Mercados

Ibovespa volta a 120 mil pontos em 2022? Mercado está dividido sobre nível de recuperação

07 jul 2022, 18:30 - atualizado em 08 jul 2022, 9:59
Ibovespa futuro
Ainda dá para pensar no Ibovespa a 120 mil pontos até o fim do ano? Especialistas respondem (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

A alta volatilidade dos mercados e o nível elevado de incertezas quanto a uma possível recessão global têm levado instituições financeiras a revisar o preço-alvo para o Ibovespa (IBOV) ao final do ano.

Desde projeções otimistas até as consideradas mais pessimistas, como o novo alvo de 110 mil pontos do Itaú BBA, especialistas ainda apostam na recuperação do índice acionário de referência da B3 (B3SA3), que atualmente tenta manter o patamar dos 100 mil pontos.

O BB Investimentos mantém a estimativa de 132 mil pontos, mesmo com os riscos de curto prazo. O preço estipulado pela instituição representa um potencial de valorização de 31% em relação ao fechamento desta quinta-feira (7).

Segundo o BB, seria preciso uma deterioração conjunta muito mais forte do exterior e do Brasil para cortar o preço-alvo do índice.

O BB ainda vê o Brasil bem posicionado para capturar “parte relevante da alocação dos portfólios globais de investidores, visto que alguns desafios relacionados à inflação e recuo do crescimento global são capturados de forma mais acentuada em outros pares emergentes”.

Já a XP Investimentos reduziu na semana passada seu preço-alvo para o Ibovespa a 120 mil pontos, o que ainda implica um potencial de alta de 19,1%. Em relatório, a corretora cita o desconto da Bolsa, que está em níveis não vistos desde 2008, e o baixo endividamento das empresas, com potencial para bons pagamentos de dividendos.

Recuperação virá, mas… qual será o nível?

Apesar de projetarem recuperação até o fim do ano, especialistas do mercado ainda não acertaram entre si quanto ao nível da retomada.

Em movimento semelhante ao da XP, a corretora e gestora de investimentos Warren cortou seu preço-alvo para o Ibovespa, de 130 mil pontos para 116,5 mil pontos em 2022.

Ainda assim, Frederico Nobre, líder da área de análise da Warren, não acha exagero pensar que o índice pode retomar os 120 mil pontos (ou mais) nos próximos meses.

A postura mais pessimista da Warren sobre a Bolsa é explicada pela conjuntura macroeconômica atual de juros elevados, risco fiscal e menor fluxo de investidores estrangeiros.

Além disso, destaca Nobre, existe a volatilidade natural, acima da média, no mercado de ações brasileiro diante da proximidade das eleições.

Para Luiz Carlos Corrêa, sócio da gestora Nexgen Capital, a projeção em torno de 115-120 mil pontos até o fim do ano não parece irreal, uma vez que “os bancos centrais estão tomando medidas necessárias” para controlar a inflação.

Outro fator levantado por Corrêa que pode dar gás ao mercado de ações é a temporada de resultados corporativos do segundo trimestre.

“Isso pode trazer um refluxo, uma nova ida às compras em relação à Bolsa. Como todo mundo fala, os múltiplos estão baratos. Então, isso traz apetite”, explica.

Pedro Menin, sócio-fundador da plataforma Quantzed, está mais cético em relação à recuperação do Ibovespa.

Menin acredita que pode haver ralis pontuais, mas não vê o índice atingindo 120 mil pontos este ano, dado o cenário inflacionário ainda forte e de potencial recessão. As eleições também acabam pesando mais no quesito volatilidade.

Além disso, a Bolsa passa por uma reversão de movimento, com setores de petróleo, materiais básicos e utilities despencando e ações de empresas de crescimento em recuperação.

“Nessa semana, foram muito bem setores que estavam indo muito mal, como varejo, consumo, tecnologia e saúde. Isso pode acontecer, mas a probabilidade é ruim para bolsa. Agora que setores como consumo e varejo estão subindo bastante, o que equivale a cerca de 60% do índice está indo mal”, afirma.

Commodities: heroínas ou vilãs da vez? 

petróleo
Parte do mercado começa a mudar a visão que tem sobre as commodities (Imagem: REUTERS/Lucy Nicholson)

O mercado de ações brasileiro foi destaque positivo no primeiro semestre. Desde o início do conflito direto entre Rússia e Ucrânia, a Bolsa local tem conseguido se sustentar devido à sua alta exposição a commodities, cujos preços dispararam por conta da guerra.

Porém, a mudança de visão por parte do mercado em relação às empresas do setor começa a levantar dúvidas sobre o desempenho da Bolsa na segunda metade do ano.

Além do ambiente macro desafiador, o corte de preço-alvo da Warren para o Ibovespa levou em consideração a expectativa de desempenho das commodities metálicas daqui para frente.

“A gente entende que a Bolsa está bem atrativa, as empresas com resultados sólidos, mas, olhando para o Ibovespa, ele tem um percentual muito grande relacionado a Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4). Temos uma visão um pouco pessimista de curto/médio prazo para commodities metálicas”, diz Nobre, da área de análise da corretora.

Cassiano Konig, sócio e assessor de investimentos da GT Capital, ressalta que o cenário de uma recessão nos Estados Unidos tende a acelerar a queda dos mercados, com o setor de commodities sendo mais penalizado.

Konig destaca, no entanto, que, diferente da chegada da pandemia, que pegou o mundo de surpresa, o mercado espera uma recessão para 2023 nos EUA, e isso já vem sendo precificado pelo mercado.

Para Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3, as commodities ainda são o principal gatilho para o Ibovespa nos próximos meses.

Mesmo com a recente correção, os preços das commodities continuam em níveis “bastante confortáveis”, destaca.

Além disso, Esteves chama atenção para a alta do dólar, que acaba beneficiando empresas exportadoras.

Com essa combinação de fatores, há espaço para uma recuperação do Ibovespa até o fim do ano, completa o especialista.

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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