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Ibovespa: PEC dos Precatórios será o gatilho para rali de fim de ano da Bolsa?

02 dez 2021, 19:09 - atualizado em 02 dez 2021, 19:38
Senado
Tiro de festim: PEC dos Precatórios não é o gatilho dos sonhos de ninguém para o rali da Bolsa (Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado)

A arrancada do Ibovespa nesta quinta-feira (2) mostra que os investidores estavam ansiosos por uma boa notícia – qualquer boa notícia – que servisse de pretexto para voltar às compras. A aprovação da PEC dos Precatórios foi a bola da vez, e isso diz muito sobre como o mercado está se contentando com pouco.

A reação foi tão intensa, que o Ibovespa fechou com a maior alta desde o segundo trimestre de 2020, ajudado também pelo bom desempenho das bolsas americanas. De acordo com dados preliminares, o Ibovespa fechou em alta de 3,23%, a 104.027,55 pontos.

O desempenho é ainda mais emblemático, quando se lembra que, hoje cedo, o IBGE divulgou uma queda de 0,1% do PIB no terceiro trimestre, o que coloca o Brasil em recessão técnica, já que a economia havia encolhido 0,4% entre abril e junho.

“A aprovação da PEC evoca o princípio ‘dos males, o menor’”, resume Alexsandro Nishimura, head de conteúdo, sócio da BRA e colunista do Money Times. Isto porque, a rigor, a PEC dos Precatórios é um expediente para acomodar o desejo do governo de gastar mais do que arrecada, a fim de bancar o Auxílio Brasil – principal arma do presidente Jair Bolsonaro para se cacifar à reeleição no ano que vem.

“Consideravelmente negativa”

Vitor Benndorf, fundador da Benndorf, vai pela mesma linha, ao observar que, em essência, a PEC é “consideravelmente negativa”. Mas, ao virar a página, o Senado “coloca esse driver no retrovisor, e o mercado elimina uma incerteza”.

E, por falar em incertezas, a única certeza do mercado, a esta altura de dezembro, é que não se pode esperar nada melhor de Brasília. “Ninguém espera que mais nada passe neste ano, então, a PEC ainda era o único fator de risco que o mercado colocava para 2021”, explica Vitor Miziara, partner da Criteria Investimentos.

Justamente porque a PEC não é o gatilho dos sonhos de ninguém, seu potencial para disparar um rali agressivo de fim de ano na Bolsa é bastante limitado. “Não diria que será um gatilho para um rali, porque o ano foi muito ruim, mas para a mitigação das perdas dos últimos cinco meses”, explica Matheus Spiess, da Empiricus Research.

“Bode na sala”

Isso não quer dizer que não haja espaço para a alta do Ibovespa. Spiess lembra que a Bolsa brasileira está muito barata, por qualquer métrica que se olhe. “Se eliminarmos os ruídos dos últimos meses e tirarmos esse bode da sala, muito valor pode ser destravado na Bolsa”, explica. O bode, no caso, é a PEC dos Precatórios.

É claro que outros fatores também drenam forças de uma possível arrancada do mercado acionário. Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, lembra que a PEC foi aprovada com mudanças pelo Senado, o que significa que ela voltou para a Câmara para uma nova rodada de votações – e não se sabe o que sairá de lá. As negociações entre deputados e senadores já começaram, e fala-se em fatiar a PEC, a fim de deixar os pontos que provocam discordância entre Senado e Câmara para o ano que vem.

Segundo, ainda vivemos a pandemia de coronavírus. “Para o rali, só falta os órgãos de saúde darem notícias mais claras sobre a variante Ômicron”, afirma Galdi. “Se for confirmado que, apesar de ser altamente contagiosa, a sua agressividade é baixa como a Delta, o humor do mercado vai melhorar sim.” Até lá, no melhor espírito natalino, os investidores se contentarão em ver o lado bom de uma lei que, a rigor, perdoa mais um governo gastador.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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