Mercados

Ibovespa começa abril em queda com fiscal, política e Covid endossando ajuste

01 abr 2021, 17:55 - atualizado em 01 abr 2021, 17:55
Coronavírus
No mês passado, o Ibovespa subiu 6%, o primeiro desempenho positivo de 2021 (Imagem: Pedro Guerreiro/Ag. Pará)

O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quinta-feira, véspera de feriado, em sessão de ajustes após performance positiva em março e com permanentes preocupações com o cenário fiscal e a situação política no Brasil, além do coronavírus.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,18%, a 115.253,31 pontos, encerrando a semana mais curta com elevação de 0,41%. No pior momento do pregão, chegou a 114.990,54 pontos.

O volume financeiro nesta quinta-feira somou 27,5 bilhões de reais, bem abaixo da média diária do ano, de 37,2 bilhões de reais.

Na sexta-feira, a B3 (B3SA3)estará fechada em razão do feriado do dia da Paixão de Cristo.

No mês passado, o Ibovespa subiu 6%, o primeiro desempenho positivo de 2021 e melhor resultado para março desde 2016, em meio a expectativas relacionadas a vacinas contra a Covid-19, apesar do país viver o pior momento da pandemia.

Estrategistas do BTG Pactual ressaltaram que, apesar da alta, os preços (valuations) das ações na bolsa paulista ficaram mais atrativos, na esteira de resultados corporativos melhores do que o esperado na última safra de balanços.

“O Ibovespa voltou a ser negociado (com múltiplo) em linha com sua média histórica, um nível que não era visto desde abril de 2020”, afirmaram Carlos Sequeira e Osni Carfi, em relatório a clientes com as recomendações para o mês de abril.

Mesmo com ‘valuations’ mais atrativas, entretanto, eles ponderaram que as preocupações com a situação fiscal do país, uma profunda crise de saúde pública e tensões políticas estão mantendo os investidores, principalmente estrangeiros, de lado.

Dados da B3 mostram que, em março até o dia 30, o saldo de estrangeiro no segmento Bovespa estava negativo em 3,3 bilhões de reais, no segundo mês seguido de saída líquida de estrangeiros do mercado secundário de ações brasileiro.

No ano, as entradas ainda superam as saídas em 13,4 bilhões de reais, de acordo com os dados mais recentes disponibilizados pela bolsa, que não incluem dados sobre as ofertas de ações (IPOs e follow-ons).

Da cena fiscal, a semana acabou com o foco voltado para as negociações envolvendo o Orçamento do ano aprovado na semana passada pelo Congresso, com aparente descompasso entre as alas política e econômica do governo sobre o tema.

Na visão do analista da Clear Corretora Rafael Ribeiro, o declínio nesta sessão também está atrelada a dados da indústria nacional, que decepcionaram e revelam o arrefecimento da economia.

A produção da indústria caiu 0,7% em fevereiro na comparação com o mês anterior, contrariando expectativa de economistas de crescimento e interrompendo nove meses de resultados positivos, de acordo com dados do IBGE nesta quinta-feira.

Nesse cenário, a bolsa mais uma vez descolou do exterior. Wall St fechou com o S&P 500 renovando recorde, cima dos 4.000 pontos, impulsionado por Microsoft, Amazon e Alphabet, além de otimismo sobre a recuperação norte-americana.

A B3 também divulgou nesta quinta-feira a primeira prévia da carteira teórica do Ibovespa para o período de maio a agosto, com a entrada da ação da Locaweb.

Destaques

Bradesco (BBDR4) caiu 3,66% e Itaú Unibanco (ITUB4)  cedeu 3,06%, tendo no radar discussões relacionadas ao orçamento e receios fiscais. As ações ampliaram as perdas no final após ruídos sobre medidas de tributação que afetem o setor, incluindo mudanças nas regras nesse sentido em relação a fundos de investimento, tributação sobre lucros e dividendos.

Qualicorp (QUAL3) recuou 4,42%, mais uma vez entre as maiores perdas, ainda na esteira do resultado trimestral divulgado na noite de terça-feira, que mostrou queda em receitas, desempenho operacional e margens.

Para o BTG Pactual (BPAC11), além de números poluídos no quarto trimestre, a parte recorrente dos resultados ainda mostra perspectivas pouco claras.

COGNA (COGN3) fechou em baixa de 3,52%, devolvendo a alta da véspera, quando divulgou balanço trimestral e executivos falaram com analistas.

Para o Credit Suisse, as decisões relacionadas à operação presencial em 2020 e ao balanço de contas a receber e intangíveis foram corretas. “No entanto, a magnitude dos efeitos do ‘turnaround’ ainda não foi observada.”

Gerdau (GGBR4) recuou 2,78%, após renovar cotação recorde intradia mais cedo, a 30,77 reais, com o setor de mineração e siderurgia na bolsa paulista como um todo fechando no vermelho. VALE ON caiu 0,59%, mesmo após alta dos preços futuros do minério de ferro na China.

Petrobras (PETR4) caiu 0,87%, seguindo a dinâmica mais negativa na bolsa, sem conseguir acompanhar a alta dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent subiu 3,38%, a 64,86 dólares o barril.

Braskem (BRKM5) fechou em alta de 2,19%, tendo renovando cotação recorde intradia a 41,17 reais. Nessa semana, analistas do Santander Brasil reiteraram recomendação de ‘compra’ para a ação e elevaram o preço-alvo de 28 para 47 reais, avaliando que a petroquímica continua bem posicionada para aproveitar a sólida demanda por produtos petroquímicos.

B2W (BTOW3) valorizou-se 1,35%, em sessão de recuperação de papéis atrelados ao ecommerce, após a companhia fechar março com declínio de quase 26%.

Magazine Luiza (MGLU3) subiu 0,99% e Via Varejo (VVAR3) avançou 1,49%.

M.Dias Branco  (MDIA3), que não está no Ibovespa, caiu 6,19%, após queda no lucro do quarto trimestre, pressionado por maiores custos com trigo e câmbio e recuo da demanda interna recuou.

A Mirae Asset destacou que, no geral, o desempenho operacional foi mais fraco do que o esperado, e que o resultado só não foi pior em razão do aumento de preços no período.

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