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Quanto vale a ação da Oi? Esqueça os analistas e escute os advogados

14 abr 2021, 16:36 - atualizado em 14 abr 2021, 16:36
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Novo suspense: preço justo da ação da Oi passa pela definição de contrato com a Globonet, controlada pelo BTG Pactual (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

Uma nova charada envolve a Oi (OIBR3). Trata-se de determinar o valor justo das ações, agora que a operadora aceitou a proposta do BTG Pactual (BPAC11) para vender uma parte da empresa de fibra óptica por um valor de empresa (ativos mais dívidas) de R$ 20 bilhões.

A dificuldade em encontrar um novo preço-alvo para os papéis é admitida por ninguém menos que os próprios analistas da área de research do BTG. Carlos Sequeira, Osni Carfi e Ricardo Cavalieri, que assinam o relatório do banco, explicam que um ponto crucial para definir o valor da Oi ainda está em aberto.

O trio se refere ao que acontecerá com o contrato que permite à Oi utilizar os cabos submersos de fibra óptica que pertencem à Globenet. O contrato é do tipo “take or pay”, isto é, mesmo que a Oi não utilize toda a capacidade contratada, precisa pagar o valor combinado à Globenet.

O primeiro complicador é que a Globenet já pertence ao BTG Pactual e é avaliada em R$ 1,5 bilhão. O segundo é que o banco vai incorporar a Globenet à InfraCo, a empresa de fibra óptica da Oi.

Com o acréscimo desse ativo, mais o aporte de recursos na InfraCo e a compra de uma fatia da empresa, paga diretamente à Oi, no fim da transação o BTG terá 58% do capital da companhia de fibras, e a Oi, os demais 42%.

A Oi vai pagar?

Mas nada disso resolve a questão do contrato da Globenet com a Oi. Os analistas do BTG levantaram três cenários. No primeiro, o contrato seria simplesmente rescindido, e a Oi não precisaria pagar mais nada pelo uso dos cabos. Para a equipe de research do BTG, este é o cenário mais improvável. De qualquer modo, isso colocaria o preço-alvo da Oi em R$ 2,90 por papel.

No cenário intermediário, com o contrato renegociado e parcelas menores a serem pagas pela Oi nos primeiros anos da nova repactuação, Sequeira, Carfi e Cavalieri estimam que o preço-alvo da operadora caia para R$ 2,60.

Novo parceiro: BTG Pactual ficará com 58% da InfraCo, mas traz ativo complicado para o negócio (Imagem: BTG Pactual/Divulgação)

No pior cenário, o contrato é mantido tal como está e a Oi assume a obrigação de pagar à InfraCo pelo uso dos cabos submarinos. Os analistas acreditam que este não deve ser um desfecho provável, mas, se ocorrer, a ação da Oi passaria a valer R$ 2,30.

Linhas cruzadas

“O tamanho da responsabilidade da Oi com a Globenet sob o novo acordo é crucial para determinar o preço-alvo de soma das partes”, afirma o trio de research do BTG, referindo-se à metodologia adotada para calcular o valor das ações da operadora.

“Para complicar um pouco mais a situação, a Oi usa o cabo em suas operações e as despesas do contrato fluem para seus resultados”, acrescentam os analistas. “Em outras palavras, o contrato não pode ser considerado 100% um passivo, acreditamos. Com o novo acordo, não está claro para nós como dividir o contrato entre despesas operacionais e passivos.”

Resta, então, aguardar a solução que advogados e executivos encontrarão para a questão. Até lá, o BTG Pactual reiterou a recomendação de compra das ações, com preço-alvo de R$ 3,10.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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