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Mercado de criptomoedas pode enfrentar uma ameaça quântica?

15 mar 2022, 20:04 - atualizado em 15 mar 2022, 20:04
Computador Quântico e criptografia
Segundo especialista, o avanço da computação quântica poderá tornar a mineração mais rápida e, consequentemente, mais barata. (Imagem: Pixabay/TheDigitalArtist)

Existe muita discussão acerca do futuro das criptomoedas, entretanto a maioria voltada para a “moeda”, ou seja, a parte econômica. É interessante ficar atento a todos os cenários que possam influenciar o mercado cripto em sua totalidade.

Uma das maiores discussões voltadas para a parte “cripto” das criptomoedas é em relação aos computadores quânticos e sua influência na tecnologia.

A criptografia consiste no embaralhamento virtual de registros e informações trocadas, de forma que, apenas com a chave correta, é possível se ter acesso a essas informações.

O que é criptografia?

Christiano Sobral, Law Master em Direito Digital, Diretor Executivo do Urbano Vitalino Advogados e programador, explica que “a criptografia é, no fim, um meio de modificar uma informação de um modo que, só conhecendo a forma de reverter a sua codificação, torna-se possível interpretá-la.”

Segundo o especialista, hoje a criptografia mais poderosa baseia-se na multiplicação de dois números primos; fácil de ser realizado, porém difícil de ser fatorado, tornando quase impossível que seja quebrada. Mas isso com a computação como a conhecemos hoje.

O problema é que, em teoria, o computador quântico, por sua forma de processamento não binário, conseguiria superar esse desafio com facilidade, como explica o programador.

“Isso significa que como nós protegemos nossas informações se tornaria obsoleta. E, diga-se de passagem, essas máquinas não são mais ficção científica; elas já estão aí, na mão de grandes corporações do mundo do Silício.”

Como funciona um computador quântico?

Ele aponta que costumamos pensar na computação quântica como uma evolução do que temos hoje que, no fim, resultaria em máquinas portáteis com configurações diferentes, mas que ainda seriam computadores pessoais:

“Porém, é provável que não seja isso que ocorra. A tendência é que ela figure como hoje as placas de vídeo; presentes em nossas máquinas, mas voltadas para objetivos específicos”, diz.

Isso porque toda a estrutura de computação atual é baseada na lógica do processamento binário. Sobral diz que mesmo soluções avançadas de inteligência artificial e redes neurais são, no fim, baseadas em codificação de zeros e uns; “sim ou não”.

“Na computação quântica não é assim. Um pacote mínimo de informação pode ter diferentes valores simultaneamente. O que lhe permitiria, por exemplo, frente a um desafio de um labirinto, testar todas as possibilidades simultaneamente, consequentemente chegando ao caminho correto muito antes de um algoritmo com base binária”, explica.

Por isso, chaves de criptografia atuais, baseadas na faturação de dois números primos, podem ser facilmente quebradas por uma computação de base quântica.

Os computadores quânticos são o fim dos criptoativos?

Para o programador, não. Ele explica que o princípio do uso do blockchain é garantir a validade da transação por meio da verificação na rede. A validação é feita por cálculos matemáticos, e 50% mais um dos membros da rede precisam concordar entre si.

“Cada vez que a rede de blockchain cresce, o cálculo exigido para conferir se a transação é ou não válida torna-se cada vez mais complexo e caro. O que leva a chamada “mineração” a ser cada vez mais difícil, isso por recompensar quem consegue trazer a resposta mais rápido, exigindo mais capacidade de computação, e leva a maior consumo energético envolvido.”

O avanço da computação quântica poderá tornar esse processo mais rápido e, consequentemente, mais barato. Ele acredita que a tecnologia será agregadora, e não prejudicial ao mercado de criptomoedas – possivelmente resolvendo um dos problemas que costuma ser atribuído aos criptoativos: o de serem maléficos em relação ao aquecimento global e questões ambientais.

Sobral também adiciona que a computação quântica pode ajudar a diversificar os meios de validação, e não a “sumir com eles”, como muitos imaginam.

“A física quântica “trabalha não com a certeza, mas com a probabilidade. Isso pode garantir formas diferentes de validar operações ou bases de dados”, conclui.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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