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Luiz Cesta: Não existe caridade nos fundos

04 out 2019, 11:24 - atualizado em 04 out 2019, 11:24
É certo que o gestor tem seus interesses em ganhar dinheiro da mesma maneira que o cotista

Por Luiz Cesta, da Inversa Publicações

Olá, leitor Cesta & Fundos!

Recebo, com certa frequência, e-mails de leitores me dizendo que não adianta procurar por bons fundos e gestores. Se existissem bons gestores mesmo, eles cuidariam somente de seus próprios recursos sem abrir a estratégia para terceiros.

Como essa afirmação é recorrente no mercado financeiro, resolvi escrever aqui algumas palavrinhas sobre o assunto. E minha opinião é que essa colocação não é verdadeira.

É certo que o gestor tem seus interesses em ganhar dinheiro da mesma maneira que o cotista, e que eventuais conflitos podem ocorrer. Mas usarei novamente a simplicidade de um exemplo para colocar as coisas em seus devidos lugares.

Digamos que um jovem economista acaba de se formar em uma escola de ponta e descobre uma técnica para escolher as melhores ações em Bolsa. Por anos sucessivos, consegue um retorno de 25% anuais.

Parece um retorno bom, não?

Acontece que esse jovem começou sua vida de investidor com R$ 5.000 e após cinco anos alcançou R$ 15.258,79. É bastante dinheiro, mas ele poderia ter conseguido mais. Como?

Compartilhando essa sua estratégia e cobrando por isso.

Digamos que ele tem cinco amigos que acreditam na sua capacidade em obter retornos substantivos e o confiam R$ 5.000 cada. O jovem economista, no entanto, cobra uma taxa de 2% anuais para tomar conta desse dinheiro.

E ao final dos cinco anos, ao invés de alcançar os R$ 15.258,79, ele obteve um total de R$ 22.589,05. Ou uma melhoria de 48% sobre o que conseguiria se mantivesse sua carreira solo, egoísta e mantendo sua estratégia somente para ele.

Esse resultado foi obtido através da aplicação de sua capacidade de obter resultados para seu próprio dinheiro, bem como com a cobrança de uma taxa para aplicar essa mesma estratégia com o dinheiro de seus amigos.

E de quebra, seus amigos ficaram felizes pois obtiveram um retorno composto de 23% anuais. Que também não é nada mal.

Entenda aqui, através desse exemplo simples, que o gestor não aplica o dinheiro do cotista por caridade, mas sim para maximizar sua capacidade de aplicar estratégias vencedoras no mercado financeiro, e ganhar “mais” dinheiro com isso.

Como mostrei nesse exemplo, com uma simples cobrança de 2% sobre o patrimônio dos amigos – e quando falamos de um fundo esses amigos são os cotistas –, houve uma maximização de seus próprios resultados.

O gestor de fundos não está lá, compartilhando seus conhecimento e estratégias certeiras de mercado, por caridade, mas porque ganha, e ganha muito bem por isso.

Eu advogo, a partir dessa minha simples colocação, a tese de que há, sim, bons gestores e eles cobram por isso, alguns até bem caro. E há também os maus gestores, que cobram e não entregam resultado, ficando no meio do caminho dissolvendo seus fundos.

Cabe a mim, como estudioso de fundos aqui na Inversa, sugerir aqueles que maximizam o resultado para você leitor, cotista, que aplica. Ou melhor, confia suas economias a terceiros na expectativa de, não só melhores retornos, mas riscos condizentes com os acordados via regulamento. Ou seja, aqueles que entregam mais, cobrando menos.

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Até mais!

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