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Monetização de APIs: entenda o que é e como funciona a partir do caso eBay

03 maio 2023, 12:09 - atualizado em 03 maio 2023, 12:09
Marylin Hahn, CRO do Bankly, fala sobre um capítulo do livro sobre a Jornada Colaborativa e o API na prática (Foto: Divulgação)

Por Marilyn Hahn*

No fim do ano passado, recebi o convite para ser coautora de um livro sobre a Jornada Colaborativa. O título da publicação é Jornada API na prática. Mas, você sabe o que é isso?

A Jornada Colaborativa é uma comunidade apaixonada por pessoas e tecnologia, que compartilha experiências por meio de livros e palestras. Nessa obra, escrevi sobre um tema ainda não tão explorado. Porém com uma necessidade extremamente urgente de conteúdo e casos de uso: a monetização de APIs.

A monetização de APIs acontece quando uma empresa gera receita através de interfaces de programação de aplicações (API), na sigla em inglês, direta ou indiretamente. Apesar do conceito simples, há diversos fatores a serem considerados no momento de incorporar as APIs como linhas de negócios. Isso vai desde as especificidades da integração até o modelo de precificação a ser utilizado.

Em um capítulo inteiro no livro, tem uma abordagem sobre os mais diversos modelos de monetização. Além disso, também trata da importância de enxergar a API como um produto e as boas práticas de lançamento.

nesta coluna, dedico-me a um dos casos de uso de APIs que cito brevemente no livro. A proposta é instigar a curiosidade sobre o tema. Afinal, o caso eBay é um show de metodologia e um benchmarking para qualquer empresa de tecnologia.

APIs e o eBay

Em 2021, o eBay tornou-se emblemático por gerar mais de US$ 5 bilhões de receita com suas APIs desde o primeiro lançamento, em 2015. A empresa atribui o sucesso ao modelo de Know Your Developer (KYD) – ou conheça seu desenvolvedor.

Trata-se de uma prática que é utilizada para desenhar e implementar as APIs em quatro grupos. São eles:

  • Sell APIs: funcionalidades criadas para a jornada do usuário vendedor de produtos dentro da plataforma.
  • Buy APIs: permitem que os parceiros da plataforma façam a curadoria correta dos produtos que mais se encaixam no modelo de negócios. Aqui, é possível até mesmo que os usuários finais dos parceiros transacionem de forma transparente, sem acessar o site do Ebay diretamente.
  • Commerce APIs: conjunto de APIs que possuem funcionalidades comuns tanto para vendedores quanto para compradores.
  • Developer APIs: funcionalidades de integração, por exemplo, para que o desenvolvedor saiba o limite ou a quantidade de dados utilizados nas chamadas.

O eBay afirma que a classificação criada foi fundamental para aplicar a proposta de valor à jornada de cada uma dessas pessoas e contextos de uso. Ou seja, essa divisão ajuda os vendedores a determinarem a melhor categoria do eBay para oferecer cada item de estoque para venda em um mercado selecionado.

Além disso, também apoia na seleção de categorias de itens para uma campanha ou promoção. Também fornece informações sobre os aspectos importantes na definição de um item de estoque em determinada categoria. Porém, essa metodologia é apenas um dos segredos da empresa.

APIs: como funciona

Assim, o pontapé inicial para lançar produtos de sucesso vem das APIs. Portanto, a operação e a gestão de melhorias contínuas não podem ser deixadas de lado.

Além de realizar rodadas de feedback para os seus beta users, com workshops para mapear melhorias de implantação e operação periodicamente, o time eBay também sugere estes cinco pilares de boas práticas:

  • Pilar 1: Dê as ferramentas certas. Pense em blocos de construção, feeds de API, notificações de eventos, SDKs, soluções para widgets etc. Confira quais ferramentas de design de API estão disponíveis.
  • Pilar 2: Foco na Satisfação do Cliente. As APIs precisam ser intuitivas e fáceis de entender e consumir porque são feitas para desenvolvedores humanos. E essa satisfação do cliente é uma das métricas cruciais para medir o sucesso do programa porque ajuda a simplificar a integração.
  • Pilar 3: Documentação impecável. O contrato da API deve ser intuitivo e fácil de entender; os desenvolvedores não devem estudar a documentação para saber como integrar com as APIs. No entanto, a documentação é essencial para contar uma história.
  • Pilar 4: Suporte. Arme seus desenvolvedores com suporte técnico razoável, tenha fóruns e vários pontos de comunicação e conexão para eles acessarem.
  • Pilar 5: Crescimento. Só porque as APIs já foram lançadas ao mercado, não significa que o ciclo terminou. A equipe deve continuar inovando e crescendo com os negócios e levar a sério o feedback dos usuários.

Com isso, o eBay encoraja que cada empresa encontre a própria “proposta técnica de valor”. Ou seja, que seja capaz de construir um portfólio consistente de APIs e até “perca” algum tempo tentando alinhar e desenvolver conceitos, padrões e boas práticas.

Boa governança sustenta a visão técnica

Monetizar a API é a última etapa do processo de produtização. Existe uma série de variáveis anteriores ao processo que faz a API ser viável técnica e operacionalmente.

“No eBay, acreditamos que tudo o que se aplica à API pública também deve se aplicar às APIs privadas internas, e a boa governança é como fazemos isso”, afirmou Tanya Vlahovic, head of the Developer Ecosystem & Lead API Architect no eBay em 2018.

Boas organizações com um forte programa de governança realmente criam uma visão técnica para a API. Isso inclui preocupações como vocabulário, consistência de novos versionamentos e padrões que ajudam em todo o processo de governança.

Portanto, praticar uma boa governança, como no caso eBay, garante que cada API deve se adequar a essa versão técnica. O mesmo vale para o processo, que deve ser transparente, e o objetivo para os usuários. Então, o segredo é achar o equilíbrio entre uma forte governança e o empoderamento dos times para que inovem constantemente.

Quer saber mais sobre monetização de APIs e aprender sobre APIs na prática? O livro da Jornada Colaborativa já está disponível através da Editora Brasport.

*Marilyn Hahn é CRO do Bankly, plataforma de Banking as a Service com sua própria licença bancária, com o objetivo de descentralizar a oferta de serviços financeiros permitindo que cada empresa se torne uma fintech e possa criar e escalonar suas próprias soluções financeiras. 

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