Economia

PEC da Transição aumenta dívida pública e fiscal interfere na atuação do BC, diz Campos Neto

18 nov 2022, 11:12 - atualizado em 18 nov 2022, 11:37
Campos Neto
Campos Neto afirmou, em evento promovido pela Bloomberg, que é muito importante ter coordenação entre políticas fiscal e monetária (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A PEC da Transição vai provocar um aumento do déficit público e da dívida do governo, disse nesta sexta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ressaltando que a questão fiscal poderá interferir nos cenários avaliados pela autoridade monetária para definir sua atuação.

Campos Neto afirmou, em evento promovido pela Bloomberg, que é muito importante ter coordenação entre políticas fiscal e monetária.

Segundo ele, o elemento incerteza define grande parte do trabalho do BC.

A estimativa apresentada pelo presidente do BC aponta que eventual aprovação da PEC apresentada pelo governo eleito deve levar o déficit primário do governo central de 0,8% para 1,5% do PIB em 2023.

Como consequência, o aumento da dívida bruta do governo entre 2022 e 2023, atualmente estimado de 77,7% para 81,9% do PIB, “seria ainda maior”.

Na apresentação, Campos Neto disse que muitos dos programas temporários do governo devem se tornar permanentes, sendo difícil para os agentes econômicos entender qual será o arcabouço fiscal do país à frente, e destacando que “o mercado não é um monstro ou uma entidade”, mas um mecanismo de alocação de recursos na economia.

Campos Neto disse ser necessário olhar para o social juntamente com a disciplina fiscal, de forma a explicar ao mercado que haverá convergência do endividamento público.

Ele foi cauteloso ao afirmar que o mercado vê uma vontade do governo eleito em gastar mais do que o esperado, defendendo ser preciso esperar para ver o que de fato será aprovado na área fiscal.

Em relação à dinâmica da inflação, o presidente do BC disse não achar que o trabalho está feito, não havendo razões para celebrar e sendo necessário persistir.

Para ele, o BC ainda tem que entender os avanços recentes nos números da inflação.

Campos Neto afirmou ainda que a liberação de crédito subsidiado tem impacto na taxa neutra de juros do país, ressaltando que um retorno a um cenário com bancos públicos concedendo esse tipo de crédito “mudará nosso quadro”.

(Atualizada às 11:37)

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