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Oi (OIBR3) vai conseguir virar o jogo em 2023? Veja o que pensa o mercado

26 dez 2022, 9:00 - atualizado em 26 dez 2022, 10:00
Oi
Empresa recebeu cobrança de R$ 1,7 bilhão referente a contrato assinado com TIM, Vivo e Claro (Imagem: Oi/Reprodução)

A poucos dias do fim do ano, a Oi (OIBR3) encerra 2022 com dúvidas pelo caminho. Apesar de a empresa ter conseguido sair da recuperação judicial, o fim do processo, que se arrastava desde 2016, era esperado para o começo do ano.

Outro ponto negativo, a ação judicial movida pela Vivo (VIVT3), Claro Tim (TIMS3para congelar R$ 3,18 bilhões na venda de ativos ajudou a colocar ainda mais incertezas sob o papel.

Além disso, a piora dos números do terceiro trimestre, com um prejuízo de R$ 3,06 bilhões ante os R$ 321 milhões do segundo, foi visto por analistas como um sinal ruim para uma empresa que precisa gerar caixa e entregar resultados com urgência.

  • O processo de recuperação judicial da Oi (OIBR3) finalmente acabou. Com a queda de 77% nos últimos 12 meses, dívidas milionárias e cenário econômico ruim, Rodolfo Amstalden, co-fundador da Empiricus Research, recomenda investir em outra telecom com receita previsível, resiliente e com ótimos dividendos. [CLIQUE PARA CONHECER]

Toda essa desconfiança pode ser vista no desempenho em 2022, queda de 74%. A ação entrou no ano valendo R$ 0,74 e irá encerrá-lo ainda na casa dos centavos.

Ação acumula queda de 70% em 2022

Para contornar a situação, a tele já aprovou grupamento, na proporção de 10 para 1, com expectativa de negociar acima de R$ 1 em 2023.

No entanto, como já comentado por analistas, a elevação pode resultar em um efeito psicológico para novos tombos, já que, em tese, o valor fica mais alto, embora o capital social continue o mesmo.

2023, ano de incertezas

Por mais que a ação venha em queda livre desde, pelo menos, janeiro de 2021, com declínio de 94% no período, analistas ouvidos pelo Money Times ainda enxergam desvalorizações em 2023.

Igor Guedes, analista de telecom da Genial Investimentos, projeta muito risco para pouco resultado.

“Apesar de acumular uma queda forte, ainda entendemos que há espaço para novas quedas, principalmente se todas as dificuldades financeiras e operacionais se mantiverem, causando novos prejuízos e aumentando sua dívida total, prejudicando ainda mais o futuro da Oi”, esclarece.

Em sua visão, o ano será difícil, com um resultado financeiro negativo em meio à alta dívida bruta e a perspectiva de aumento na taxa de juros devido à situação fiscal que será potencialmente deteriorada a partir de 2023 e deve atrapalhar a tentativa de turnaround da companhia.

O mercado espera a Selic em 13,75%, pelo menos, até julho. A maioria dos economistas prevê queda da taxa, mas isso deixou de ser um consenso após a PEC da Transição do governo.

Como discutido nesta matéria, os juros nas alturas estrangula empresas endividadas, que é o caso da Oi, já que precisam pagar taxas maiores aos credores.

“Achamos que a saída da RJ (recuperação judicial) não livra a Oi de seus problemas, que segue com números preocupantes em relação ao seu futuro, nos impedindo de ficar com um viés positivo”, discorre.

A visão é reiterada por Leo Dutra, da Invius Research, que vê a ação ainda penalizada enquanto não efetivar uma redução de custos para melhorar a margem operacional.

“Enquanto não vislumbrarmos um resultado positivo e retomada das margens, acredito que ainda não será um bom momento para a companhia”, completa.

Oi (OIBR)
Fibra óptica é vista como o futuro da internet, mas como fica a Oi nessa situação? (Imagem: Facebook/Oi)

V.tal pode ser a solução?

Desde que aprovou sua reestruturação, em 2020, a V.tal, que herdou a rede de fibra óptica da Oi, é vista como a galinha de ovos de ouro da tele.

Parte da companhia foi comprada por fundos do BTG Pactual e continua atraindo novos investidores, como o fundo canadense que anunciou aporte de R$ 2,5 bilhões na empresa.

Para 2023, é esperada uma abertura de capital (IPO), o que na, visão de Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, seria um gatilho positivo.

Com a venda, a Oi poderia diminuir a alavancagem operacional. Porém, a Genial não espera a oferta andando no curto prazo.

“Vemos ainda a V.tal com operações pouco maduras, necessitando mais capex (investimento) para passagem de casas, crescer mais a rede para se tornar mais madura e desenvolvida, além de um cenário macro brasileiro que teria que ajudar na sua precificação, o que não parece que irá ocorrer em 2023”, discorre.

Mesmo acreditando que a V.tal é um negócio com um potencial futuro, Guedes, da Genial, vê problemas na estrutura de capital da Oi atrapalhando toda a possível geração de valor para os seus acionistas que a empresa de rede neutra pode trazer, “nos deixando com um viés e recomendação mais negativos para o case”.

“A Oi contratou recentemente a Moelis & Co., uma consultoria especializada para propor soluções para essa alocação. Vemos a contratação como positiva, porém, preferimos aguardar mais detalhes”, completa.

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De acordo com o consenso do mercado compilado pela Reuters, de quatro analistas, três possuem recomendação neutra e um de venda (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

É hora de comprar Oi?

Na visão de Dutra, da Invius Research, para quem pensa em um processo de construção de carteira de longo prazo com boas empresas, a recomendação seria de ficar fora do ativo até que a Oi apresente melhorias nos resultados.

Já a Genial tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 0,23.

“Estamos mais pessimistas com o papel. Entendemos que o processo de recuperação judicial levou a companhia para um cenário que era necessário vender seus ativos para sanar suas dívidas, e mesmo após vender seus principais negócios ainda sobrou uma dívida relevante, que ainda nos parece muito preocupante pela perda da capacidade de geração de caixa operacional”, afirma.

A Genial diz ainda que, para resolver esse sobrepeso, o STF (Supremo Tribunal Federal) teria que emitir um parecer de maneira a transformar as concessões do legado, como obrigações de orelhões, em permissões, o que retiraria a obrigatoriedade de investimento por parte das empresas de telecomunicações, “até porque não é só a Oi que sofre com esse problema”.

De acordo com o consenso do mercado compilado pela Reuters, de quatro analistas, três possuem recomendação neutra e um de venda.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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