Varejo

Marisa (AMAR3) pode ter o mesmo destino da Americanas (AMER3)?

17 maio 2023, 9:20 - atualizado em 17 maio 2023, 9:20
Marisa
A Marisa recebeu dois pedidos de falência por conta de dívidas e acumulou prejuízo no 1T23 (Imagem: Renan Dantas/Money Times)

A Marisa (AMAR3) não deve anunciar um grande rombo contábil, como foi o caso da Americanas (AMER3), apesar das dívidas e prejuízos acumulados pela empresa.

Na última semana, a varejista recebeu dois pedidos de falência, solicitados por credores que alegam que a companhia tem dívidas acumuladas. Além disso, ela acumulou um prejuízo líquido de R$ 149 milhões no 1T23.

Apesar da crise financeira e do cenário muito desafiador, “o caso de Marisa e Americanas são diferentes no que tange aos lançamentos contábeis”, explica Heitor De Nicola, especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero.

Para ele, os casos das duas companhias são distintos, apesar de ambas enfrentarem dificuldades financeiras. “A crise da Marisa já vem de algum tempo”, aponta. No entanto, ele ressalta que a varejista de moda vem fazendo o possível para proteger o caixa, como redução do capital de giro e investimentos.

Diferentemente da Americanas também, a Marisa reforçou no seu último relatório financeiro aonde estão os lançamentos das operações de risco sacado em seu balanço. Tais operações estiveram no epicentro da crise da Americanas. No caso da varejista de moda, estão sendo lançadas como “empréstimos e financiamentos”.

Entenda a crise

Paola Mello, analista da GTI Administração de Recursos, também explicou que a situação da Marisa tem questões muito particulares, e essas dificuldades foram reforçadas pelo ambiente macro e de crédito prejudicados.

Dentre as questões que a companhia enfrenta, Paola cita: a deterioração do cenário macro afetando o segmento de classe C e as varejistas asiáticas de e-commerce conquistando uma fatia de mercado com preços mais baixos.

“Era inevitável que a empresa, que já estava sangrando há muito tempo, passasse por uma reestruturação”, avalia a analista. Contudo, “fazer isso em um momento em que o mercado de dívida praticamente fechou para as varejistas é muito mais difícil”, pontua.

Reestruturação

A Marisa atualizou o mercado das últimas mudanças no seu processo de reestruturação, depois das mudanças em sua equipe executiva desde o início do ano.

A varejista já:

  • fechou mais de 25 lojas até abril, dos 91 fechamentos planejados;
  • anunciou a venda de R$ 380 milhões em créditos tributários, recebendo R$ 100 milhões à vista, em operação que deve ser concluída até maio;
  • teve o plano de reestruturação do MBank aprovado pelo Banco Central, os acionistas controladores já subscreveram o aumento de capital de R$ 90 milhões no banco

Para o BTG Pactual, os esforços da empresa para reverter as operações são positivos, pois otimizam a presença de lojas e constroem um novo plano de ação.

No entanto, os analistas do banco calculam que a Marisa deve ter “mais dificuldades com a espiral inflacionária e o menor poder de precificação do que os varejistas mais expostos a consumidores de alto padrão”.

Enquanto isso, a divisão de financiamento ao consumo ainda é uma preocupação para o BTG, devido ao cenário de juros mais altos e inadimplência. O banco manteve uma recomendação “neutra” para os ativos da varejista após seus resultados no 1T23.

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Jornalista formada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing e repórter no portal Money Times, com passagem pela redação da Forbes Brasil. Atualmente escreve e acompanha notícias sobre economia, empresas e finanças.
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