Política

Por ordem de Araújo, Itamaraty suspende envio de notícias nacionais para postos diplomáticos

13 maio 2020, 16:45 - atualizado em 13 maio 2020, 16:45
Ernesto Araújo
A razão por trás da decisão, segundo uma das fontes, seria a insatisfação do chanceler Ernesto Araújo com a cobertura dos veículos brasileiros sobre a política externa encabeçada pelo ministro (Imagem: REUTERS/Luis Echeverria)

O Itamaraty suspendeu, por determinação do ministro Ernesto Araújo, o envio de notícias veiculadas na imprensa nacional aos postos diplomáticos no exterior para subsidiar o trabalho dos diplomatas brasileiros, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

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O trabalho, feito diariamente pela assessoria de imprensa do órgão, servia para auxiliar os diplomatas no exterior com as informações sobre o que ocorre no Brasil.

Desde a semana passada, o chamado clipping só é feito com notícias de veículos internacionais que trabalham no Brasil.

De acordo com uma das fontes, não foi dada qualquer explicação aos diplomatas quando o material deixou de chegar aos postos no exterior.

“Agora temos que trabalhar sem as informações publicadas pela imprensa brasileira. Só nos chega o clipping de publicações estrangeiras”, disse.

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Os postos diplomáticos têm verba específica para assinatura de jornais do local onde estão localizados, mas não de jornais brasileiros.

A razão por trás da decisão, segundo uma das fontes, seria a insatisfação do chanceler Ernesto Araújo com a cobertura dos veículos brasileiros sobre a política externa encabeçada pelo ministro.

A gota d’água teria sido o artigo assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os ex-chanceleres Aloysio Nunes Ferreira, Celso Amorim, Celso Lafer, Francisco Rezek e José Serra, o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero e o ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência, Hussein Kalou, publicado pelos grandes jornais brasileiros.

Jair Bolsonaro
Quando o presidente Jair Bolsonaro determinou a suspensão da assinatura da Folha de S.Paulo, o jornal –que tem a maior circulação do país– foi retirado da seleção de notícias. (Imagem: Flickr/ Isac Nóbrega/PR)

No texto, os autores dizem estar preocupados com “a sistemática violação pela atual política externa dos princípios orientadores das relações internacionais do Brasil” definidos na Constituição, a subserviência aos Estados Unidos e o que chamam de custos de difícil reparação à imagem brasileira, com “desmoronamento da credibilidade externa, perdas de mercados e fuga de investimentos.”

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Araújo foi às redes sociais para responder o artigo, mostrando estar realmente irritado.

Em duas séries de mais de uma dezena de posts, chamou o ex-presidente e ex-ministros de “paladinos da hipocrisia” e “figuras menores” que deveriam aprender com o atual governo como se defende a Constituição.

“Se querem implementar de novo seus falidos projetos de política exterior para servir a um sistema de corrupção e atraso, muito bem. Apresentem esse projeto ao povo e disputem uma eleição. Não fiquem usando a Constituição como guardanapo para enxugar da boca da sua sede de poder”, escreveu.

De acordo com uma segunda fonte, o clipping interno do Itamaraty já havia sido modificado desde o ano passado.

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Quando o presidente Jair Bolsonaro determinou a suspensão da assinatura da Folha de S.Paulo, o jornal –que tem a maior circulação do país– foi retirado da seleção de notícias.

Em seguida, o gabinete do ministro ordenou a assinatura de sites de apoio a Bolsonaro, que passaram a ser incluídos no clipping do ministério. Procurado pela Reuters, o Itamaraty não se manifestou de imediato sobre a suspensão.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
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