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Problemas técnicos em corretoras cripto podem provocar a ira de reguladores

13 set 2021, 8:46 - atualizado em 13 set 2021, 8:46
A natureza ininterrupta do mercado cripto dificulta a solução de problemas em comparação aos mercados acionários, onde corretoras podem resolver tais problemas após o fechamento de mercado (Imagem: Freepik/vectorjuice)

A essa altura, negociadores já estão preparados para quando o preço das criptomoedas dispara, pois corretoras lucram quando muitos usuários recorrem à sua plataforma.

Não é um problema novo, e sim algo que, há anos, assola plataformas de corretoras, como BitMEXCoinbase.

IamNomad, uma voz ativa do “Crypto Twitter” e ex-formador de mercado, destacou alguns problemas específicos que evitam que pessoas acessem corretoras cripto durante a movimentação na última terça-feira (7), incluindo dados de mercado atrasados e ordens rejeitadas.

Algumas plataformas, como BlockFi, ficaram completamente fora do ar.

Na verdade, essas interrupções tiveram um grande papel na queda de mercado, segundo Aya Kantorovich, diretora-executiva do FalconX, que afirmou que as pessoas não conseguem acessar suas contas à vista para aumentar suas posições em corretoras de derivativos a fim de evitarem liquidações.

“Isso piora a cascata das liquidações”, afirmou Kantorovich.

Amplo escopo

É importante lembrar que cripto não é o único setor que sofre com interrupções quando os mercados estão passando por oscilações significativas.

Corretoras, desde a Robinhood (HOOD) à TD Ameritrade, passaram por problemas ao tentar manter suas plataformas funcionando em momentos de volatilidade na era da pandemia.

Ainda assim, é raro que plataformas, como a da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) ou Nasdaq, passem por esses problemas.

Uma fonte anônima da Coinbase (COIN) disse ao The Block que a corretora expandiu sua capacidade em mais de dez vezes, sendo capaz de lidar com volumes diários na casa das dezenas de bilhões.

Nos próximos meses, a corretora vai continuar implementando melhorias. A fonte disse que o modelo de corretoras criptos também é parte do problema.

“Acredito que a migração para o modelo de corretagem que seja focado no cliente e agnóstico à liquidez pode nos afastar do problema”, disse a fonte.

São necessárias mais fontes de liquidez para corretoras, como a Coinbase. Agregadores, como CoinRoutes e FalconX, que dependem de fontes externas de liquidez, não tiveram problemas.

“CoinRoutes não passou por interrupções hoje e nossos clientes conseguiram negociar por conta das diversas plataformas disponíveis”, afirmou o CEO Dave Weisberger.

A Coinbase não é a única corretora que está implementando melhorias.

A BitMEX, anteriormente a maior plataforma de contratos futuros do mercado cripto, que passou por uma queda na participação de mercado desde o início deste ano, afirmou ao The Block que não passou por “sobrecarga alguma” na terça-feira.

Um porta-voz disse que a corretora aumentou a taxa de processamento e implementou melhorias ao sistema que distribui dados de mercado:

Clientes recebem atualizações de dados de mercado o mais rápido possível e sem atrasos no crescente fluxo da taxa de processamento de ordens.

Nas próximas semanas, iremos apresentar mais melhorias de desempenho nessa parte, dando aos clientes atualizações de dados de mercado com ainda menos latência.

É importante destacar que a natureza ininterrupta do mercado cripto (disponível por 24 horas por dia, sete dias por semana) dificulta a solução de problemas em comparação aos mercados acionários, onde corretoras podem resolver tais problemas após o fechamento de mercado, de acordo com Brett Harrison, CEO da FTX.US.

“Entre 17h e 10h, você pode implementar novas mudanças”, disse ele, se referindo ao universo das ações.

Consequências regulatórias

Apesar das iniciativas de melhoria, problemas recentes podem ser um motivo para que reguladores queiram supervisionar ainda mais plataformas cripto, segundo Hunter Merghart, ex-executivo das corretoras Bitstamp e Coinbase:

É uma abordagem bem fácil, na qual reguladores podem ficar de olho o dia inteiro e, agora que a atenção está totalmente nesse setor, é algo que mancha a reputação da indústria.

Tyler Gellasch, ex-advogado da Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio dos EUA (SEC), concorda. Agora, Gellasch é diretor-executivo do grupo de investidores Healthy Markets Association. E

m entrevista por telefone ao The Block, Gellasch disse que, “sem dúvidas, reguladores federais estarão preocupados com o prejuízo financeiro”.

A análise da infraestrutura de corretoras cripto possui paralelos históricos, segundo ele.

Em meados dos anos 2000, após uma série de falhas em empresas de corretagem e de negociação, a SEC implementou a “Regulação de Compliance e Integridade de Sistemas” — do inglês “Regulation Systems Compliance and Integrity” (SCI) —, visando fortalecer infraestruturas de negociação por meio de mandatos regulatórios.

Segundo Gellasch:

A SEC tomou uma abordagem de “falhas tecnológicas não podem derrubar nossos mercados”. Precisamos que nossos mercados tenham integridade e estabilidade.

Investidores precisam conseguir negociar, principalmente em épocas de volatilidade. Garantir que a infraestrutura de mercado não ceda e prejudique investidores é uma grande prioridade regulatória nos mercados de valores mobiliários e de derivativos.

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