Peso pesado das Small Caps, Trígono atrai capital e nada contra corrente; CEO abre a carteira

Vencer o CDI é um dos desafios atuais mais difíceis para os agentes do mercado financeiro. As gestoras de recursos (conhecidas também como assets) disputam clientes que tem em mãos CBDs dos bancos rendendo quase 1% ao mês, além de tubarões institucionais com dezenas de milhões de reais, atraídos pelos rentáveis e seguros títulos do Tesouro.

Diante desse contexto, muitas assets voltadas à renda variável perderam recursos, com seus clientes realizando saques na busca pela renda fixa. Algumas diminuíram suas equipes, outras até fecharam as portas. Mas esse não é o caso da Trígono Capital, gestora especializada em Small Caps, que em outubro ficou entre as 20 assets que mais captaram investimentos no mês (ou seja, que tiveram saldo líquido positivo, com mais grana entrando do que saindo. Confira o ranking mais abaixo).

Segundo seu CEO, Frederico Mesnik, alguns fatores que explicam a confiança dos investidores na Trígono. “A parceria com BB Asset abriu todos os canais do Banco do Brasil para nossa captação”, diz o CEO ao Money Times, sobre acordo firmado em junho para a distribuição conjunta de fundos, que começou em setembro. A BB Asset é a maior do Brasil, com um patrimônio que equivale a mais de 10% do PIB: R$ 1,5 trilhão.

“A partir disso, nosso papel foi de visitar todas as principais praças do BB, conversar com a maior quantidade de bankers do segmento Private e do segmento Estilo, passar nossa visão, explicar nosso processo de investimento e colher esses frutos”, diz Mesnik, sobre as possibilidades abertas com a parceria.

A Trígono também considera importante o diálogo constante com seus clientes, expondo as teses e as estratégias. “Um dos fatores é a educação do público investidor, com transparência a respeito de nossos investimentos”, afirma Mesnik. “Os nossos investidores têm muita informação sobre onde está o dinheiro deles, através de nossas lives, de nossos podcasts”, explica.

As empresas da Trígono

Indagado sobre as empresas que ajudaram na performance da gestora, que é sócia-minoritária dessas companhias, o CEO destaca alguns nomes:

• Metal Leve (LEVE3), a empresa que produz autopeças, segundo o gestor, é uma das mais baratas da carteira;
• Tupy (TUPY3), que produz blocos de motor;
• Ferbasa (FESA4),empresa que produz minério de cromo, para produção de aço inoxidável, e o minério de silício, para produção de placas fotovoltaicas;
• Kepler Weber (KEPL3), maior empresa de silos do país;
• São Martinho (SMTO3) e Jalles Machado (JALL3), que são usinas de açúcar e álcool.

Mesnik afirma que “as teses de investimento são muito sólidas e o mercado está favorável”, no sentido de que as empresas têm apresentado bons resultados.

Leia também

Empresas

Embraer (EMBR3): Como Lula quer dar um ‘empurrãozinho’ nas vendas

Mercados

Ibovespa dispara e fecha a semana a 126 mil pontos; entenda o que levou a bolsa para o azul

“Os lucros vêm crescendo trimestre a trimestre, e a cota do fundo não acompanha, o que torna elas mais baratas”, diz. Ele afirma que a principal questão a ser resolvida em relação ao mercado de capitais no Brasil é a questão fiscal do país.

“Como o Brasil é um país alavancado, que cresce pouco, mostrando déficits primários cada vez maiores, o juro longo não vai cair, e a bolsa não vai andar”, afirma. Ele diz, no entanto, que vê parte da política do novo governo a favorecer as empresas da Trígono, com medidas em relação à indústria.

“É um grupo de pessoas que vai priorizar a indústria”, diz, citando o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e ligado à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

“Eles vão tomar medidas que acabam afetando nossas empresas. Então temos ações no setor de etanol, setor automotivo, a indústria como um todo”, diz. “Devemos ver no curto prazo anúncios para esses setores”.

• Federalização da Copasa e Cemig: Qual o impacto da mudança para as empresas? Saiba o que fazer com as ações no Giro do Mercado desta quinta-feira (23), é só clicar aqui: 

Trígono fica no top 20 na captação líquida de outubro

Em meio à onda de resgates do mercado, a asset registrou captação líquida de R$ 322 milhões em outubro, pelo levantamento da Quantum, figurando em 15º lugar.

No entanto, a gestora foi a que menos registrou resgates na lista, com R$ 40 milhões sacados pelos clientes no mês.