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Ibovespa fecha com queda discreta após renovar recorde intradia

30 dez 2020, 18:12 - atualizado em 30 dez 2020, 19:12
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Nem ruídos políticos ou prognósticos fiscais assustadores para o Brasil afastaram as pessoas físicas da B3 (Imagem: B3/Divulgação)

O Ibovespa (IBOV) fechou o último pregão do ano com queda discreta, após superar os 120 mil pontos pela primeira vez no melhor momento, e assegurou um desempenho positivo em 2020, após o estrago desencadeado pela pandemia de Covid-19.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com recuo de 0,33%, a 119.017,24 pontos, nesta quarta-feira, tendo alcançado 120.149,85 pontos na máxima da sessão. O volume financeiro somou 29,4 bilhões de reais.

Na semana, o Ibovespa subiu 1%, acumulando elevação de 9,3% no mês e terminando 2020 com alta de 2,92%, no quinto ano seguido de valorização, série que se iguala à sequência registrada de 2003 a 2007.

Após renovar máximas em janeiro, as ações brasileiras sentiram ainda no primeiro trimestre os reflexos das medidas de ‘lockdown’ para conter a disseminação do coronavírus, que minaram empresas e economias.

No pior momento do ano, em março, quando o mecanismo de circuit breaker precisou ser acionado seis vezes, o Ibovespa se aproximou dos 60 mil pontos, um tombo de quase 50% frente às máximas históricas registradas até então em janeiro.

Os meses seguintes, porém, mostrariam uma mudança no comportamento dos investidores brasileiros, principalmente a pessoa física, que continuou entrando na bolsa em busca de melhores retornos diante de juros em mínimas históricas no país.

Nem ruídos políticos ou prognósticos fiscais assustadores para o Brasil afastaram as pessoas físicas da B3, que no final de novembro registrava 3,2 milhões investidores ativos, de 1,6 milhão um ano antes.

Mesmo com forte saída de capital externo do segmento secundário de ações, as compras pelos locais garantiram o desempenho positivo do Ibovespa em abril, maio, junho e julho, antes de ajustes negativos em agosto, setembro e outubro.

Nos últimos meses do ano foi a vez de os estrangeiros chamarem para si a responsabilidade. Após uma entrada líquida de 2,9 bilhões de reais em outubro, novembro fechou com saldo positivo de 33,3 bilhões e dezembro já mostrava 17,7 bilhões.

Tal movimento encontrou respaldo no desfecho relativamente tranquilo da eleição presidencial norte-americana e no noticiário promissor sobre vacinas contra a Covid-19, em meio a expressivos estímulos fiscais e monetários em todo o mundo.

No acumulado de 2020, as vendas de ações por estrangeiros ainda superam as compras em 33,9 bilhões de reais, mas é preciso contextualizar que os dados não contemplam a participação nas ofertas de ações, que foram muitas neste ano.

Entre ofertas iniciais e subsequentes, cerca de 50 companhias venderam ações na B3, com destaque para o grupo de hospitais D’Or São Luiz, que fez o maior IPO de uma companhia brasileira desde 2013.

Para 2021, não estão descartados ajustes, mas a aposta segue positiva, diante dos estímulos no exterior e ampliação da vacinação contra a Covid-19, além da previsão de crescimento maior do Brasil e Selic ainda baixa, mesmo acima do piso atual.

DESTAQUES DO ANO

CSN (CSNA3) capitaneou as altas do Ibovespa em 2020, fechando com elevação acumulada de 125,97%, tendo renovado máximas históricas durante dezembro, na esteira do ambiente favorável para reajuste de preços de aço no país e valorização dos preços do minério de ferro no exterior.

A perspectiva do IPO da sua unidade de mineração no começo de 2021 reforçou a trajetória positiva das ações.

No setor, Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5) também se destacaram, subindo 70,93% e 55,06%, respectivamente. Gerdau (GGBR4) avançou 23,12%.

Weg (WEGE3) valorizou-se 120,28%, com a fabricante de motores elétricos, tintas industriais e produtos de automação e controle industrial atravessando a crise desencadeada pelo coronavírus sem grandes sobressaltos.

As suas ações também registraram cotações recordes durante 2020, reflexo mais uma vez da percepção positiva sobre a qualidade dos fundamentos do grupo de Santa Catarina, que hoje está presente em vários países, incluindo na China, bem como de sua capacidade de inovação.

Magazine Luiza (MGLU3) encerrou o ano com elevação de 109,84%, com a pandemia deflagrando um crescimento exponencial do comércio online e beneficiando ainda mais a companhia que, de acordo com muitos analistas, vem apresentando uma gestão eficiente e dando continuidade ao seu desenvolvimento tecnológico.

No setor, Via Varejo (VVAR3) subiu 44,67% e B2W (BTOW3) avançou 20,69%, enquanto Mercado Livre, negociada nos EUA, saltou 199,50%.

IRB BRASIL RE (IRBR3) caiu 76,89%, respondendo pelo pior desempenho do Ibovespa, diante de uma crise de confiança após uma série de adversidades envolvendo a resseguradora, entre elas fraude contábil, que resultou na troca de comando e republicação de resultados financeiros, entre outras medidas.

Apesar da forte queda, o papel conseguiu se recuperar das mínimas, diante dos primeiros sinais de recuperação no desempenho da companhia. A ação fechou a 8,18 reais. No pior momento do ano, bateu 5,33 reais.

Cogna (COGN3) acumulou declínio de 59,49%, em meio a perspectivas de uma caminho turbulento para a companhia em razão dos desafios impostos pela pandemia de coronavírus e aumento da competição no setor de educação.

O resultado do IPO nos EUA de sua subsidiária Vasta foi mais um componente negativo, uma vez que frustrou apostas mais otimistas. No segmento de ensino, Yduqs (YDUQ3) contabilizou uma perda de 29,39%.

Embraer (EMBR3) desvalorizou-se 55,14% em 2020, afetada pelo efeito bastante negativo da Covid-19 no setor aéreo mundial, que prejudicou as encomendas de novos aviões, além do fracasso do acordo com a Boeing, pelo qual venderia sua unidade de aviação comercial à norte-americana por 4,2 bilhões de dólares.

Entre as companhias aéreas, Gol (GOLL4) caiu 32,23% e Azul (AZUL4) perdeu 32,57% no ano.

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