Salário Mínimo

Resistência de Roberto Jefferson foi ‘cortina de fumaça’ para Paulo Guedes?

24 out 2022, 16:51 - atualizado em 24 out 2022, 16:51
Ex-deputado feriu dois agentes da Polícia Federal. (Valter Campanato/Arquivo/Agência Brasil)

Ontem, o ex-deputado Roberto Jefferson foi preso, mas não sem antes atrair muita atenção ao resistir à prisão e atacar a Polícia Federal com tiros de fuzil e granadas – dois agentes chegaram a ficar feridos durante a operação.

Logo que a confusão começou, surgiram também teses de que o caso não foi aleatório. E sim uma cortina de fumaça criada para encobrir a notícia que dominou a campanha eleitoral no final da semana passada: de que o governo queria desindexar o salário mínimo.

Na quarta-feira (19), a Folha de S. Paulo publicou que o ministro Paulo Guedes teria o plano de desindexação do salário mínimo e dos benefícios previdenciários, com isso, os reajustes ficariam abaixo da inflação.

Isso virou munição nas mãos da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Jair Bolsonaro (PL). Guedes chegou a desmentir, mas o assunto já estava ganhando força nas redes sociais.

Busca de votos

A campanha para o segundo turno de Bolsonaro foi marcada pela busca de votos dos eleitores mais pobres. Tanto que o atual presidente anunciou benefícios sociais ao longo das últimas semanas e fez promessas envolvendo o Auxílio Brasil do ano que vem.

Entre criação de novos projetos, reformulação, adiantamentos e promessas para 2023, o governo deve mobilizar, pelo menos, R$ 178 bilhões dos cofres públicos.

Uma medida que impacta o reajuste dos salários mínimos, aposentadorias e benefícios sociais poderia colocar todo o trabalho da campanha bolsonarista por água abaixo. Tanto que Guedes chamou a proposta de “fake news” poucas horas depois.

“Guedes voltou a afirmar que o salário mínimo e os benefícios de aposentados terão reajustes acima da inflação, caso o presidente Bolsonaro seja reeleito”, destacou Rafael Passos, analista da Ajax Capital.

Cortina de fumaça

Na sexta-feira (21), um vídeo de Roberto Jefferson atacando e xingando a ministra do Superior Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia foi divulgado. Com isso, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, decretou a revogação da prisão domiciliar do ex-deputado.

Jefferson violou as condições de sua prisão, como utilizar redes sociais, passar orientações a dirigentes do PTB, receber visitas e conceder entrevistas. Tem quem acredite que toda a situação foi usada com o intuito de apagar a repercussão negativa do projeto de Guedes, mas que saiu do controle.

No entanto, o jornalista Ricardo Noblat publicou em sua coluna do Metrópoles que isso é um equívoco. “É um erro tratar esse atentado, não tem outro nome, de Jefferson contra agentes de segurança como cortina de fumaça ou o que valha”.

Outra tese que está sendo analisada é de que essa era uma tática de vitimização do bolsonarismo, de que o STF estaria censurando os apoiadores do presidente. Isso geraria mais intriga entre o executivo e o judiciário.

O que os analistas acreditam é que o evento deverá ser utilizado pela campanha de Lula, considerando que Jefferson é um apoiador de Bolsonaro.

“O caso em si já é chocante, mas há 6 dias da eleição, a política amplificou o problema. Com a ‘proximidade’ entre Roberto Jefferson e Bolsonaro, a oposição explorará intensamente o evento, seja pela relação ou pela ideologia, inclusive no que toca porte de armas”, aponta Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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