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Samarco busca atalho para retomar operações em 2020

04 out 2019, 10:48 - atualizado em 04 out 2019, 10:50
Mineração Vale Minério de Ferro
Produtora de minério de ferro tenta garantir o reinício de algumas operações antes de 2021 (Imagem: Reuters)

A Samarco Mineração, produtora de minério de ferro desativada há quatro anos após o desastre de Mariana, busca um atalho burocrático na tentativa de garantir o reinício de algumas operações antes de 2021, segundo pessoas com conhecimento do plano.

A Samarco, joint venture entre a  Vale (VALE3) e a BHP, aguardava a anuência do Ibama para reiniciar as operações em um setor da Mata Atlântica. Seguindo orientação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Minas Gerais, a Samarco realizou ajustes no projeto, dentro do processo que tramita na secretaria.

A empresa solicitou a retirada da área de Mata Atlântica, que teria a necessidade de anuência do Ibama para supressão de vegetação.

Agora, a mineradora vai trabalhar com reguladores estaduais para obter licenças ambientais em operações autorizadas pelo governo de Minas Gerais já no final de outubro, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas porque o plano é confidencial.

A Semad vai enviar uma nova proposta ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) para garantir a aprovação de sua solicitação do chamado licenciamento operacional corretivo. O conselho ambiental analisará o pedido em uma primeira reunião programada para 11 de outubro.

A decisão final pode sair na reunião do Copam em 25 de outubro. Se o conselho conceder a licença, a Samarco planeja elaborar uma proposta abrangente para reiniciar as operações, potencialmente no segundo semestre de 2020, que será submetida à aprovação dos acionistas.

A assessoria de imprensa da Samarco não quis comentar. A Semad confirmou que a mineradora tem planos de trabalhar no âmbito do estado de Minas Gerais com o Copam, em vez do Ibama, em nível federal. O Ibama e o Ministério do Meio Ambiente não responderam a e-mails e telefonemas em busca de comentários.

A Samarco, cujas operações estão suspensas desde 2015 depois do rompimento da barragem em Mariana, tinha expectativa de obter as licenças ambientais em setembro.

A empresa tem US$ 2,9 bilhões em dívidas inadimplentes, e os credores esperam retomar as negociações para a reestruturação adiadas em janeiro, quando a Vale foi atingida por um desastre ainda pior em Brumadinho.

Os US$ 2,2 bilhões em debêntures inadimplentes da Samarco com vencimento entre 2022 e 2024, que estão em default há quase quatro anos, eram negociados recentemente na faixa de 74 a 75 centavos de dólar, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Embora o processo de licenciamento pareça estar acelerando um pouco, ainda há a grande questão de que a produção dificilmente aumentará tão rapidamente quanto se acreditava”, disse Roger Horn, estrategista sênior de mercados emergentes da SMBC Nikko Securities America, em Nova York.

“Portanto, é improvável que haja fluxo de caixa livre para oferecer algo aos investidores pelo serviço da dívida por vários anos.”

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