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Por que as projeções da Cogna foram, no mínimo, frustrantes

15 dez 2020, 14:54 - atualizado em 15 dez 2020, 15:07
A companhia aposta no ensino a distância para compensar a forte queda no programa de financiamento estudantil do governo (Imagem: Unsplash/@headwayio)

Na última segunda-feira (15), a Cogna (COGN3) realizou o seu Dia do Investidor para apresentar as suas projeções dos próximos anos.

A empresa espera alcançar um Ebitda, que mede o resultado operacional, de R$ 2,4 bilhões até 2024. Além disso, a companhia aposta no ensino a distância para compensar a forte queda no programa de financiamento estudantil do governo, o Fies.

Apesar disso, os números não animaram nem os investidores, com as ações fechando em queda de 5,47% na sessão da última segunda (14), nem os analistas do BTG Pactual, que estão céticos em relação ao futuro da empresa.

De acordo com Samuel Alves e Yan Cesquim, que assinam o relatório, mesmo com as tendências de fluxo de caixa mais positivas, o evento foi “frustrante, pois não conseguiu explicar como a empresa pode rapidamente melhorar a desalavancagem – prova disso foi a falta de orientação para 2021”.

“Acreditamos que alguns investidores esperavam ouvir planos de vendas de ativos (o que poderia trazer um retorno patrimonial considerável), mas essa ideia definitivamente não foi expressa pela empresa”, argumentam.

Ainda segundo a dupla, o cenário para o segmento de graduação ainda parece desafiador, dada a alavancagem operacional negativa da Kroton, que se combinou com uma alavancagem financeira ainda elevada (bem acima dos concorrentes), “o que deve evitar qualquer FCFE (Fluxo de Caixa Livre para o Patrimônio Líquido, em português) positivo no curto prazo”.

Correndo atrás do prejuízo

A companhia apresentou um plano de reestruturação do Campus Kroton, que reúne universidade como Anhanguera e o Colégio Pitágoras.

Entre os pontos levantados, está a otimização do portfólio dos cursos, com aumento de participação dos cursos de medicina, uma redução na cobertura de cidades, com a junção de campus, e a contenção dos custos e despesas, usando 40% do conteúdo online em cursos presenciais.

“Ficamos positivamente surpresos ao ver que a reviravolta já estava totalmente implementada, mas também traz um grau de preocupação, pois os resultados ainda parecem pressionados, apesar deste plano”, afirmam.

Rodrigo Galindo
“A plataforma (de marketplace) pode ser no médio e longo prazos transformadora para nossa organização”, disse o presidente-executivo da Cogna (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Marketplace da educação

A Cogna aproveitou o evento para lançar um marketplace de educação voltado para jovens e adultos que vai integrar produtos de ensino da empresa com outros oferecidos por terceiros, na expectativa de preservar seus negócios em meio à crise gerada no setor pela pandemia.

“A plataforma (de marketplace) pode ser no médio e longo prazos transformadora para nossa organização”, disse o presidente-executivo da Cogna, Rodrigo Galindo em apresentação online.

Segundo ele, o marketplace vai permitir expandir o mercado da Cogna no Brasil dos atuais 56 bilhões de reais para 121 bilhões em 2025.

O marketplace oferecerá produtos como cursos de ensino superior, livres, técnicos e de idiomas, além de serviços como orientação vocacional e até financeiros, disse o executivo.

Para a Mirae, o grande desafio de virada para a Kroton virá do crescimento digital. A empresa viu o Fies cair de 258 mil alunos em 2014 para 20 mil no terceiro trimestre deste ano. Sem esse programa, a companhia aposta no ensino a distância, que já somam 508 mil alunos.

“A Cogna está investindo mais em cursos à distância, privilegiando o presencial para cursos com tíquetes maiores, concentrando cada vez mais o presencial nos ‘cursos nobres’, como Engenharia, Medicina e Direito. Aguardamos um melhor desempenho a partir de 2021 para a instituição e setor”, afirmou a corretora.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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