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Itaú (ITUB4) e bancões: Chegou a hora de investir nessas ações, com possível fim de altas da Selic?

10 ago 2022, 17:13 - atualizado em 10 ago 2022, 20:12
Temporada do segundo trimestre tem sido marcada pelo monitoramento dos índices de inadimplência.  (Imagem: Criação Money Times, Gustavo Kahil/Money Times e Angel Navarrete/Bloomberg)

Com a Selic caminhando para um possível fim de ciclo de alta em setembro, a 13,75% ao ano, analistas têm reiterado que investir em grandes bancos é uma boa opção.

A divergência é qual seria a melhor ação para atravessar o que eles classificam como momento “desafiador”, em meio ao endividamento das famílias elevado e ao crescimento da carteira de crédito em linhas de maior risco.

O time de análise do BTG Pactual e do Inter, por exemplo, preferem Banco do Brasil (BBAS3), por conta do desconto da ação em relação aos pares e à média histórica.

O papel do banco estatal, no entanto, carrega um risco político que faz com que outros analistas prefiram pares privados. A corretora Ativa Investimentos aponta Itaú como o melhor do setor, especialmente após os fortes resultados do trimestre.

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O que acontece com os bancos

Com a Selic alta, os bancos aumentaram os spreads e o capital de giro, o que elevou as margens com clientes. “A gente tem visto uma manutenção de bons níveis de rentabilidade dos bancos”, diz o analista do Inter Matheus Amaral.

A tesouraria das instituições financeiras também foi beneficiada com aplicações em renda fixa – assim como o segmento de seguradora, lembra Amaral.

“O Bradesco (BBDC4), por exemplo, reportou resultado muito bom [no segundo trimestre] porque essa área é mais relevante para ele”, comenta.

Por outro lado, a temporada do segundo trimestre tem sido marcada pelo monitoramento dos índices de inadimplência.

As taxas de juros altas e o poder de consumo corroído pela inflação impactam diretamente a capacidade dos consumidores em honrar compromissos.

No Santander (SANB11), por exemplo, as despesas líquidas com provisões para devedores duvidosos (PDD) – uma reserva financeira para os valores inadimplentes – dispararam 72,8% na base anual, a R$ 5,75 bilhões.

No Itaú, onde as provisões atingiram R$ 7,814 bilhões (alta de 61,7%), a indicação é de forte desaceleração da produção de crédito, como parte do esforço para controlar o avanço dos índices de inadimplência nos próximos meses.

“Chegamos a desacelerar a produção de crédito em até 50% em algumas linhas”, disse o presidente-executivo, Milton Maluhy Filho, em teleconferências sobre os resultados trimestrais.

E agora?

O encerramento da alta da taxa de juros tem o efeito mais imediato no fim da elevação do spread, já que o capital de giro possui um aumento mais gradual, estabilizando no médio prazo, explica o analista da Ativa Pedro Serra.

Ele destaca que há outros efeitos da estabilização da Selic sobre a margem financeira, como a evolução da carteira de crédito. “Não necessariamente levará a queda da margem, mas a uma desaceleração”, afirma.

O fim da alta de juros tende ainda a estabilizar a inadimplência no médio prazo, embora não seja a única variável, pondera Serra. “Também existe uma defasagem temporal no efeito”, diz.

Sócio-administrador do escritório de agentes autônomos Boa Vista, Gillmor Monteiro questiona se dá para assumir o fim do ciclo de altas da Selic. “O governo está lançando pacotes de benefícios, que são um estímulo”, lembra. “Ele está contratando inflação”.

Uma nova escalada de preços poderia obrigar o Banco Central a não encerrar o movimento de elevação da taxa básica de juros. “Hoje, a expectativa do comércio [sobre o consumo] é muito alta”, afirma Monteiro.

No entanto, ele diz que sempre vai esperar bons resultados do setor bancário e diz que, no geral, a Bolsa brasileira segue “muito barata”. “A gente não vê o valor dos bancos evoluindo tanto quanto o de outros ativos”, afirma.

“Ainda acho que os bancos estão muito para trás”, comenta, ponderando que os preços estão menos atrativos do que no auge da crise. Mas a expectativa, diz, é de fluxo de caixa forte e bons dividendos para o setor.

A temporada de balanços dos grandes bancos termina nesta quarta-feira (10), com os resultados do Banco do Brasil.

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Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
kaype.abreu@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.