Mercados

Magazine Luiza (MGLU3) acumula salto de 60% no mês; furada ou oportunidade?

24 jan 2023, 19:28 - atualizado em 24 jan 2023, 20:00

Magazine Luiza

O Magazine Luiza (MGLU3) é um dos principais destaques do ano, com a ação disparando 60% em pouco mais de 20 dias. Até o momento, o papel lidera a alta do Ibovespa (IBOV) em janeiro, subindo mais que o dobro que a segunda colocada, a 3R Petroleum (RRRP3), que acumula valorização de 20%.

Nesta sessão, o papel voltou a disparar, fechando em elevação de 8,66%, a R$ 4,39.

Mas até onde vai esse ímpeto? É sustentável? Hora de comprar? De acordo com analistas que conversaram com o Money Times, o motivo da valorização é simples: investidores migraram da Americanas para a companhia.

Desde que a empresa anunciou o rombo de R$ 20 bilhões, a ação AMER3 desabou 92%.

“Geralmente você tem composições setoriais de alguns fundos. Como a Americanas tinha o Sergio Rial, muita gente comprou, esperando um choque de gestão. Com a frustração, ocorreu uma fuga”, diz Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

Veja no gráfico abaixo:

Leandro Petrokas, diretor de research da Quantzed, lembra que o mercado está entendendo que a empresa vai ganhar o market share (participação de mercado) da Lojas Americanas, “uma vez que são concorrentes diretos, principalmente no e-commerce”.

Ele ressalta ainda que o mercado, pelo menos até o momento, elegeu o Magalu como queridinha, visto que a ação da Via (VIIA3) sobe somente 6% no ano.

Em relatório, o Citi espera que a receita buta das vendas online (GMV, na sigla em inglês) do Magazine Luiza cresça 18%, considerando a ausência da Americanas no mercado.

Outro ponto lembrado pelos analistas foi o lado macro. Régis Chinchila e Luis Novaes, da Terra, recordam que os aspectos macroeconômicos são muito importantes para as empresas do varejo.

“Havia uma grande expectativa de juros e inflação altos para os próximos anos. Com as primeiras medidas anunciadas pelo governo, como o pacote fiscal, provável recomposição dos impostos sobre os combustíveis, algumas promessas de campanha deixadas para 2024, essa perspectiva se tornou menos negativa”, argumentam.

É hora de comprar Magazine Luiza?

Mesmo com o salto, analistas não se sentem confortáveis em recomendar as ações do Magazine Luiza. Cruz, da RB Investimentos, diz que a empresa ainda passa pelas mesmas dificuldades de antes.

“O resultado operacional pode até ser melhor, mas vai ser comprometido pela parte financeira. Ela se endividou quando a taxa de juros era menos de 2%, mas agora esse encargo da dívida está bem pesado para a empresa. Não será um dos destaques do ano”, prevê.

Petrokas, da Quantzed, afirma que depois de uma alta tão forte em tão curto espaço de tempo, “acredito que não seja um bom momento para se comprar”.

“Ainda seria cedo para apontar o Magazine Luiza como real beneficiário do caso Americanas. Talvez a gente esteja em movimento um tanto quanto exagerado. Eu aguardaria algum tempo para o desdobramento do caso Americanas”, observa.

Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, cita os riscos do varejo. “Quantas vezes, sem nenhum fundamento, essa ação subiu? Não vale o risco”, avalia.

Por fim, os analistas da Terra dizem que como a perspectiva ainda é incerta, é arriscado investir no setor de varejo.

“Os juros devem seguir pressionando as empresas e a inflação pode gerar um efeito negativo sobre as vendas. Portanto, os setores mais defensivos ou com exposição menor aos juros e inflação devem seguir como os preferidos no mercado”, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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