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Pesquisa inédita: 57% da força de trabalho brasileira terá mais de 45 anos em 2040, mas poucas empresas estão se preparando

19 ago 2022, 14:04 - atualizado em 19 ago 2022, 14:19
Envelhecimento
Levantamento aponta que as organizações são etaristas (Connor Wang/Unsplash)

Segundo relatório do Caged, mais de 700 mil profissionais com mais de 50 anos perderam seus empregos durante a pandemia da Covid-19. Por outro lado, cerca de 60% das empresas afirmam que têm dificuldade em contratar pessoas nessa faixa etária.

É o que revela a pesquisa da Maturi, empresa especializada no mercado 50+, em parceria com a EY Brasil, uma das maiores companhias de consultoria e auditoria do mundo.

Para responder à questão “por que as pessoas com mais de 50 anos não são consideradas como força de trabalho em um país que envelhece?”, o levantamento contou com a participação de 191 empresas de diversos portes que atuam em 13 setores diferentes.

Guerra de talentos

Para o fundador da Maturi, Mórris Litvak, o Brasil vive uma guerra global de talentos.

“Ao mesmo tempo em que presenciamos desemprego em níveis recordes durante a pandemia, setores mais relacionados à tecnologia e inovação enfrentam um déficit de mão de obra que não será preenchido apenas com a abertura de vagas em universidades. Principalmente, porque olhar exclusivamente para o início da formação profissional significa deixar de fora a parcela da população que mais cresce no Brasil e no mundo: o público 50+”.

Ele acrescenta que questões inerentes à diversidade e inclusão, LGBTQIA +, PCDs e participação feminina já são muito discutidas e trabalhadas nas empresas, mas menos da metade trabalham o pilar etário.

Assim, ele complementa que pelo fato da população 50+ ser a que mais cresce no Brasil exige que governos e empresas adotem uma nova compreensão – uma perspectiva mais inclusiva e estratégica.

“Nas organizações, quem abrir oportunidades de atração e retenção, assim como desenvolver novas trilhas de reskilling (requalificação) e upskilling (aprimoramento), continuará a contar com uma mão de obra produtiva, engajada e capaz de contribuir para a inovação nos negócios. Mas isso não acontecerá da noite para o dia, é preciso muito trabalho, com discussão e novas práticas para conscientização do mercado”.

Organizações etaristas

Outra informação identificada no levantamento é que as organizações são etaristas. Ou seja, apresentam algum tipo de preconceito, intolerância, discriminação contra pessoas com certa idade.

Essa é a percepção de 78% das empresas participantes. O discurso do mercado sobre a importância do tema não condiz com a prática, uma vez que faltam ações concretas das organizações.

Com, por exemplo, 80% das empresas respondentes não possuem políticas específicas e intencionais de combate à discriminação etária em seus processos seletivos.

Além disso, não há uma visão clara sobre como deixar de ser etarista, uma vez que a intenção de ações a serem implementadas são mais generalistas e já conhecidas como mentoria e gestão do conhecimento, e não intencionais como revisão de políticas e inclusão de 50+ em processos seletivos.

Algumas empresas já estão cientes dessa realidade e, de alguma maneira, deram início à implementação de ações que possam acelerar a disseminação de uma cultura inclusiva em toda a organização, explica a gerente de People Advisory Services da EY Brasil, Raquel Thomazi.

“Há muito trabalho a ser feito no Brasil em relação a essa pauta, principalmente para que as lideranças a enxerguem como oportunidade estratégica em um país que envelhece a passos acelerados, deixando de ser a principal barreira de entrada dessa população nas organizações”, pontua ela.

Envelhecimento já é percebido nas empresas

O levantamento mostra que apesar da projeção de que 57% da força de trabalho brasileira terão mais de 45 anos em 2040, são poucas as empresas que se preparam para esse cenário.

Três em cada cinco pesquisados afirmaram acreditar que o envelhecimento da população terá impactos para a sua empresa, 41% já sentem esses impactos e 88% concordam total ou parcialmente com a afirmação de que as empresas que se prepararem para o envelhecimento estarão em vantagem.

No estudo, 33% dos entrevistados não praticam nenhuma ação voltada ao tema e, entre as que já praticam algo, as ações costumam ser ainda pontuais e incipientes. Palestras de conscientização e estruturação de grupos de afinidade estão entre as medidas mais implementadas.

“A tendência é que a questão do envelhecimento dos profissionais se torne ainda mais relevante nos próximos três anos, a partir de ações estimuladas pelo RH. O estudo mostra que 57% das organizações pretendem executar ações voltadas ao envelhecimento, como investir no recrutamento de profissionais maduros e na preparação da cultura organizacional, até 2025”, afirma o fundador da Maturi.

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Estagiária
Formada em Gestão de Negócios e Inovação pela Fatec Sebrae e, atualmente, estudante de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. Tem como propósito atuar visando os princípios éticos do jornalismo com comprometimento com a informação de qualidade e o combate à desinformação.
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