Economia

Por que o livre mercado não é capaz de tirar os países intermediários da armadilha da renda média?

18 maio 2019, 17:10 - atualizado em 17 maio 2019, 16:36

Por Paulo Gala

Quando países chegam em níveis de renda per capita de u$10.000 até u$12.000 parece que ficam presos e não conseguem avançar pra cima dos 15.000/U$20.000. Da pra ver isso em mais de uma dúzia de países da África, da América Latina e Ásia.

A pergunta que fica é: por quê o próprio mecanismo de mercado não é capaz de fazer com que esses países continuem avançando e entrem em “convergência” como dizem os economistas? A melhor resposta que eu encontrei até hoje foi a de que as estruturas de mercados internacionais de bens e serviços produzidos por países ricos são oligopolistas e monopolistas (ver Reinert 2017, como os países ricos ficaram ricos).

Exibem altas economias de escala e escopo, curvas de aprendizagem, sunk costs e grande poder de marca. Portanto fica muito difícil para empresas de países emergentes de renda média conquistarem espaço nesses mercados. Quando olhamos a estrutura produtiva de um país de renda média percebemos que só são capazes de produzir bens e serviços pouco sofisticados e pouco complexos.

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No comércio mundial os países ricos dominam os nichos oligopolistas de bens e serviços intangíveis de altíssimo conteúdo tecnológico e valor agregado. Os países da renda média ficam tentando penetrar nesses mercados mas raramente conseguem. As empresas já estabelecidas defendem muito bem suas posições.

Essa faixa complexa de produtos e serviços exibe sempre características de concorrência imperfeita. Os produtos mudam mas alguns países/empresas conseguem sempre permanecer nesses setores. A concorrência é dinâmica aí tbem, claro. Mas depois que os ricos conseguem dominar os novos produtos high tech ficam sempre nessa fronteira sofisticada.

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