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Levante: Nasce mais uma casa de análise em busca do investidor

03 maio 2018, 7:35 - atualizado em 27 set 2019, 13:48
Marcela: “Queremos chegar até o fim do ano como a segunda maior do mercado, atrás da Empiricus”

Da região conhecida como Levante, à beira do mar Mediterrâneo, os fenícios desbravaram valores em novas fronteiras, estabelecendo um império da navegação. É dessa inspiração que surgiu o nome da casa de análise de investimentos independente, idealizada por Marcela Kasparian e Rafael Bevilacqua. “Temos valores. Não se trata de ficar rico, mas sim gerar valor para as pessoas. Queremos agregar”, diz a sócia-fundadora da Levante em entrevista ao Money Times.

Ex-sócios da Eleven Financial, Marcela e Rafael não embarcaram sozinhos no negócio de venda de relatórios via internet. O empresário Felipe Affonso e a família Corona, dona do grupo Bio Ritmo, investiram na criação da Levante. O projeto de ajudar pessoas a investirem melhor tem como premissa se esquivar do “caminho fácil” do marketing agressivo.

“Temos um cuidado enorme no limiar entre o marketing e a realidade. De maneira nenhuma vamos fazer marketing para iludir a pessoa. Porque achamos que a frustração depois afeta o negócio”, afirma Marcela, que passou por departamentos de relações com investidores de empresas ao longo dos 15 anos de carreira no mercado financeiro.

Leia, a seguir, os principais trechos da conversa com Marcela Kasparian:

Qual é a história da fundação da Levante?

Rafael Bevilacqua e eu somos os fundadores. Vínhamos do mercado institucional por muito tempo. Passamos a trabalhar com pessoa física na empresa anterior [Eleven] e víamos nesse mercado como faltava informação de qualidade para pessoa física. Durante muitos anos, os profissionais de maior qualidade estavam voltados para o mercado institucional, atendendo grandes fundos, empresas ou até mesmo os clientes do private banking. Além disso, o mercado financeiro costuma usar muito jargão, vocabulário difícil, e isso afasta pessoas do investimento. Por isso criamos a Levante. Queremos ajudar pessoas a investirem melhor o seu dinheiro.

Como fazemos isso? Contamos com um grupo de profissionais que consideramos de alta qualidade. É uma equipe muito técnica, mas tentamos falar tudo de forma simples. Costumo brincar que meu pai precisa entender tudo o que fazemos aqui na empresa. Não pode sair nada que meu pai não entenda. Às vezes, as pessoas confundem ser bom tecnicamente com falar difícil. Não precisa falar difícil para ser bom. O difícil realmente é simplificar. Esse é o desafio.

Há outros sócios além de você e Rafael?

Rafael e eu buscamos um investidor que já gostava desse mercado, vinha pesquisando, analisando e também notava uma grande oportunidade. Chamamos o empresário Felipe Affonso, juntamente com o grupo de donos e fundadores das redes Smart Fit e Bio Ritmo, que é a família Corona.

Também trabalhamos com um esquema de sociedade para todos os funcionários. Toda a equipe tem alguma participação na companhia. As pessoas assim ficam realmente envolvidas e engajadas no negócio.

Vocês saíram da Eleven e há outras casas atuando nesse mercado. Qual é o diferencial da Levante?

Há espaço para todo mundo. O mercado ainda é muito pequeno perto de onde ele pode chegar. A maioria da população ainda investe na poupança. É um trabalho que passa também pelo educacional, de ensinar as pessoas a investir. Então a questão de concorrência para nós é mínima porque o mercado é muito grande.

A nossa visão é que a Eleven e a Suno estão um pouco mais ‘nichadas’, então acabam atingindo pessoas que já se envolvem com investimento. A gente se vê um pouco mais parecido com a Empiricus, que é realmente atingir o varejo.

