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Pré-Mercado: São muitos desafios para que não haja aversão ao risco

27 abr 2022, 8:21 - atualizado em 27 abr 2022, 8:21
Desolados sem saber o que esperar – se correr o bicho pega e se ficar o bicho come | Hana-Bi – Fogos de Artifício (1997)

Bom dia, pessoal!

Lá fora, os mercados asiáticos voltaram ao território negativo nesta quarta-feira (27), após o dia difícil de ontem em Wall Street, com os investidores enfrentando uma tempestade perfeita de crises, incluindo os problemas econômicos da China ligados à Covid, aumentos das taxas de juros nos EUA, inflação em alta no mundo todo e a chance de escalada da guerra na Ucrânia. Ao final do pregão, houve predominância de tom negativo na Ásia, ainda que alguns nomes de peso tenham conseguido se desvencilhar dessa realidade mais pessimista.

Na Europa, por sua vez, depois da queda de ontem, as principais Bolsas tentam se recuperar. O mesmo pode ser dito dos futuros americanos, que também sobem nesta manhã, apesar das novas projeções de recessão nos EUA a partir de 2023. Na terça-feira, tudo caiu, mesmo as grandes empresas de tecnologia (Apple, Alphabet, Microsoft, Amazon, Meta Platforms, Nvidia e Netflix), cujas ações foram imparáveis ​​durante a maior parte da década passada. Todas essas Big Techs caíram dois dígitos em relação às suas máximas.

A ver…

Embalados pelo clima internacional

O Ibovespa engatou ontem (26) sua sétima queda consecutiva, em sua maior sequência de quedas desde 2016, voltando para os 108 mil pontos. O movimento de aversão ao risco jogou o dólar para cima, testando o patamar de R$ 5,00 novamente, e também estressou os juros – pressionados na ponta curta pelo dólar e pela volatilidade das commodities, que podem proporcionar mais inflação em 2022.

Sobre este último tema, inclusive, vale prestar atenção hoje no fluxo cambial a ser divulgado pelo BC e na prévia da inflação oficial, o IPCA-15, esperado para vir com forte alta frente ao mês de março, às vésperas do Copom, marcado para semana que vem. A grande dúvida do mercado é se o BC ficará satisfeito com apenas mais uma alta dos juros para 12,75% ao ano ou se vai buscar patamares ainda mais elevados.

Além disso, os investidores ainda têm que se preocupar com o clima de Brasília, que hoje debate a dependência brasileira de fertilizantes produzidos no exterior, além de poder votar a Medida Provisória (MP) que instituiu o pagamento adicional para que o Auxílio Brasil chegasse a R$ 400. Enquanto isso, a temporada de resultados segue quente, com os números da Vale aguardados para a noite de hoje.

Afetado pela ansiedade com os resultados

A terça-feira (26) foi marcada por uma sessão bem ruim em Wall Street. Apenas 28 ações do S&P 500 terminaram em território positivo, com o índice caindo 2,8%. O Dow Jones Industrial Average perdeu 2,4%, já que todos os 30 componentes caíram. Contudo, as perdas foram particularmente acentuadas em tecnologia, com o Nasdaq caindo quase 4% e fechando em seu nível mais baixo desde dezembro de 2020 (o índice cai mais de 20% no acumulado do ano).

Depois do fechamento, dois titãs apresentaram seus resultados. As ações da Alphabet (dona da Google) caíram 2,7% no after hours após a divulgação de seu balanço, enquanto a Microsoft subiu 4,4%. Hoje temos mais resultados de empresas como Boeing, CME Group, Ford Motor, Kraft Heinz, Meta Platforms, PayPal Holdings, Qualcomm e T-Mobile US. Embora cerca de 80% das companhias do S&P 500 que reportaram seus números até agora tenham superado as expectativas, a queda de grandes nomes chama a atenção.

Pressão russa sobre a Europa

A Rússia cortará hoje o fornecimento de gás à Polônia e à Bulgária por se recusarem a pagar rublos pelo gás. Claro, a interrupção do fornecimento de gás tem menos impacto na primavera e a Polônia enfatizou que possui estoques para o curto e médio prazo. Ainda assim os mercados provavelmente verão isso como o início de um movimento geral mais longo e complexo no mercado de energia. 

