Comprar ou vender?

Itaúsa (ITSA3): Compra de fatia da CCR (CCRO3) derruba ainda mais dividendos, dizem analistas

06 jul 2022, 20:04 - atualizado em 06 jul 2022, 20:10
Itaúsa
A operação não pegou os mercados de surpresa, já que a Itaúsa havia manifestado o seu interesse em outras ocasiões (Imagem: Itaúsa/Dvulgação)

A Itaúsa (ITSA4) foi às compras e, junto com o Grupo Votarantim, adquiriu parcela de 10,33% da CCR (CCRO3), uma das maiores empresas de infraestrutura do país.

Ao todo, a holding pagará R$ 2,9 bilhões pelo negócio. O dinheiro saíra tanto de capital de terceiros como do caixa da companhia.

A operação não pegou os mercados de surpresa, já que a Itaúsa havia manifestado o seu interesse em outras ocasiões.

Nesta sessão, as ações fecharam em queda de 0,12%, a R$ 8,52, enquanto a CCR subiu 2,16%, a R$ 12,30.

Dividendos minguando

Segundo os analistas ouvidos pelo Money Times, é inevitável que a compra, que irá retirar dinheiro do caixa, não faça com que a empresa distribua menos dividendos no curto prazo.

João Abdouni, analista da Inv, calcula que a operação possa derrubar o divindind yield (rendimentos de dividendos) da Itaúsa em 25%.

“Atualmente o DY é 6%. Pode ficar na casa de 4,5% para os próximos 12 meses”, diz.

Na opinião de Murilo Breder, da NuInvest, essa mudança de postura (menos dividendos em prol de novos investimentos em outros segmentos) já vinha sendo comunicado pela diretoria.

“A menor distribuição de dividendos ao longo dos últimos semestres evidencia que a empresa já vinha se preparando para essa nova fase”, lembra.

Em 2020, a companhia comprou participação na Copa Energia e, mais recentemente, vendeu parte da sua fatia na XP Inc.

De acordo com Sidney Lima, analista da Top Gain, o pagamento de R$ 2,9 bilhões pode sim afetar a distribuição de dividendos.

“Não que a empresa esteja pagando lá essas coisas. O dividend yields de 6% é dentro da média. Não necessariamente uma empresa que paga poucos dividendos pode ser uma empresa ruim”, completa.

Em 2019, o rendimento de dividendos da companhia chegou a 8,45%. Em 2021, o número ficou em 4,2%.

Bom negócio para a Itaúsa?

Os analistas ouvidos disseram que a Itaúsa acertou ao fechar o negócio. Para Breder, a compra de participação na CCR foi positiva pois é um business estável, previsível, gerador de caixa e pagador de dividendos.

“Sendo assim, a companhia começa a executar de fato seu plano de reduzir a exposição ao setor financeiro, melhorando a diversificação da holding”, afirma.

Apesar disso, ele lembra que a Itaúsa pagará um preço de R$ 13,75 reais por ação de CCR , um prêmio de 14,2% em relação ao preço de fechamento de ontem.

“Entendo que a reação poderia ser mais positiva se esse prêmio fosse menor”, completa.

Na visão de Nelly Pires Colnaghi, analista da Levante, o investimento possui uma relação a risco-retorno atrativa, além de potencial de crescimento.

“A companhia vê no investimento a possibilidade de exercer influência e compartilhar melhores práticas no âmbito ESG, no que acreditamos que obterá sucesso”, diz.

Lima, da Top Gain, afirma que foi um bom negócio para a Itaúsa, principalmente no longo prazo.

“Ela esta fazendo exatamente o que é proposto no negócio dela. Por ser uma holding, ela trabalha com a aquisição de outras empresas. Ter 10% da empresa é interessante porque por mais que ela não tenha o controle, vai conseguir indicar conselheiro, ou seja, terá influencia no controle de negócios da companhia. Itaúsa é uma das empresas mais saudáveis que nós temos da bolsa”, completa.

Por fim, Abdouni diz que a Itaúsa deve conseguir aumentar seus lucros e se tornar uma ótima pagadora para quem tem uma janela mais longa.

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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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