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Pegada global da Airbus se torna onerosa com crise do setor

08 jun 2020, 17:20 - atualizado em 08 jun 2020, 17:20
Destacando a urgência, a fabricante de aviões não recebeu novos pedidos e realizou apenas 24 entregas de aeronaves para o mês de maio (Imagem: Divulgação/Airbus)

Nos últimos 12 anos, a Airbus passou de uma fabricante de aviões europeia com produção puramente local para uma empresa global com linhas de montagem em três continentes, o que aumenta seu sua influência para receber pedidos no mundo todo.

Mas, com crise sem precedentes da indústria da aviação, a empresa agora descobre que o amplo alcance, em vez de vantagem, se tornou um fardo.

Em teleconferência em 5 de junho, o comando da empresa se reuniu para discutir a resposta à crise, disseram pessoas com conhecimento das conversas. Guillaume Faury, diretor-presidente da Airbus, já havia avisado que a companhia precisa agir para reduzir a força de trabalho porque está queimando caixa.

Destacando a urgência, a fabricante de aviões não recebeu novos pedidos e realizou apenas 24 entregas de aeronaves para o mês de maio.

A Airbus já cortou as metas de produção, adaptando-se à nova realidade logo após o bloqueio global de viagens que começou em meados de março.

Mas companhias aéreas avisam que a recuperação não será iminente, por isso, fabricantes de aviões enfrentam a difícil pergunta se são necessários cortes mais profundos e onde o machado deve cair primeiro.

“Eles precisam decidir qual o tamanho do sistema de produção que desejam atender com esse novo nível de demanda”, afirmou Sash Tusa, analista da Agency Partners, em Londres. “O grande problema é se a Airbus pode se dar ao luxo de ter produção em cinco países diferentes.”

A Airbus disse em abril que não tinha planos de fechar a unidade A220 no Canadá ou a linha de montagem do Alabama, nos EUA, que abriu oficialmente este mês.

A presença dos EUA permite vender a clientes americanos sem as tarifas impostas a aeronaves europeias em uma disputa comercial em andamento.

Custos mais altos

Mas manter essa rede global sai caro. As peças são enviadas de unidades em toda a Europa, como asas do Reino Unido ou seções de fuselagem da França e da Alemanha.

É um mecanismo global bem ajustado que diferencia a Airbus da rival Boeing, que tem as linhas de montagem mais localmente agrupadas nos EUA.

Os poderosos sindicatos da Airbus se reunirão nesta semana para discutir propostas da gerência, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

Um porta-voz da Airbus disse que a empresa está estudando medidas adicionais para mitigar o impacto da crise em cooperação com parceiros, mas que nenhuma decisão final foi tomada.

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