Economia

Queda na inflação veio de vitórias fáceis e só subir juros não resolve o problema, diz ‘banco central dos BCs’

26 jun 2023, 16:50 - atualizado em 26 jun 2023, 16:50
Banco Central juros inflação
Equação entre impostos mais altos e gastos menores podem conter os riscos de instabilidade financeira, diz BIS (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Subir juros, sozinho, não será suficiente para baixar a inflação nas diversas economias do mundo. O duro diagnóstico partiu do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), entidade que atua como ‘banco central dos bancos centrais’.

Em relatório divulgado ontem, o BIS nota que o processo inflacionário que começou em 2021 dá sinais de arrefecimento. Mas, em vários países do mundo, a inflação permanece consideravelmente fora dos alvos monetários.

“Até aqui, muito do progresso no controle da inflação veio de vitórias fáceis, como queda do preço de commodities e normalização dos gargalos da cadeia de produção”. Agora, diz o documento, o último trecho da jornada no controle da inflação será mais difícil.

Embora reconheça o compromisso dos BCs para conter o avanço dos preços, o que se constata inclusive pela ação sincronizada das autarquias em diversas partes do mundo, o BIS defende que a alta dos juros — sem considerar outras medidas — não trará os resultados desejados.

Ao invés das políticas de estímulo monetário e fiscal, que definiram o cenário macroeconômico na última década, cabe aos formuladores de política discutir reformas do lado da oferta e demanda.

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Mais impostos e menos gastos daqui em diante

Em outro ponto com destaque, o relatório anual do BIS defende uma agenda de recomposição do caixa dos Estados, diante dos juros mais altos.

Usando o caso do Reino Unido como exemplo, uma economia que passa pelo risco de uma recessão iminente, o BIS entende que a equação entre impostos mais altos e gastos menores podem conter os riscos de uma instabilidade financeira.

Se bem-sucedida, essa fórmula poderia poupar a necessidade de novas altas de juros, mitigando a chance de que eventos de estresse financeiro, como os vistos durante o mês de março deste ano, voltem a ocorrer.

Os britânicos, junto aos noruegueses, decidiram por um novo aumento da taxa de juros ainda na semana passada.

Contra o relógio: inflação persistente é devastadora

O chefe da unidade monetária e econômica do BIS, Claudio Borio, acrescentou que existe o risco de uma “psicologia inflacionária” estar se estabelecendo, a despeito dos esforços dos BCs desenvolvidos.

Segundo o BIS, quanto mais tempo a inflação permanecer elevada, mais forte e prolongado será o aperto monetário. Esse cenário propicia o caminho para uma série de desventuras econômicas, como falência de bancos, rebaixamento de notas de investimento de Estados soberanos, desemprego em massa, entre outros.

Se as taxas de juros chegarem aos níveis de meados da década de 1990, o ônus geral do serviço da dívida para as principais economias será o mais alto da história, alertou o economista.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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