Mas eu nunca vou prometer que a pessoa vai triplicar o patrimônio dela em cinco dias. Temos um cuidado enorme no limiar entre o marketing e a realidade. De maneira nenhuma vamos fazer marketing para iludir a pessoa. Porque achamos que a frustração depois afeta o negócio. A pessoa não renova, não indica para o amigo. Queremos ser muito justos e verdadeiros. E, novamente, ser muito simples. Explicar como funciona.

Temos um produto super básico que chama Investimento para Iniciantes. Explicamos o bê a bá, como sair da poupança, o primeiro passo, como abrir conta na corretora. Contemplamos todas as etapas, desde a pessoa que não entende até o investidor que já conhece que passa para os produtos de Tesouro Direto e ações.

Há um foco em determinado perfil de investidor?

Temos a visão da análise fundamentalista. Ao menos no curto prazo, não teremos nada de análise gráfica.

Quais são os produtos que a Levante já oferece?

Temos cinco relatórios. Este voltado para iniciantes. Um sobre Tesouro Direto, que é interessante por abordar uma gestão ativa do investimento. Não falamos simplesmente para comprar Tesouro Selic. Analisamos a economia, a tendência para os juros e etc.. Há um produto de fundos de investimento, no qual o Felipe Bevilacqua, que era gestor de fundos, tem esse papel de ‘gestor avaliando gestor’. E dois produtos voltados para ações: um é o Melhores Ações, no qual abordamos ações que consideramos que terão um bom desempenho a partir da análise fundamentalista; e o outro que é voltado para dividendos (Ações Dividendos).

Queremos lançar em breve o produto de fundos imobiliários. Há uma agenda de lançamentos de outros produtos até o fim do ano, possivelmente a partir de julho.

A Levante já tem assinantes pagantes?

Já temos assinantes, com a base rodando. O marketing digital começou em meados de abril, então já apertamos o botão para acelerar. E a primeira impressão está sendo bem legal.

A comunicação com o investidor pessoa física requer uma abordagem agressiva para atrair a atenção ou você entende que há outras formas de abordagem?

O caminho mais fácil realmente é ser agressivo. A pessoa tem pouco conhecimento, então vê uma chamada de que pode ganhar muito dinheiro e acaba aderindo. Infelizmente, o brasileiro tem uma educação financeira precária. As promessas de ficar rico, portanto, chamam a atenção das pessoas. Tentamos fugir disso. É um grande desafio: como fazer a pessoa se interessar sem esse tipo de promessa?

Isso passa pela educação financeira. A partir do momento que as pessoas passam a entender o que é possível do que não é possível, começamos fazer o marketing verdadeiro. Nossa política é não fazer nada agressivo. Claro que tentaremos seduzir as pessoas, trazer um atrativo. Não podemos ser muito mornos. Pode ter uma pimentinha, mas precisa ser real, não adianta distorcer números.

Um exemplo de como as pessoas são seduzidas pelo dinheiro fácil é a onda do Bitcoin. Não estou dizendo que o Bitcoin não deve ser um investimento, mas é impressionante: hoje em dia tem mais pessoas que investem em Bitcoin do que CPFs cadastrados na Bolsa de Valores.

Há algum produto da Levante direcionado a criptomoedas?

Estamos desenvolvendo. Nossa questão em criptomoedas não é simplesmente falar para comprar Bitcoins e ficar rico. Também queremos explorar o lado educacional. Criptomoeda não é somente Bitcoin. Falaremos de fundamentos por trás de algumas moedas.

Você, Rafael e os investidores estão alinhados nesse caminho mais longo em vez do mais fácil?

Entendemos que o resultado mais fácil é de curto prazo. Ao longo do tempo prejudica o próprio negócio. Podemos, eventualmente, crescer menos no começo, mas como estaremos daqui dois, três anos, em termos de renovação? Pensamos de forma consistente na perpetuidade do negócio.

Qual é a perspectiva da Levante para este ano?

Queremos chegar até o fim do ano como a segunda maior do mercado, atrás da Empiricus.

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