Mercados

Ibovespa descola de Wall Street e fecha abaixo de 120 mil pontos

20 jan 2021, 18:07 - atualizado em 20 jan 2021, 18:40
Ibovespa
Um dia não faz uma tendência’, mas essa dinâmica negativa pode virar uma tendência na ausência de uma atuação efetiva (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) fechou em queda pelo segundo pregão seguido nesta quarta-feira, mais uma vez descolado de Wall Street, em meio a um cenário de ruídos fiscais e políticos no Brasil, bem como números ainda preocupantes sobre a pandemia de Covid-19.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,74%, a 119.743,49 pontos, tendo chegado a 118.739,87 pontos no pior momento. O volume financeiro somava 25,765 bilhões de reais.

O persistente crescimento de casos e mortes por coronavírus no país, em meio a um processo de vacinação lento e sinalizando mais atrasos, tem servido como combustível para a volta das discussões sobre prorrogação do auxílio emergencial.

“É algo que o mercado não encara muito bem, principalmente porque aumenta fortemente o risco fiscal do Brasil”, destacou o sócio e chefe de renda variável da Monte Bravo Investimentos, Bruno Madruga.

Além disso, agentes financeiros já começam a enxergar fadiga na recuperação do emprego, com a inflação de curto prazo mais elevada, como mais um componente de preocupação.

Para o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, na falta de um plano concreto de vacinação e ajuste fiscal, o país permanecerá em situação mais frágil e sensível do que os seus pares, com claras consequências negativas para os ativos locais.

Após um começo de ano mais positivo, com o Ibovespa renovando recorde histórico e superando os 125 mil pontos, o tom negativo tem prevalecido, com cinco de oito pregões fechando em baixa desde a máxima registrada no último dia 8.

“‘Um dia não faz uma tendência’, mas essa dinâmica negativa pode virar uma tendência na ausência de uma atuação efetiva, concreta e agressiva para colocar o país de volta aos trilhos”, acrescentou Kawa, que é diretor de investimentos na TAG.

Madruga também chamou a atenção para realização de lucros em papéis com peso relevante no Ibovespa, que subiram forte, como Vale e bancos, com recuperação de algumas ações que estavam defasadas, como alguns papéis de comércio eletrônico.

No exterior, a posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos dominou os holofotes, principalmente em meio a expectativas de mais estímulos para a economia norte-americana. Ele assumiu o cargo prometendo ação imediata.

Em Wall Street, o S&P 500 e o Nasdaq Composite renovaram recordes embalados pelas apostas de novas medidas pelo novo presidente, com Netflix disparando após resultado trimestral sólido.

A bolsa paulista fechou antes da decisão de política monetária do Banco Central brasileiro, na qual a Selic deve ser mantida em 2% ao ano, com muitos economistas esperando que o BC retire do comunicado o “forward guidance”, ou orientação futura.

Destaques

Vale (VALE3) caiu 1,85%, com o sinal negativo prevalecendo no setor de mineração e siderurgia, enquanto CSN (CSNA3) resistiu e fechou em alta de 0,18%.

Itaú Unibanco (ITUB4) recuou 1,65%, pesando no Ibovespa, após um dezembro de recuperação, assim como Bradesco (BBDC4), que perdeu 2,08%.

Petrobras (PETR4) fechou em baixa de 1,67%, sucumbindo ao movimento mais vendedor, apesar da alta dos preços do petróleo no mercado externo.

B2W (BTOW3) saltou 8,53%, liderando as altas entre as ações de ecommerce, com Magazine Luiza (MGLU3) avançando 5,56% e Via Varejo (VVAR3) subindo 1,75%.

Embraer (EMBR3) perdeu 3,27%, tendo de pano de fundo corte na recomendação para “underperform” pelo Bradesco BBI, citando desafios estruturais e de curto prazo.

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