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Abaixo dos 100 mil pontos: Ibovespa (IBOV) fecha em forte queda e volta a níveis de 2020

17 jun 2022, 17:08 - atualizado em 17 jun 2022, 19:48
Ibovespa futuro, Mercados, Ações
Ibovespa voltou do feriado para um pregão contaminado por preocupações quanto a uma possível recessão global e com a pressão dos reajustes da Petrobras (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Em sessão conduzida pela queda acentuada das ações da Petrobras (PETR3;PETR4), o Ibovespa (IBOV) encerrou esta sexta-feira (17) apresentando fortes perdas e ficou abaixo do patamar emblemático de 100 mil pontos.

Segundo dados preliminares, o principal índice da Bolsa brasileira caiu 2,90%, marcando os 99.824,94 pontos e retornando aos níveis de 2020. A pontuação é a menor desde 4 de novembro de 2020.

Na semana, o Ibovespa acumulou queda de 5,36%, pior performance semanal desde a semana encerrada em 22 outubro de 2021, quando contabilizou uma perda de 7,29%.

A Bolsa voltou do feriado para um pregão contaminado por preocupações quanto a uma possível recessão global. A decisão do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, de elevar os juros em 0,75 ponto percentual continua repercutindo nos mercados.

Para pressionar ainda mais as negociações do dia, a Petrobras anunciou hoje de manhã um novo reajuste nos preços dos combustíveis. A petroleira terminou esta sexta em queda de mais de 6%, puxando as demais empresas do setor para o campo negativo.

Vale (VALE3) também teve uma sessão ruim, influenciada pelos preços do minério de ferro, e encerrou com desvalorização de 5,22%.

Notícias que movimentaram o Ibovespa hoje

Reajuste dos combustíveis

A Petrobras anunciou na manhã desta sexta um novo aumento dos preços dos combustíveis: +5,18% para a gasolina e +14,2% para o diesel.

Dessa forma, a partir de amanhã, o preço médio de venda da gasolina da estatal para as distribuidoras passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro.

Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras subirá de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro.

O último reajuste do diesel foi em maio e o da gasolina em março. De lá para cá, o governo anunciou uma nova troca de CEOs da Petrobras (Caio Mario Paes de Andrade em substituição a José Mauro Ferreira Coelho), uma resposta ao descontentamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, com os efeitos da inflação dos combustíveis.

O novo reajuste teve repercussão imediata entre os membros do Congresso, com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pedindo a renúncia imediata do atual presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho.

Lira também disse que líderes parlamentares da Câmara discutirão a possibilidade de dobrar a taxação dos lucros da estatal, uma vez que uma maior tributação poderia ser revertida em recursos à população. Isso pressionaria os dividendos da companhia e, por consequência, as ações.

Por parte de Bolsonaro, o presidente classificou o novo reajuste como “traição” e disse que iniciou conversas com Lira para articular a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o conselho da estatal.

Queda do minério de ferro

Ações de mineradoras e siderúrgicas foram pressionadas nesta sexta devido à queda do minério de ferro na China.

O contrato de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Dalian, com entrega em setembro, caiu quase 6%, a 821,50 yuanes a tonelada. A commodity chegou a cair para 815,50 iuanes, menor nível desde 26 de maio.

Com o recuo, os preços do minério de ferro registraram a maior queda semanal em quatro meses, refletindo a decisão das siderúrgicas chinesas de reduzir a produção em meio a lucros fracos e perspectivas de demanda mais negativas.

Na Bolsa de Cingapura, o contrato de julho do minério de ferro recuou 5,4%, para 121,15 dólares a tonelada.

Risco de recessão

O Fed confirmou uma postura ainda mais agressiva para frear a inflação dos EUA, que está em seu maior nível em mais de 40 anos.

O banco central norte-americano elevou a taxa básica de juros do país em 0,75 ponto percentual na última reunião, a 1,5-1,75%.

Novas altas estão previstas para acontecer nos próximos meses, o que eleva o temor dos mercados sobre uma possível recessão nos EUA.

O aperto monetário do Fed – o maior desde 1994 – coloca a taxa de juros ao nível mais alto desde março de 2020.

Autoridades monetárias dos EUA aumentaram as projeções para a meta dos juros nos próximos anos por conta da inflação mais apertada.

A mediana da expectativa para a taxa básica de juros subiu para 3,4% até o fim de 2022 (contra 1,9% projetado em março). Para 2023, a meta foi revisada para 3,8%, de 2,8% em março.

O Fed também revisou as estimativas para a inflação, que deve terminar o ano em 5,2%, acima da previsão de 4,3% em março.

Destaques da Bolsa hoje

PETROBRAS PN (PETR4) desabou 6,09% e PETROBRAS ON (PETR3) cedeu 7,25%, resultando em perda de valor de mercado de R$ 27,3 bilhões, após a empresa anunciar reajuste nos preços dos combustíveis, que ampliou preocupações de maior pressão política sobre a estatal. O presidente da Câmara dos Deputados pediu a renúncia do presidente da empresa e falou em dobrar a taxação sobre lucros. O presidente Jair Bolsonaro defendeu a criação de uma CPI. No exterior, o petróleo Brent fechou em baixa de 6,8%.

VALE ON (VALE3) perdeu 5,22%, conforme os preços do minério de ferro caíram pela sexta sessão seguida na bolsa de Dalian, na queda semanal mais acentuada em quatro meses. No setor de mineração e siderurgia, GERDAU PN (GGBR4) caiu 7,89%, USIMINAS PNA (USIM5) recuou 6% e CSN ON (CSNA3) cedeu 5,13%.

CVC BRASIL ON (CVCB3) valorizou-se 11,19%, no segundo pregão de alta, após fechar na mínima desde março de 2020 na última terça-feira. GOL PN (GOLL4) e AZUL PN (AZUL4) tiveram altas de 0,49% e 0,14%, respectivamente, reagindo após terem chegado a cair cerca de 7% no pior momento da sessão.

ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4) fechou em baixa de 1,26% e BRADESCO PN (BBDC4) teve declínio de 1,55%.

Com Reuters

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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