O bloqueio energético às commodities russas não é tão trivial para todos os players internacionais, em especial na Europa, dada a alta dependência das economias europeias do gás russo. A Alemanha, por exemplo, sugeriu que um embargo de petróleo (não de gás) era administrável. O impacto econômico na Alemanha, caso esta opte por barrar o gás russo, seria catastrófico, em especial para a inflação, já alta hoje.

Anote aí!

Lá fora, na Europa, temos falas de autoridades monetárias, a começar com Christine Lagarde, a presidente do BCE, que pode reforçar o recado de alta do juro pelo BC europeu. Além disso, a confiança do consumidor alemão é digerida pelos investidores, tendo vindo mais fraca do que o esperado. Nos EUA, além dos resultados, contamos com vendas pendentes de imóveis em março e dados de estoque, que estão subindo e provavelmente subiram novamente em março. Por aqui, aguardamos o resultado da Weg, antes da abertura, e da Vale, após o fechamento do mercado. Adicionalmente, o IBGE divulga o IPCA-15 de abril, a nossa prévia da inflação oficial.

Muda o que na minha vida?

Os investidores, gestores e analistas se reuniram na noite de ontem para avaliar os números das gigantes de tecnologia, Microsoft e Alphabet (a dona do Google). Enquanto a primeira animou o mercado (ela subiu ontem no after e sobe hoje novamente no pre-market), a segunda frustrou as expectativas dos agentes e aprofundou a correção do ano (cai mais de 18% em 2022).

Quando nos debruçamos sobre os números, a Microsoft teve o mais forte dos dois relatórios, superando as expectativas de Wall Street tanto no lucro quanto no faturamento. A receita de US$ 49,4 bilhões aumentou 18% em relação ao ano anterior, enquanto o lucro líquido de US$ 16,7 bilhões cresceu 8%. Havia muito de que gostar no resultado, já que a gigante conseguiu contrariar a recente tendência de desaceleração do crescimento entre as Big Techs.

Para a Alphabet, o destaque foi a notícia de que o conselho de administração da empresa autorizou um programa de recompra de ações de US$ 70 bilhões. Os resultados para o primeiro trimestre, contudo, foram menos impressionantes. A receita de US$ 68 bilhões ficou em linha com as expectativas dos analistas (crescimento das vendas desacelerou), enquanto o lucro líquido de US$ 16,4 bilhões caiu 8% em relação ao mesmo trimestre de 2021, ficando bem abaixo das projeções. 

Os resultados dessas grandes companhias são muito importantes, pois elas compõem uma grande parte dos índices americanos, podendo responder por uma parcela relevante da performance do dia, como funciona aqui no Brasil para commodities e bancos. Teremos mais resultados de Big Tech, com Meta Platforms hoje, seguida por Amazon e Apple na quinta-feira (28). O mercado estará de olho em eventuais superações ou frustrações das estimativas.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

CIO e sócio fundador da Vitreo
Também conhecido como Jojo, George Wachsamnn é CIO e sócio fundador da Vitreo. Economista pela USP, com mestrado pela Stanford University e mais de 25 anos de experiência no mercado, passou pelo Unibanco (onde ajudou a montar a área de fundo de fundos) e anos mais tarde montou a Bawm Investments que foi mais tarde comprada pela GPS - a maior gestora de patrimônio independente do Brasil onde ele também trabalhou por anos, cuidando de fortunas. Jojo lidera a equipe de gestão e ajuda a viabilizar versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros de alto patrimônio. Ele “conversa” com todos nossos clientes semanalmente no Diário de Bordo, o update semanal da Vitreo sobre mercados e produtos.
Também conhecido como Jojo, George Wachsamnn é CIO e sócio fundador da Vitreo. Economista pela USP, com mestrado pela Stanford University e mais de 25 anos de experiência no mercado, passou pelo Unibanco (onde ajudou a montar a área de fundo de fundos) e anos mais tarde montou a Bawm Investments que foi mais tarde comprada pela GPS - a maior gestora de patrimônio independente do Brasil onde ele também trabalhou por anos, cuidando de fortunas. Jojo lidera a equipe de gestão e ajuda a viabilizar versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros de alto patrimônio. Ele “conversa” com todos nossos clientes semanalmente no Diário de Bordo, o update semanal da Vitreo sobre mercados e produtos.
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