Internacional

Setor de turismo na Europa enfrenta outro ano de incertezas

15 fev 2021, 14:04 - atualizado em 12 fev 2021, 15:20
Itália Europa Turismo
A expectativa é que seja melhor do que 2020, mas é um nível baixo para atingir (Imagem: Reuters/Fabrizio Bensch)

Em todos os pontos turísticos do sul da Europa, tudo o que o setor pode fazer é se preparar e manter a esperança.

As vacinas contra o coronavírus estão sendo aplicadas, mas vai demorar meses antes que a imunização permita às pessoas viajarem de avião, embarcarem em cruzeiros ou se divertirem em bares lotados ao longo da praia.

Com isso, as empresas estão praticamente no escuro sobre a temporada de verão deste ano.

A expectativa é que seja melhor do que 2020, mas é um nível baixo para atingir. Na ilha grega de Santorini, apenas três navios de cruzeiro chegaram no ano passado, em comparação com quase 600 em 2019.

Dados da Comissão Europeia divulgados na quinta-feira mostraram que as diárias de não residentes durante as férias na Itália, Espanha e Grécia caíram pelo menos 70% em 2020, e a comissão alertou o setor para se preparar para outro ano de calmaria.

“Os fluxos do turismo em geral não devem se recuperar totalmente para os níveis anteriores à crise em 2021”, disse a comissão. Na Itália, o turismo não conseguirá acompanhar a recuperação econômica mais ampla, já que visitantes “só retornam gradualmente com a redução da incerteza”.

Para quem está no setor, isso já é aparente menos neste começo de ano. Paolo Manca, que comanda a rede Felix Hotels na Sardenha, diz que normalmente as reservas de verão estariam 30% completas nesta época em meio ao cansaço das pessoas das longas noites de inverno. No entanto, os livros estão quase vazios.

É uma situação difícil para os proprietários, que ainda precisam cobrir custos de manutenção e aluguel sem garantia de renda.

“Precisamos estar prontos sem saber se poderemos abrir”, disse Manolis Karamolegos, proprietário do Meltemi Hotels and Resorts em Santorini e presidente da associação de hoteleiros local. “Não podemos deixar os preparativos para o último minuto.”

O turismo é fundamental para muitos países ao longo do sul da Europa e responde por 21% da economia na Grécia e 17% em Portugal. Muitas vezes, é o principal empregador em regiões onde outros setores estão ausentes, proporcionando uma renda essencial para famílias e apoio às economias locais.

As perspectivas devem melhorar à medida que as vacinações avançarem, pois a demanda reprimida deve se traduzir em mais reservas de férias espontâneas. Mas variantes do coronavírus resistentes às vacinas no continente podem acabar com a festa.

Mesmo se houver aumento das reservas de última hora, os benefícios não serão sentidos uniformemente. A Comissão Europeia afirma que vai dar preferência a destinos locais ou a uma curta distância de carro como para a Grécia e Portugal.

Mas, em meio à lenta – e polêmica – campanha de vacinação da União Europeia, os governos buscam qualquer oportunidade de ajudar o turismo.

A Grécia quer que a União Europeia crie um certificado para que os vacinados possam viajar livremente. Já fechou um acordo com Israel, que é o país com o ritmo mais rápido de vacinação, segundo o rastreador de vacinas da Bloomberg.

Alguns hotéis no sul da Europa observam demanda doméstica mais forte, o que compensará parte, mas não toda, a redução das receitas. Em Portugal, o diretor-presidente do Pestana Hotel, José Theotonio, disse que, em janeiro, os quartos foram reservados por residentes, já que o constante temor de proibições de viagens e quarentenas afastou visitantes estrangeiros.

Embora as vacinas devam acabar com essas medidas rigorosas, ainda não está claro quando. E os governos muitas vezes têm sido erráticos ao introduzirem restrições, causando apreensão em empresas e seus possíveis clientes.

“Precisamos de indicações precisas do governo, em termos de diretrizes de segurança, protocolos, para planejar com antecedência”, disse o hoteleiro Manca, que também é presidente da associação de hoteleiros Federalberghi Sardegna. “Para o turismo, a falta de clareza é tão prejudicial quanto a própria Covid.”

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