BusinessTimes

Pré-Mercado: Semanas com reuniões de política monetária têm sempre um sabor especial

02 maio 2022, 8:18 - atualizado em 02 maio 2022, 8:18
Começando maio preparados para registrar tudo | X (2022)

Bom dia, pessoal!

A semana promete muitas emoções. Os investidores terão diversos materiais sobre os quais se debruçar, realizando todos os registros possíveis para fazer novas projeções para 2022 e 2023. Na frente macroeconômica, a reunião de dois dias do comitê de formulação de políticas monetárias do Federal Reserve estará em destaque (aqui no Brasil, também teremos o encontro do nosso BC).

Em meio à ansiedade, os mercados começam mal a semana. Na Ásia, as principais Bolsas caíram nesta segunda-feira (2), refletindo ainda a queda da última sexta-feira (29) no Ocidente, mas agora já com foco no aumento esperado da taxa de juros do Federal Reserve nesta semana. Além disso, repercutem também os dados que mostram que a atividade manufatureira chinesa encolheu no mês passado.

A recusa do governo em mudar sua política de “zero Covid” e de medidas estritas de contenção está alimentando temores sobre a segunda economia do mundo e principal motor do crescimento global. Na Europa, o humor ruim não é diferente, com realizações entre os principais nomes, diante da menor liquidez causada pelo feriado na Inglaterra. Os futuros americanos, por sua vez, sobem nesta manhã.

A ver…

Preparados para a Super Quarta?

Depois de encerrarem o pior mês desde março de 2020 (em abril de 2022, o Ibovespa caiu 10,1%), no início da pandemia, os investidores se concentram em uma semana com muito impacto de cunho monetário. Enquanto isso, ainda temos que nos preocupar com uma tempestade perfeita de crises lá fora, incluindo lockdowns na China, aumento da inflação, planos do Fed para aumentar as taxas, preços elevados do petróleo e a guerra na Ucrânia.

Nos próximos dias, teremos a Super Quarta (4), quando ocorrem ao mesmo tempo a reunião de política monetária dos EUA e a do Brasil (as duas decisões para os encontros específicos estão mais do que precificadas, a dúvida reside no futuro). Por aqui, sabe-se que o Comitê de Política Monetária (Copom) subirá a Selic em 100 pontos-base, para 12,75%. Contudo, não sabemos se o BC terminará o ciclo de aperto agora em maio ou se o estenderá pelo resto do semestre, elevando os juros em junho também.

No âmbito político, o União Brasil pode decidir se deixa a terceira via, o que fortaleceria ainda mais o segundo turno mais provável hoje entre Bolsonaro e Lula (pré-lançamento da candidatura do ex-presidente Lula está prevista para dia 7 de maio). Enquanto isso, o INSS começa a pagar hoje o 13º salário de aposentados e pensionistas, liberando mais recursos para a economia e impulsionando a atividade um pouco mais.

Quatro meses difíceis

Na última sexta-feira, nos EUA, as ações concluíram seu pior mês de abril desde 1970 (o S&P 550 caiu 8,8%, seu pior mês desde as baixas da pandemia em março de 2020, muito parecido com o que aconteceu no Brasil). O Dow Jones perdeu 4,9% no mês, também o pior abril desde 1970. O Nasdaq afundou 4,2% na sexta-feira, concluindo seu pior mês de abril desde o estouro da bolha das pontocom em 2000 e o pior mês desde outubro de 2008.

Se só o mês de abril tivesse sido ruim, tudo bem. Mas o ano de 2022 tem sido péssimo para os ativos americanos de maneira geral — com um declínio de 13,3% no acumulado do ano, o S&P 500 encerrou sua pior abertura de quatro meses desde 1939. A visão consensual atual é que o chamado “pouso suave” em termos de recessão no futuro não é mais possível. Agora, porém, a nova narrativa macro é baseada na suposição de que a inflação atingiu o pico (já está na máxima de 40 anos).

Nesta quarta-feira (4), o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) concluirá uma reunião de dois dias, quando anunciará sua nova decisão de política monetária. Os preços de mercado implicam predominantemente expectativas de um aumento da taxa de juros de meio ponto percentual, para uma faixa-alvo de 0,75% a 1%. Ainda assim, os investidores esperam pelo comunicado para saber se o Fed endurecerá ainda mais o aperto, podendo subir 75 pontos-base nas próximas reuniões. 

