanda forte para o ingrediente siderúrgico no país, além de preocupações com a oferta do importante exportador Brasil.

Gol (GOLL4) disparou 9,74% após acordo com pilotos e comissários para flexibilizar jornada e salários até 2021, em medida que pode se tornar uma referência para outras empresas do setor aéreo. Dados operacionais melhores em maio ante abril no mercado doméstico e nova queda do dólar em relação ao real endossaram a alta. Azul (AZUL4) saltou 10,9%.

CVC (CVCB3) fechou em alta de 5,61%, também apoiada nas perspectivas mais otimistas para a reabertura de economias, além do declínio de mais de 3% do dólar ante o real.

Yduqs (YDUQ3) avançou 9,83%, após acertar a compra da Athenas, grupo educacional com unidades em Rondônia, Acre e Mato Grosso, em transação que pode movimentar até 300 milhões de reais. “A aquisição amplia a atuação da Yduqs em regiões ainda pouco exploradas, ampliando os ganhos de sinergias”, avaliou a equipe da Guide Investimentos.

Suzano (SUZB3) recuou 3,89%, com exportadoras entre os destaques negativos diante da queda do dólar ante o real, com a cotação indo abaixo de 5 reais. Klabin (KLBN11) caiu 3,09%. No setor de proteínas, Marfrig (MRFG3) cedeu 3,57%, Minerva (BEEF3) perdeu 2,62%,  BRF (BRFS3) caiu 3,20% e JBS (JBSS3) encerrou com decréscimo de 2,42%.

Centauro (CNTO3), que não está no Ibovespa, disparou 12,06%, maior alta do índice Small Caps, após levantar 900 milhões de reais em oferta de ações subsequente com distribuição primária, precificada a 30 reais por papel na véspera. A companhia dona da rede de lojas de artigos esportivos Centauro usará os recursos para financiar aquisições.

Restoque (LLIS3), que também não faz arte do Ibovespa, despencou 10,23%. A varejista de vestuário anunciou acordo de recuperação extrajudicial envolvendo todo seu endividamento financeiro. De acordo com fonte ouvida pela Reuters, as dívidas envolvidas no acerto chegam a 1,5 bilhão de reais. No pior momento, a ação caiu 20%.

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