AgroTimes

Mercado reavalia impacto de geadas no Brasil sobre café

23 jul 2021, 12:49 - atualizado em 23 jul 2021, 12:50
Café
Os contratos do grão arábica subiram mais de 19% nesta semana, a caminho do maior ganho desde 2001, impulsionados pela pior geada em duas décadas no Brasil (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Operadores analisam novas previsões meteorológicas que reduzem as chances de geada na próxima semana no Brasil, o que ajuda a aliviar a pressão sobre os preços do café arábica, que chegaram a ser negociados acima de US$ 2 por libra-peso pela primeira vez em mais de seis anos.

Os contratos do grão arábica subiram mais de 19% nesta semana, a caminho do maior ganho desde 2001, impulsionados pela pior geada em duas décadas no Brasil.

O dano causado pela onda de frio é especialmente prejudicial para cafeeiros jovens, o que pode afetar a produção por anos.

O clima instável no país pressiona ainda mais a inflação de alimentos. Um índice dos custos globais das Nações Unidas já está perto do maior nível em uma década.

As condições adversas em alguns dos principais produtores agrícolas têm reduzido os estoques das safras no último ano, e o forte ritmo de compras da China contribuiu para o aperto.

Nas áreas de cultivo de açúcar e café do Brasil, “o potencial de geadas e baixas temperaturas entre 30 de julho a 1º de agosto não é tão grande quanto ontem”, disse Drew Lerner, presidente da World Weather.

O aumento de nuvens e chuvas na previsão diminuiu a possibilidade, mas, se esses dois fatores desaparecerem, “o jogo volta”, disse.

Mais cedo, os preços do arábica subiram 8,2% na ICE Futures US, atingindo o maior nível para um contrato mais negociado desde outubro de 2014.

Os preços em Londres para o grão robusta, mais usado em café instantâneo, atingiram o maior patamar em três anos.

Esse cenário pode elevar ainda os preços em cafeterias e supermercados. A última vez que uma forte geada atingiu o Brasil, em 1994, os preços do café no varejo subiram para nível recorde.

A onda de frio é um segundo golpe para os cafeicultores, que já enfrentaram uma forte estiagem que deixou os campos ressecados e secou os reservatórios necessários para a irrigação

. A seca também afetou lavouras de milho a açúcar, commodities onde o Brasil também se destaca entre os principais fornecedores.

O comércio de alimentos também é confrontado com o aumento dos custos de frete e escassez de contêineres em meio à flexibilização das restrições da pandemia e recuperação das economias.

Geada
A onda de frio é um segundo golpe para os cafeicultores, que já enfrentaram uma forte estiagem que deixou os campos ressecados e secou os reservatórios necessários para a irrigação (Imagem: Pixabay/Myriams-Fotos)

As exportações de café do Brasil têm diminuído desde maio devido aos contínuos gargalos logísticos. Alguns fornecedores que contrataram cargas com tarifas mais baratas anteriormente enfrentam cancelamento das exportações por armadores, de acordo com um grupo de exportadores.

Um extra de 5% de cafeeiros nas principais áreas produtoras do sul de Minas e Mogiana terão que ser podados além da faixa típica de poda de 10% a 20%, o que reduz as perspectivas para a safra 2022-2023, disse Carlos Mera, chefe de pesquisa agrícola do Rabobank International. Mera espera uma possível desaceleração da produtividade no Brasil nos próximos três a quatro anos.

Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.