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IRB Brasil derrete 32% e perde mais de R$ 8 bilhões em valor de mercado

04 mar 2020, 18:11 - atualizado em 04 mar 2020, 18:33
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O tombo representa uma perda de cerca de 8 bilhões de reais em valor de mercado em relação ao fechamento de terça-feira (Imagem: Youtube/IRB BRASIL )

As ações do IRB (IRBR3) chegaram a desabar mais de 40% nesta quarta-feira, em meio a uma crise da confiança disparada após a Berkshire Hathaway afirmar que não é acionista da resseguradora brasileira e nem pretende ser. O movimento ampliava as perdas dos papéis da companhia em 2020 para mais de 50%.

Os papéis do IRB acabaram fechando o dia em queda de cerca de 32%, a 18,98 reais, tendo alcançado na mínima da sessão 16,31 reais, menor patamar intradia desde agosto de 2018.

O tombo das ações da companhia, que tem entre os maiores acionistas a Bradesco Seguros (15,2%) e Itaú Seguros (11,1%), representa uma perda de cerca de 8 bilhões de reais em valor de mercado em relação ao fechamento de terça-feira e de pouco mais de 18 bilhões de reais no acumulado do ano.

“A Berkshire Hathaway não é atualmente acionista do IRB, nunca foi uma acionista do IRB e não tem intenção de ser acionista do IRB”, afirmou a empresa de investimentos do bilionário norte-americano em comunicado, citando notícias que circularam na mídia recentemente nesse sentido.

Na última semana do mês passado, o jornal O Estado de S. Paulo publicou que a Berkshire Hathaway, holding de investimentos do bilionário Warren Buffett, havia praticamente triplicado a fatia que detinha na resseguradora em fevereiro. No dia da divulgação da notícia, a ações do IRB fecharam em alta de 6,6%.

Em comunicado ao mercado na véspera, o IRB Brasil RE disse que “nunca afirmou que tal grupo fosse seu acionista”, mas analistas relataram nesta quarta-feira que executivos da empresa disseram, em uma teleconferência na última segunda-feira, que o grupo norte-americano era um investidor da companhia

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O IRB Brasil RE disse que “nunca afirmou que tal grupo fosse seu acionista” (Imagem: Facebook/IRB)

“Em determinado momento, quando questionados sobre a participação da Berkshire na base de acionistas do IRB, os executivos disseram que têm uma relação próxima com o Sr. Ajit Jain, homem forte da Berkshire Hathaway e responsável pela operação de seguros da holding americana”, afirmou a Eleven Financial.

“Afirmaram, ainda, que a Berkshire é cliente e uma das retrocessionárias do IRB desde a época do IPO e que depois, passaram a ser investidores e, recentemente, aumentaram a posição via Berkshire Hathaway International Insurance”, disse a casa de análise em relatório a clientes, assinado pelo co-chefe de renda variável Carlos Daltozo.

De acordo com analistas do Credit Suisse, a sinalização de investimentos da Berkshire no IRB havia sido vista de forma positiva pelo mercado, indicando confiança na empresa brasileira, conforme nota a clientes da corretora do banco.

No final da manhã desta quarta-feira, o IRB comunicou ao mercado que conselho de administração da empresa se reuniu às 8h e determinou à diretoria a realização de uma “análise criteriosa” de sua base acionária.

Incerteza

Informações conflitantes relacionadas à cronologia da saída de Monteiro, bem como as razões que o fizeram deixar a resseguradora também adicionavam insegurança aos investidores, conforme agentes financeiros ainda digerem questionamentos recentes da gestora Squadra em relação às informações financeiras divulgadas pelo IRB.

O conselho de administração da empresa se reuniu às 8h e determinou à diretoria a realização de uma “análise criteriosa” de sua base acionária (Imagem: Reprodução/YouTube IRB Brasil)

“Após as cartas de uma gestora questionando as práticas contábeis da resseguradora e a saída de Ivan Monteiro da presidência do conselho de administração, a notícia de que Buffett não elevou sua participação, e nem mesmo é acionista da empresa, deve exercer forte pressão e elevar, ainda mais, o nível de incerteza sobre o ativo”, disse a Guide Investimentos.

Enquanto isso, analistas do Bank of America Securities colocaram nesta quarta-feira em revisão a recomendação de ‘compra’ que fizeram na segunda-feira para as ações do IRB Brasil. Na ocasião, os analistas tinham reiterado o call e elevaram o preço-alvo da ação da resseguradora a 44 reais. Mas nesta quarta-feira eles alertaram os investidores que não utilizem mais suas previsões e recomendações anteriores sobre a resseguradora.

“Após mensagens conflitantes sobre a renúncia do presidente do conselho de administração e da participação da Berkshire Hathaway no IRB, bem como questões sobre contabilidade que resultaram na contratação da Ernst & Young pelo IRB para auditar os resultados ao lado da PwC, não temos mais certeza de que temos uma base razoável para avaliar o IRB.”

(Atualizada às 18h29)

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