Invasão da Ucrânia

Rússia x Ucrânia: Bolsonaro diz que Brasil ficará neutro e não vê sanções acontecendo

27 fev 2022, 20:11 - atualizado em 27 fev 2022, 22:55
Jair Bolsonaro e Putin
(Imagem: Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin via Reuters)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste domingo (27) “o Brasil irá adotar um posicionamento neutro, pois não quer trazer as consequências do embate para o país”.

Em relação ao cerco do exército russo à Kiev, Bolsonaro definiu a situação como “um exagero falar em massacre”.

As declarações foram dadas durante uma entrevista coletiva de imprensa no Forte dos Andradas, em Guarujá, no litoral de São Paulo, onde o presidente e sua comitiva estão hospedados para passar o feriado de Carnaval.

“Eu entendo que não há interesse por parte do líder russo de praticar um massacre. Ele está se empenhando em duas regiões do Sul da Ucrânia que, em referendo, mais de 90% da população quis se tornar independente, se aproximando da Rússia. Uma decisão minha pode trazer sérios prejuízos para o Brasil”, disse.

Mais cedo, os sites brasileiros, inclusive o Money Times, afirmaram que Putin e Bolsonaro haviam conversado no domingo (27).

A ligação, entretanto, não aconteceu.

Segundo a Presidência da República, “Bolsonaro se referia à conversa que teve com Putin quando viajou à Rússia, em 16 de fevereiro”, quando falou a frase abaixo:

“Estive falando há pouco com o presidente Putin, tratamos dos fertilizantes, do nosso comércio, ficamos duas horas ao telefone. Ele falou da Ucrânia, mas me reservo a não entrar em detalhes da forma como vocês gostariam”, continuou Bolsonaro.

Apesar disso, durante a entrevista no domingo, Bolsonaro afirmou que, em relação ao voto na Organização das Nações Unidas (ONU), “não tem nenhuma sanção ou condenação ao presidente Putin”.

“O voto do Brasil não está definido e não está atrelado a qualquer potência. Nosso voto é livre e vai ser dado nessa direção […]. A nossa posição com o ministro Carlos França é de equilíbrio. E nós não podemos interferir. Nós queremos a paz, mas não podemos trazer consequências para cá”, defendeu o posicionamento.

Bolsonaro continuou a responder as perguntas, afirmando que “o povo ucraniano confiou em um comediante”, sem citar, diretamente, a qual país atribui a culpa para os ataques recentes.

“O comediante que foi eleito presidente da Ucrânia, o povo confiou em um comediante para traçar o destino da nação. Eu vou esperar o relatório da ONU para emitir a minha opinião”, afirmou.

Para ele, faz sentido que, no momento, o posicionamento do Brasil seja neutro.

“O mundo se preocupa com isso. Um conflito, ainda mais para a área nuclear, o mundo todo vai sofrer com isso aí. Então isso não interessa pra ninguém, seria um suicídio. Agora, nós devemos entender o que está acontecendo, no meu entender, nós não vamos tomar partido, nós vamos continuar pela neutralidade e ajudar no que for possível em busca da solução”, disse.

Bolsonaro havia tentado se desenvencilhar de qualquer comentário em relação ao conflito nos últimos dias.

No dia da invasão, na quinta-feira (24), o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que “o Brasil não concorda com a invasão da Ucrânia”.

“O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano. Isso é uma realidade”, disse Mourão na chegada ao Palácio do Planalto.

Em nota, o Itamaraty afirmou que “o Governo brasileiro acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia”.

Já Bolsonaro, no dia, se limitou a fazer uma série de tuites sobre o retorno de brasileiros que estão em regiões ucranianas ao país.

Na quinta, ele disse que “está totalmente empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia”.

Bolsonaro também afirmou que “caso [os brasileiros] necessitem de auxílio para deixar a Ucrânia, devem seguir as orientações do serviço consular da Embaixada”.

Entenda o conflito Rússia e Ucrânia

O conflito entre russos e ucranianos não é nada novo em termos históricos.

Até 1991, a Ucrânia fazia parte da União Soviética, quando teve sua independência declarada. Com o colapso da URSS, a união do país foi algo difícil de ser feito, principalmente entre as regiões leste e oeste.

A Ucrânia, então, era o terceiro país com maior poderio de armas atômicas no mundo.

Os EUA e a Rússia trabalharam em conjunto com o país para desnuclearizá-lo, e os ucranianos deram suas armas nucleares para a Rússia em troca de um acordo que prometia a segurança de seus territórios de futuros ataques e invasões russos.

A transição para o capitalismo e para a democracia foi caótica, em especial no leste – o que pode ajudar a explicar a existência de territórios separatistas como os reconhecidos por Putin.

Em 2014, a Crimeia foi ocupada e anexada pela Rússia, logo após uma onda de separatismo que marcou as regiões ao leste da Ucrânia. Com a morte do presidente ucraniano que, à época, era favorável aos russos, houve uma invasão. E a relação entre os dois países nunca mais foi a mesma.

A crise deste ano, no entanto, começou com a possível entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que inclui países como Bélgica, França, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos.

Para Putin, a Ucrânia não deve se tornar membro da aliança militar, permanecendo como “um Estado-tampão e neutro”. Entre uma série de exigências, o presidente russo pediu que a Otan interrompesse sua expansão para o leste, retrocedendo o envio de tropas em países que se juntaram após o ano de 1997.

Os países-membros da Organização, então, negaram as exigências de Putin e, apesar de os EUA (e a Rússia) saberem que a Ucrânia não vai entrar tão cedo para a aliança, para Putin a menção de uma provável entrada é uma ameaça à segurança de seu país.

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Jornalista formada pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) e editora do Money Times, já passou por redações como Exame, CNN Brasil Business, VOCÊ S/A e VOCÊ RH. Já trabalhou como social media e homeira e cobriu temas como tecnologia, ciência, negócios, finanças e mercados, atuando tanto na mídia digital quanto na impressa.
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Jornalista formada pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) e editora do Money Times, já passou por redações como Exame, CNN Brasil Business, VOCÊ S/A e VOCÊ RH. Já trabalhou como social media e homeira e cobriu temas como tecnologia, ciência, negócios, finanças e mercados, atuando tanto na mídia digital quanto na impressa.
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