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Recessão nos EUA: 5 razões para você não entrar em pânico (e investir bem)

28 jul 2022, 17:21 - atualizado em 28 jul 2022, 17:21
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Muita calma: recessão nos EUA deve ser mais fraca que as anteriores, e investidores têm boas opções para ganhar dinheiro (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

A queda anualizada de 0,9% do PIB dos Estados Unidos no segundo trimestre, segundo a prévia divulgada nesta quinta-feira (28), indica que a maior economia do mundo está em recessão técnica. Mas, embora soe preocupante, há razões para crer que ela não será o fim do mundo – e os investidores poderão se proteger bem.

“Entramos numa recessão com todos os agentes econômicos muitos saudáveis”, afirma Flora Meirelles, vice-presidente sênior e gestora de contas da Pimco, uma das maiores gestoras de investimento em renda fixa do mundo.

Além disso, por mais traumatizados que estejamos com as duas últimas recessões globais, iniciadas em 2008 e em 2020, episódios de contração econômica tendem a passar rapidamente. “Na média, as recessões não são longas”, diz Dyana Oliveira, líder de relacionamento com clientes da JPMorgan Asset Management.

Ela observa que, nos Estados Unidos, ciclos de recessão duram, em média, 14 meses, enquanto os períodos de crescimento econômico se estendem por 47 meses. “A recessão será mais curta e mais leve”, diz.

Flora Meirelles e Dyana Oliveira participaram do painel de conjuntura global da Semana da Previdência promovida pela Vitreo. A conversa foi mediada pela analista de renda fixa da Empiricus Research, Laís Costa.

Recessão nos EUA: motivos para respirar aliviado

Para Meirelles, cinco fatores tornarão a recessão que se aproxima menos grave. O primeiro é que o custo das dívidas das empresas está “muito baixo” atualmente. Isto, porque as corporações aproveitaram as baixas taxas de juros ofertadas desde 2008, e reforçadas com a pandemia de Covid-19, a partir de 2020, para captar dinheiro muito barato.

Assim, mesmo que as receitas caiam, devido à retração econômica, “as empresas vão passar mais fácil pela recessão”, diz a vice-presidente da Pimco. Se a recessão for curta, como se espera, o caminho será ainda mais tranquilo.

O segundo fator é o baixo nível de endividamento das famílias americanas – uma diferença marcante em relação à recessão de 2008. Naquele ano, as famílias acumulavam dívidas com hipotecas e crédito para consumo, e a rápida perda de renda e de crédito caiu como uma bomba sobre os bancos.

“Depois da crise de 2008, as famílias não voltaram se alavancar e estão com dívidas baixas e baratas”, compara Meirelles. “Por isso, se alguém da família perder o emprego nesta recessão, não haverá muito problema.”

O mercado imobiliário americano, pivô da crise de 14 anos atrás, também está mais sólido – e este é o terceiro fator. A vice-presidente da Pimco observa que o setor, atualmente, vive um “desequilíbrio entre oferta e demanda, com muita demanda para a oferta, o que suporta o preço dos imóveis.”

A combinação de baixo endividamento das empresas e das famílias com a sustentação dos preços dos imóveis favorece os bancos, que viveram um verdadeiro inferno de falências e crise de confiança em 2008. Mas, mesmo que algum deles caia na tentação de ressuscitar os tais “derivativos de destruição em massa” que vaporizaram a economia global naquele ano, os órgãos reguladores estarão mais atentos.

“Os bancos foram muito regulamentados depois de 2008”, diz Meirelles. “Eles tiveram que aumentar muito o nível de capital. Não tem nenhum motivo para acreditar que uma faísca criará uma crise sistêmica no mercado.”

Por último, a própria qualidade dos tomadores de crédito melhorou depois das duas últimas recessões americanas – e este é o quinto fator que tranquiliza a Pimco. Muitas pequenas empresas perderam acesso ao mercado de crédito.

Assista ao painel sobre economia global da Semana da Previdência da Vitreo.

Além disso, companhias bem estruturadas caíram do grau de investimento para a faixa do high yield (aquela em que o risco de crédito é maior, mas o retorno dos investidores também). Como, na média, elas são melhores que as pequenas empresas que povoavam o high yield nas últimas crises, o mercado de crédito como um todo saiu fortalecido.

“Em 2007, o default do segmento high yield foi de 7%; em 2008, disparou para dois dígitos”, lembra Meirelles. “Agora, deve ficar em 5%.”

Onde investir na recessão americana?

Mas quais são as oportunidades que os investidores pessoa física podem encontrar neste cenário? Para Oliveira, do JPMorgan Asset Management, uma coisa é certa: não é hora de tentar adivinhar o que vai acontecer. Tentar antecipar movimentos do mercado (estratégia conhecida como market timing), em um momento de tanta incerteza, é contraindicado para quem não é profissional.

“Fazer market timing não é a estratégia mais inteligente”, diz Oliveira. “Para viver os melhores dias do mercado, temos que enfrentar os piores”, acrescenta. A executiva do JPMorgan explica que tem recomendado “portfólios mais defensivos, conservadores na Bolsa, com foco em setores como o de healthcare”.

Oliveira explica que agora é hora de peneirar as ações que comporão seu portfólio com o máximo de cuidado. “A palavra do momento é seletividade”, resume. “É preciso escolher empresas de qualidade para a carteira”.

E, se essa seleção estiver muito complicada, é melhor pedir ajuda para quem passa o dia mergulhado no mercado, aconselha Meirelles, da Pimco. “Não dá para fazer market-timing, mas também não podemos perder boas oportunidades. E a melhor forma disso é entregar a gestão do patrimônio para gestores profissionais”, diz.

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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