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Mercados emergentes podem ter que retomar controles de capital

09 abr 2020, 9:56 - atualizado em 09 abr 2020, 9:56
Citigroup Citibank
O Citigroup também alertou que economias em desenvolvimento podem tomar medidas mais radicais (Imagem: REUTERS/Chris Helgren)

Os controles de capital podem ressurgir em mercados emergentes como ferramenta de “último recurso” para estabilizar moedas e economias se o dólar continuar a se valorizar, de acordo com o HSBC.

“Diante dos crescentes custos fiscais e riscos de saídas de recursos, medidas extremas podem ter que ser tomadas como último recurso”, disseram estrategistas do HSBC em Londres liderados por David Bloom, em relatório enviado por e-mail na quarta-feira.

“Controles de capital não são inéditos em tempos de crise, mas vemos esses controles apenas como último recurso, dada a necessidade de proteger as fontes de financiamento.”

O Citigroup também alertou que economias em desenvolvimento podem tomar medidas mais radicais, pois a pandemia de coronavírus leva a rápidas e significativas saídas de capital. Portfólios de mercados emergentes registram saques recordes neste ano, no maior volume desde a crise de 2008, disse o Instituto de Finanças Internacionais em relatório de 8 de abril.

Saídas de recursos de portfólios de renda variável somaram US$ 72 bilhões, enquanto as retiradas em renda fixa atingiram US$ 25 bilhões.

O índice de moedas MSCI EM acumula queda de quase 6% neste ano, com o rand da África do Sul, o real e o peso mexicano com perdas acima de 20%. A depreciação encarece o pagamento da dívida externa pelos governos, dos quais quase US$ 570 bilhões vencem neste ano, segundo estimativa do HSBC, o que equivale a 2% do PIB de países em desenvolvimento.

Bancos centrais normalmente aumentam as taxas de juros para desacelerar as saídas de capital, mas desta vez estão afrouxando a política monetária devido ao choque causado pela pandemia na demanda e na oferta, escreveram os analistas do HSBC. As políticas expansionistas podem criar uma “crise cambial” devido ao “trilema” econômico de que a livre mobilidade de capital, autonomia monetária e estabilidade cambial não podem coexistir, disseram.

Países com grandes necessidades de financiamento externo, orçamento considerável, déficits em conta corrente e sistemas bancários frágeis são os candidatos mais prováveis a recorrer a controles de capital, disse o HSBC.

Moedas sensíveis ao mercado acionário dos EUA e as de países com alta participação estrangeira em mercados de renda fixa locais também correm risco de provocar uma resposta política mais forte por parte das autoridades, escreveram os estrategistas.

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