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Nova bolsa, concorrente da B3 (B3SA3), pode ser inevitável, diz BofA

08 fev 2023, 16:58 - atualizado em 11 fev 2023, 19:21
Ibovespa-Ações-Mercados-B3
B3 preste a ganhar concorrente? BofA vê situação como inevitável, mas mantém otimismo com papel.  (Imagem: Patricia Monteiro/Bloomberg)

A negociação para uma nova bolsa aqui no Brasil vem de longa data e sempre foi apontada como um risco para a B3 (B3SA3). E, na visão do Bank of America (BofA), uma nova concorrente pode ser inevitável.

Na última terça, a notícia de que a Mubadala Capital, um fundo árabe com US$ 284 bilhões em ativos sob gestão, concluiu a compra da Americas Trading Group (ATG), empresa especializada em negociação eletrônica de ativos financeiros, mexeu com ação, colocando a B3 entre as maiores perdas do Ibovespa do dia.

A ATG até tentou bater de frente com a companhia, porém sua unidade depositária (ATS) entrou em conflito com a dona da bolsa brasileira devido ao custo de seus serviços de compensação e teve sua licença negada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Na época, a ATG argumentou que os serviços de compensação oferecidos pela B3 eram caros, impossibilitando o funcionamento de uma nova bolsa.

“A aquisição levanta preocupações (mais uma vez) de que a B3 possa enfrentar a concorrência em um futuro próximo, encerrando sua posição de monopólio no Brasil, especialmente considerando os recursos e a credibilidade da Mubadala”, discorre o BofA.

Indícios

O BofA também recorda que a Mubadala fez um aporte de R$ 550 milhões na Cerc, uma empresa brasileira de registro de recebíveis, no final de 2022.

“Embora a Cerc atualmente opere o registro de cartões de crédito e duplicatas, o aumento de capital pode impulsionar o desenvolvimento de novos negócios, como o registro de financiamento de veículos e crédito imobiliário, atualmente operados pela B3”, coloca.

Além disso, segundo o Pipeline, do Valor Econômico, a Cerc já solicitou uma licença de depositário e compensação do Banco Central, sugerindo potencial expansão em um negócio atualmente operado exclusivamente pela B3.

Nova bolsa

O BofA considera que B3 enfrentará eventualmente a concorrência em alguns de seus principais negócios. Porém, os analistas notam que a empresa não está parada, com investimentos em outras linhas, melhorando o relacionamento com os clientes e diversificando novas verticais de receita.

E mesmo que a nova bolsa ganhe forma, o banco nota que a a experiência recente no México mostra que o desenvolvimento de uma nova bolsa é desafiador.

“A Bolsa Institucional de Valores (BIVA) levou mais de quatro anos para atingir cerca de 10% de participação de mercado na negociação de ações”, discorre.

Comprar B3?

Apesar do risco no retrovisor, o BofA diz que a B3 a empresa oferece um mix de resultados resiliente, combinando renda fixa, ações e negociação de derivativos, bem como receitas de pós-negociação, registro e dados.

Além disso, calculam analistas, a B3 atualmente é negociada a 13,5 vezes o preço sobre o lucro (P/L) de 2023, um desconto de 38% para os pares internacionais e acima de seu desconto histórico médio de cerca de 20%.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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