Temporada de resultados pegando fogo

Após os choques de lucros de Netflix (NFLX) e Amazon (AMZN), a semana apresenta mais pesos pesados ​​da tecnologia entregando seus resultados corporativos e uma boa dose de repórteres do setor de energia. Mais de 150 empresas do S&P 500 estão programadas para divulgar seus resultados dos primeiros três meses de 2022. No Brasil, vários resultados também são aguardados com ansiedade.

Lá fora, a sequência dos números começa com Devon Energy e Expedia Group nesta segunda-feira, seguida por uma terça-feira movimentada com Advanced Micro Devices, Airbnb, BP, DuPont, Marathon Petroleum, Paramount Global, Pfizer e Starbucks. Por fim, entre quarta-feira e sexta-feira teremos Booking Holdings, CVS Health, eBay, Moderna, Uber Technologies, Anheuser-Busch InBev, ConocoPhillips e Shell.

Anote aí!

Lá fora, a semana começa com feriado bancário no Reino Unido, PMI industrial final de abril da Alemanha e da Zona do Euro, índice de confiança do consumidor final de abril da Europa e dados das compras de manufatura do Institute for Supply Management para abril nos EUA.

O grande destaque fica guardado para o relatório de empregos de abril, a ser divulgado na manhã de sexta-feira (a previsão média é de um ganho de 375 mil folhas de pagamento não agrícolas). Ainda nos EUA, outros dados da semana incluem gastos com construção, pedidos de bens duráveis e balança comercial.

Por aqui, teremos IPC-S de abril e IBC-Br de fevereiro. Na Câmara, deputados tentam votar o piso nacional de enfermagem. Enquanto isso, policiais federais se reúnem para discutir nova paralisação e operação-padrão por reajuste salarial. Investidores também acompanham a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgando o seu relatório Panorama da Pequena Indústria.

Muda o que na minha vida?

Neste último final de semana, os investidores se reuniram em Omaha para a reunião anual de acionistas da Berkshire Hathaway, a primeira presencial desde 2019. Lá, eles assistiram aos gurus do mercado Warren Buffett e Charlie Munger fazerem comentários sobre o estado da economia e do mercado de ações – para os interessados, na Vitreo temos um fundo que busca reproduzir a carteira de Buffett, o WB90.

No evento, a Berkshire divulgou que comprou mais de US$ 51 bilhões em ações durante o primeiro trimestre de 2022, embora Buffett tenha descrito seu atual humor de investimento como “letárgico”, seja lá o que ele realmente queira dizer com isso.

Mais de US$ 3 bilhões disso eram suas próprias ações, mas outros grandes nomes incluíam Chevron, Apple, Bank of America e American Express (juntas, representam cerca de dois terços do valor do portfólio de US$ 388 bilhões da Berkshire).

Naturalmente, as reuniões da Berkshire são acompanhadas por milhares de investidores de todo o mundo. Com tantas quedas, não é de se surpreender que o Oráculo de Omaha tenha começado a ir às compras, mas o movimento ainda não é trivial, até mesmo porque a Berkshire ainda está sentada em uma montanha de dinheiro. Quando vermos Buffett indo às compras com mais convicção, talvez tenha um sinal mais claro de que os meses ruins podem estar mais perto do fim do que pensamos.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

CIO e sócio fundador da Vitreo
Também conhecido como Jojo, George Wachsamnn é CIO e sócio fundador da Vitreo. Economista pela USP, com mestrado pela Stanford University e mais de 25 anos de experiência no mercado, passou pelo Unibanco (onde ajudou a montar a área de fundo de fundos) e anos mais tarde montou a Bawm Investments que foi mais tarde comprada pela GPS - a maior gestora de patrimônio independente do Brasil onde ele também trabalhou por anos, cuidando de fortunas. Jojo lidera a equipe de gestão e ajuda a viabilizar versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros de alto patrimônio. Ele “conversa” com todos nossos clientes semanalmente no Diário de Bordo, o update semanal da Vitreo sobre mercados e produtos.
Também conhecido como Jojo, George Wachsamnn é CIO e sócio fundador da Vitreo. Economista pela USP, com mestrado pela Stanford University e mais de 25 anos de experiência no mercado, passou pelo Unibanco (onde ajudou a montar a área de fundo de fundos) e anos mais tarde montou a Bawm Investments que foi mais tarde comprada pela GPS - a maior gestora de patrimônio independente do Brasil onde ele também trabalhou por anos, cuidando de fortunas. Jojo lidera a equipe de gestão e ajuda a viabilizar versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros de alto patrimônio. Ele “conversa” com todos nossos clientes semanalmente no Diário de Bordo, o update semanal da Vitreo sobre mercados e produtos.