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Ivan Sant’Anna: Vento de popa

17 out 2019, 11:30 - atualizado em 17 out 2019, 11:30
Mercados Ibovespa 3
Os fundamentos que regem a Bolsa brasileira não são espetaculares, mas podemos chamá-los de bons (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

Ontem, o Ibovespa fechou mil e poucos pontos abaixo da máxima de todos os tempos, 106.650, alcançada no intraday do dia 10 de julho deste ano, quando a Câmara dos Deputados aprovou em primeira votação a reforma da Previdência.

A não ser que aconteça algo imprevisível (e, se é imprevisível, não posso prever), tudo indica que daqui até o fim do ano bateremos um novo recorde.

Os fundamentos que regem a Bolsa brasileira não são espetaculares, mas podemos chamá-los de bons. Entre eles, o principal é o recuo, Copom após Copom, das taxas de juros. O mercado já começa a apostar numa Selic de 4% e 3,75% nos finais, respectivamente, de 2019 e 2020.

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Como a inflação (IPCA) esperada para 2019 é de 3,28%, subindo para, conforme parte dos economistas, 3,50% em 2020, temos um cenário de taxas de juros reais muito próximas de zero.

Vamos e convenhamos. Isso pode ser bom para japonês ou suíço. Já os brasileiros nunca conviveram com esse tipo de situação e estão meio perdidos.

Não sabem se ficam alegres porque os preços no supermercado não sobem, ou se aborrecem com os tristes retornos dos fundos de renda fixa. Fora os salários que, oh!, como dizia o saudoso Chico Anysio, aproximando o indicador do polegar.

Aos poucos, as pessoas (mesmo aquelas que nunca se aventuraram por esse terreno da renda variável) estão olhando para a Bolsa, seja através de fundos de ações, multimercados ou compra direta.

Se examinarmos o comportamento do Ibovespa de janeiro até agora, veremos que o índice se comportou no padrão higher highs, higher lows, que tem tudo para ser confirmado nos próximos dias, quem sabe até hoje.

Assim como os investidores que aplicam em títulos do Tesouro e fundos de renda fixa estão se acostumando a ganhar pouco, os debutantes da Bolsa ficarão exultantes se lucrarem cinco ou dez por cento. Muitos vão querer realizar lucro, para proteger seu rico dinheirinho.

O cenário externo não favorece demais o mercado de ações, mas também não o prejudica. Estamos enxergando uma soft landing (aterrissagem suave), conjuntura na qual a economia mundial sai de um período de crescimento robusto para o de um ajuste de rumo.

Segundo o FMI, o crescimento global este ano deverá ser de 3,00%, o menor desde a crise do subprime (2008-2009). Para 2020, o Fundo espera uma ligeira melhora para 3,40%. Tudo indica que vem aí um novo vento de popa. Fraco, mas constante.

A década de 2010 a gente já perdeu; eles (o mundo quase todo) ganharam. Resta agora alinhar os astros. Após a soft landing, que nos limitamos a assistir, já que estávamos no chão, vamos ver se decolamos junto com os demais mercados.

As taxas de juros (boa parte delas, negativas) praticadas nos países desenvolvidos são um convite para o início de um novo ciclo virtuoso de crescimento. O Brasil tem tudo para estar no meio desse bolo.

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